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Tirando o que está ruim, está tudo bem

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 09/11/2009

5 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - 2 a 6 de novembro de 2009

Os índices de produção de manufaturados na Europa, Ásia e Estados Unidos divulgados esta semana vieram melhores do que esperado, sendo que o último está no patamar mais alto em três anos e meio. As taxas de juros americanas, da região do euro e britânica foram mantidas em mínimas históricas pelos bancos centrais correspondentes, com sinalizações de que a compra de títulos que tem injetado mais dinheiro nas economias possa começar a diminuir.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos está em 10.2% com a perda de 190 mil postos de trabalho em outubro, acumulando o total de 7.3 milhões de dispensas desde o começo da recessão. A média de tempo que as pessoas por aqui estão demorando para achar um novo trabalho está em 26.9 semanas, acima dos 26.2 semanas anteriores. Ao mesmo tempo a produtividade dos que mantiveram seu trabalho tem aumentado e os custos da mão-de-obra caíram - ou seja há alguma recuperação econômica, porém não-inflacionária, com aumento de desemprego, diminuição de crédito cedido e consumo retraído - nada tão animador.

As bolsas de ações fecharam a semana no território positivo, assim como o ouro bateu novas altas históricas. Vários bancos tem mantido um volume de dinheiro em caixa elevado, como proteção de uma nova retração - também conhecido como duplo-mergulho. Se está tudo tão maravilhoso assim, porque os bancos não estão confiando na economia e emprestando mais? E porque comprar ouro se está tudo mais "tranquilo"?

As commodities continuam em destaque para os investidores com os aportes acumulados neste ano atingindo 50 bilhões de dólares, o triplo de 2008, muito embora o volume tem diminuído a cada trimestre de 2009. Segundo o banco Barclays, o total de dinheiro gerenciado que existe investido nas commodities somava 235 bilhões no final de outubro, não tão distante do recorde de 270 bilhões que havia em julho de 2008.

Importante notar é o que comentei neste espaço há umas duas ou três semanas, "o retorno dos fundos que investem em commodities passivamente - incluindo as ETFs". Estes ficam apenas comprados no mercado, normalmente no primeiro mês e quando se aproxima o vencimento do contrato rolam para o mês seguinte.

Dissemos aqui que fazia pouco sentido a estratégia, dado o custo da rolagem nos mercados que tem estrutura normal (ou o famigerado "contango" como se fala por aqui). Pois bem, o petróleo no ano subiu 79%, o gás-natural caiu 16% e o índice das commodities chamado Goldman Sachs Commodity Index, que é do S&P, subiu 61%. Porém as ETFs que seguem estes três tiveram as seguintes performances sequencialmente: +24%, -58% e +12%. Se olharmos apenas para o índice S&P-GSCI notaremos que de 2005 até hoje ele teve uma valorização de 60%, porém se incluirmos os custos das rolagens o índice na verdade perdeu 15%.

Entendeu? O custo de rolar de um mês para o outro comeu a maior parte dos ganhos ou piorou a perda. Mas mesmo assim este tipo de fundo tem recebido mais dinheiro como o relatório dos participantes do mercado (o COT) tem mostrado. Até quando não sabemos, mas em algum momento o pessoal vai cansar de deixar na mesa tanto dinheiro, que por sinal financia os produtores e os exportadores que carregam café nos armazéns e que usam o contrato futuro como hedge, já que estes ficam com o dinheiro que os fundos tem pago do carrego.

O café está chato, oscilando diariamente em cima destas coisas, já que nada muda no fundamento. A semana se encerrou com ganhos de US$ 4.50 por saca em Nova Iorque, US$ 3.75 em São Paulo e US$ 0.48 por saca em Londres. O destaque foi de fundos comprando e a origens vendendo. Os torradores, para não baixarem ainda mais o seu nível de cobertura no flat-price (futuros), apareceram comprando um pouco também e ajudaram a dar suporte.

Enquanto isto a indústria cafeeira se dividiu em dois eventos, o Coffee Dinner em Londres, que está cada vez mais magro em atendimento, e a conferência ASOEXPORT em Cartagena - cidade linda por sinal - na Colômbia.

Na Europa a conversa girou em torno do robusta/conilon, que tem cada vez mais sido utilizado nos blends e que tem os certificados contra bolsa LIFFE em nada menos que 6.2 milhões de sacas. Sem falar da produção do Vietnã - que começou a ser colhida em outubro - e que será próxima de 20 milhões de sacas este ano.

No caribe a conversa foi sobre o tamanho da safra colombiana e da preocupação da perda de market-share do produto. Como a produção de 2008/09 ficou em torno de 8.6 milhões de sacas, 3 milhões menor do que a anterior, parece que a substituição que existiu nas misturas se tornarão muito difíceis de se recuperarem. Principalmente se considerarmos que a produção da safra 2009/10, que está sendo colhida agora, não atingirá os 10 milhões de sacas, ainda que a Federação diga que voltará para 11.5 milhões de sacas.

O espaço aberto para as melhores qualidades de Brasil, América Central e Africa só deve voltar para a Colômbia se o preço de seu café se tornar atrativo de novo, e mesmo assim alguns torradores europeus não querem falar nisto por enquanto, já que além de preço precisam ter garantia de abastecimento para não terem que ficar mudando toda hora seus blends.

O mercado aqui em Nova Iorque reagiu positivamente à notícia circulada de que a florada no Brasil foi uma das piores de vários anos. Como é de praxe os baixistas torceram o nariz e disseram que a ocorrência mencionada é regionalizada e muitos continuam apostando em uma safra maior do que a 2008/09.

Os altistas dizem ser malucos quem acredita nisto, e apontam para o aperto de qualidade que o mercado tem passado e que tem sangrado aqueles que venderam diferenciais a -20 / -24 / -29 e assim por diante.

Parece que pressão de venda de origens só aparecerá no primeiro trimestre de 2010 quando haverá um fluxo melhor dos suaves, quando produtores brasileiros terão de pagar contas de adubos e quando terão uma idéia melhor da safra que colherão. O problema é que tudo indica que quando chegarmos lá os torradores já terão passado pelo pico de cobertura, e pelo que tudo indica os fundos ainda terão esta posição comprada grande.

O torrador não vai mudar a estratégia de comprar da mão-para-a-boca que tem seguido disciplinadamente, já que os preços estão elevados tanto em diferenciais como das bolsas. Não é por acaso que os nossos produtores brasileiros, muito inteligentemente, estão aproveitando o momento atual para vender a safra 2010/11. Com suas dividas roladas e por estarem preparando para entregar seus melhores cafés para o governo, os fazendeiros seguram seus melhores cafés para venderem mais a frente.

Momento disco-arranhado: aproveitem a volatilidade baixa das opções e comprem proteções de baixa para o médio prazo pois o mercado não seguirá em alta "ad-eternum".

Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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