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O peso da caneta

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 02/03/2016

2 MIN DE LEITURA

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Por Bruno Varella Miranda, mestre em Administração pela USP e doutorando em Economia Agrícola pela Universidade de Missouri - Columbia

A atual crise econômica vivida pelo Brasil não nos cansa de revelar aspectos trágicos. Se já não bastasse o enorme prejuízo derivado de comportamentos nada republicanos de protagonistas nas arenas econômica e política, teremos que arcar com os efeitos em cadeia dissipados por todo o sistema. O raciocínio é simples: pense em qualquer indústria de peso em nosso país, tentando diagramar seu funcionamento. Em algum momento, eis que surge a caneta de um burocrata pertencente ao poder público, cujas assinaturas podem criar oportunidades de negócio quase instantâneas. Trata-se do sonho de qualquer empreendedor, não?

Foto ilustrativa: Alexia Santhi/ Agência Ophelia/ Café Editora
Foto ilustrativa: Alexia Santhi/ Agência Ophelia/ Café Editora

Ocorre que, conectado ao feliz beneficiário das benesses proporcionadas pela "caneta", estão inúmeros outros empresários. Em tempos de bonança, cadeias de suprimento inteiras vão sendo criadas, assinatura após assinatura. Não parece haver nada de mal nisso; afinal, uma das funções do Estado, argumentarão muito economistas, é o de estimular o crescimento econômico. O problema é quando tais "incentivos" se amparam em uma tênue relação com a realidade, inflando expectativas e menosprezando riscos em nome da concretização de triunfos no jogo político. E, talvez já esteja claro, assim vivemos durante boa parte do período de "vagas gordas" da última década.

De fato, inexiste indústria capaz de sobreviver para sempre remando contra as regras do mercado. Mais dia, menos dia, a conta chega, levando empregos e, eventualmente, dezenas de empresas com menor grau de eficiência. Uma das grandes tragédias da atual crise resulta justamente dos erros de cálculo resultantes dessa dependência da "caneta". Quantas empresas não se expuseram a um grau maior de endividamento do que o nível saudável em condições normais, apenas porque "incentivos" irrealistas assim o estimularam? Quantas decisões de negócio terão sido tomadas não porque os preços relativos o justificavam, mas em resposta a um acordo obscuro selado por terceiros?

Nos últimos anos, muitas empresas investiram pesado para fornecer bens e serviços a outras firmas poderosas e cheias de contratos. Conforme o noticiário nos mostra, entretanto, muito dessa pujança custava caro ao contribuinte. Por serem tão dependentes do estímulo público, muitas organizações parecem dispostas a pagar o que for necessário para contar com apoio irrestrito de reguladores e estimuladores. Da mesma forma, a concentração de poder na mão de tão poucos acabou por criar uma corrida sem escrúpulos pelo privilégio de empunhar as "canetas". Agora que o castelo de cartas ruiu, a todos os pequenos fornecedores em muitas de nossas cadeias de suprimento restam dívidas altas a pagar e a incerteza quanto à retomada da economia.

Ironicamente, quanto maior o cerco contra os principais responsáveis pela atual confusão, menor o espaço na imprensa para discutir o drama vivido por milhares de pequenas e médias empresas brasileiras. Estamos cometendo um grande erro: se há alguém sem culpa no cartório, é todo aquele que foi levado a tomar decisões de negócio equivocadas porque, em algum momento, uma "caneta" recriou parcialmente a realidade. Talvez convenha ao Estado, tão deslegitimado perante o público, oferecer políticas capazes de mitigar tais problemas. Ou, ao menos, promover reformas que evitem um novo ciclo de frágeis estímulos. Afinal, mais dia, menos dia, a "caneta" trocará de mão. O que menos queremos é outra leva de escolhas questionáveis entre os membros da nossa iniciativa privada.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 07/03/2016

Que estado?, quando que nós vimos um governo brasileiro pensar no Brasil como um todo, cada governante pensa em seu grupo político e na sua senzala, ninguém no Brasil ainda pensa no conjunto, não temos estratégias e nem planejamento, o governo tem de assumir e dizer a população o que pretendemos e onde queremos chegar e em que prazo e seguir as etapas uma à uma sem desvio, planejar exige capacidade técnica, visão de futuro, conhecimento de nossas potencialidades e qual a nossa capacidade. E nós conhecemos alguém ou pessoas que sabem disso no Brasil? Somos o melhor país do mundo em recursos naturais, a maior oferta de terras férteis do mundo, o maior potencial hídrico do mundo um mar extenso, temos uma população mais jovem e sadia do mundo. Está faltando um líder conduzir isso tudo de uma forma gerencial e formar uma equipe de técnicos com objetivos de país, daí seremos uma potencia em menos de 25 anos. Eles lá fora sabem de nosso potencial por isso temem nossa liderança e nossa hegemonia de mercado. Como nos impedir? Criar as ONG´S e leis absurdas através de convencimentos de atores políticos, se infiltrar em todos os meios de mídia e estado difundindo o errado o incerto o caos, a baderna o apoio a criminalidade e ao narcotráfico, apoio a políticos demagogos e corruptos, criar movimentos ambientais e sociais contrários aos valores democráticos e de desenvolvimento, impedir novas obras, incentivar os índios a recuperar suas terras para lá explorar nossas riquezas e parar obras vitais, criar classes de pequenos, médios e grandes. O Brasil é o único no mundo que tem ministério para os pequenos e grandes, para a mulher, para os índios para os afrodescendentes, ou seja separar é a estratégia. Fazer que haja intriga entre a nossa sociedade, o resultado é o Brasil de hoje, que a senhora que está lá não sabe o que faz e nunca soube e está falindo o Brasil para atender seu interesse, e os dos países que bancam esse caos. E no final ficamos à mercê de uma caneta de um burocrata e pior de um fazedor de lei à seu  prazer pensando apenas no seu ego e no seu interesse pessoal.
EUGENIO JOSE GONÇALVES

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 05/03/2016

Bruno, seu artigo tem revelado que o poder da caneta aponta os erros dentro da cadeia econômica-financeira do café. No entanto esse desenho tem um pano de fundo, que foge da percepção de muitos produtores ou de sua maioria. Quem governa a ordem politica na globalização é o mercado. E não o Estado que se sujeita ao mercado mundial e ao seu imperialismo. Esse é o paradoxo da governabilidade que não se deve tratar de modo unilateral. Todos nós devemos aprender a fazer economia no mercado, com ele e assim haverá acertos apontando o investimento. Eis outro paradoxo entre Produtor e seu produto.
ESTEVAO

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/03/2016

Viu foi votar na dilma da nisso pensem tudo que traz beneficio aparente twm suas consequencias
RICARDO NICOLUCI

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 03/03/2016

Parabéns pelo artigo meu caro!
IVAN FRANCO CAIXETA

MACHADO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 03/03/2016

Bruno,

Parabéns pelo artigo, exposição esclarecedora. Os cafeicultores e outros produtores rurais também são vitimas destas canetadas trágicas que deixaram um endividamento insustentável.
JOSE CARLOS DE MORAES FILHO

GARÇA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 03/03/2016

Parabens, pela materia.



A descrição da crise, está muito bem fundamentada, já vi diversas empresas entrarem em dificuldade financeira, por ter passado com um período grade de assedio financeiro, que sempre chamei do canto da sereia.
ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 02/03/2016

Coisas de uma falsa democracia onde um monstro gigantesco chamado máquina pública engole o setor privado, a livre competição e os poucos honestos que teimam em resistir.

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