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O peso do carry-trade e a gangorra quântica

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 01/03/2010

4 MIN DE LEITURA

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Comentário semanal - 22 a 26 de fevereiro

A semana começou relativamente tranquila para a maior parte dos ativos, e para as moedas (não para o café que caiu 500 pontos). A princípio a noticia de uma posição recorde vendida no Euro por bancos e fundos, ou seja apostas que a moeda desvalorizará muito mais, não assustou tanto.

Na terça-feira o índice de confiança das empresas alemãs caiu inesperadamente pela primeira vez em 11 meses, e nos Estados Unidos a confiança do consumidor tombou para níveis que não se via há 10 meses atrás, e os números provocaram uma derrocada das bolsas (café segurou pois já havia caído muito na segunda).

Então na quarta-feira o presidente do FED, Ben Benanke, animou os mercados dizendo que "as taxas de juros vão permanecer baixas por um longo período", frase que os investidores entendem como sendo: "pelo menos por mais 6 meses".

Na quinta-feira de manhã o rumor de um rebaixamento dos títulos da dívida grega, e o noticiário mostrando os protestos da população na Grécia, onde diga-se de passagem 30% dos trabalhadores trabalham para o governo, provocaram uma desvalorização do Euro e uma liquidação em ações e commodities (incluindo o café). Na parte da tarde do mesmo dia, como em um passe de mágica, os mercados recuperaram para níveis inalterados, excluindo algumas commodities.

Na sexta-feira rumores de que a Alemanha vai afiançar a Grécia animou o Euro, o Real, bolsas, e com isso se olharmos apenas para a fechamento das moedas do dia 22 e do dia 26, temos a impressão que nada aconteceu.

Por que tanta volatilidade?

É um bocado de incertezas em primeiro lugar. Mas talvez o motivo principal tenha a ver com a dinâmica dos mercados eletrônicos, onde algorítimos criados para operar os mercados automaticamente respondam por 60% ou mais dos volumes negociados diariamente na maior parte dos ativos.

Uma das principais estratégias que foram desenhadas no último ano, foi tomar dinheiro emprestado em dólar e investir em mercados emergentes, bolsa, commodities, etc. Estima-se que esta estratégia, o carry-trade, some mais de 1.5 trilhão de dólares, número maior do que na época que se usava o Yen japonês ao invés como moeda financiadora. Quando o Lehman foi à lona em 2008, muitos investidores desfizeram o carry com o Yen, e em apenas 2 meses a moeda valorizou 20%. Imaginem o que não pode acontecer com o Euro?

A prova de que os algorítimos tem dominado os mercados, tem sido comprovada pelos participantes do mercado de café, e quando os operadores de momentum entram na "roda", exacerbam o movimento.

Alguns participantes que odiavam os operadores de pregão, têm sentido saudade deles, embora queiram mesmo é uma regulamentação maior.

Ao sabor destas notícias e do "novo modelo" do mercado, o café oscilou bastante durante os últimos 5 dias, e encerrou o período com queda de US$ 7.74 por saca em NY, US$ 6.00/sc em São Paulo, e US$ 1.14 em Londres.

A tentativa frustrada de Nova Iorque atrair cobertura de posição vendida de fundos acima de 138.00, resultou em uma liquidação de posição compradas de especuladores de curto prazo, e um incremento de vendas (novos).

As origens vendo o mercado desandar mais uma vez, correram para fazer algumas fixações que precisavam, e com isso os torradores aproveitaram para cobrir um pouco mais de suas necessidades de compra.

No mercado FOB os diferenciais firmaram em geral, com a demanda para embarques março e abril ainda bastante ativas para praticamente todas as origens. Na Colômbia os preços voltaram a firmar, assim como na América Central. No Brasil café fino continua cada vez mais raro de se encontrar, mas por outro lado alguns leitores apontaram para uma disponibilidade razoável de café de segunda linha, e também para uma maior sinalização de ofertas a preços mais baixos para o 2º semestre, quando a safra nova estiver disponível.

Durante a semana mais estimativas da safra brasileira foram divulgadas, e vieram dentro do largo intervalo entre 48 e 60 milhões de sacas que já comentamos aqui. A discussão tem se tornado bastante interessante em torno do quanto de estoque que será carregado para a próxima safra, e mais uma vez há um intervalo largo, entre 2 e 9 milhões de sacas.

Novos rumores circulam o mercado de que o governo deve desenhar um outro plano de opções, para pelo menos 1.5 milhões de sacas - quantia não entregue nos três vencimentos do plano feito o ano passado. Alguns sugerem que o número pode ser inclusive maior.

Começaram também especulações sobre o clima, estimulada pela seca que o Espírito Santo e Zona da Mata estão passando, e que pode não ser tão prejudicial para o primeiro devido a grande quantidade de irrigação na região, mas deve diminuir o potencial de produção do segundo. Alguns analistas dizem que o inverno no Brasil pode ser mais frio do que a média, e com uma situação global na qual os estoques mundiais não são suficientes para 4 meses de consumo, qualquer quebra de safra do maior produtor do mundo provocará uma corrida forte dos preços. Os baixistas dizem que geada faz parte do passado, uma "verdade" perigosíssima de se assumir.

De qualquer forma estamos chegando próximo do fim do sazonal de alta no café, que historicamente acontece até meados de março. Normalmente depois deste período o café cai até o meio de abril, para subir por um mês, e depois despencar até o final de julho - quando em geral os fundos ficam bem vendidos.

Como os preços não responderam a alta esperada no começo de ano, e com os fundos já tendo uma posição vendida, resta a esperança do mercado desrespeitar o sazonal de baixa que vamos entrar.

Para a semana que começa vamos ficar de olho no dólar e nas arbitragens com a BM&F e LIFFE, ambas estreitando e que podem eventualmente dar apoio para Nova Iorque sair da horrorosa figura técnica negativa que se encontra. Se maio for abaixo de 128.30, o próximo suporte estará à 125.15, enquanto que acima de 134.00 o mercado pode tentar testar os 138.00.

Tenham uma ótima semana e muito bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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