Um estudo pioneiro sobre o impacto climático do desmatamento provocado pela agropecuária no Brasil foi consagrado pelo Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy 2009. O pesquisador brasileiro, Carlos Clemente Cerri, da Universidade de São Paulo (USP), vai dividir o prêmio de US$100 mil com o indiano, Pramod Kumar Aggarwal, pelos trabalhos desenvolvidos na estreita relação entre a agricultura, o clima e o meio ambiente.

Os pesquisadores foram homenageados na cerimônia de abertura da 11ª Conferência Geral da TWAS, The Academy of Sciences for the Developing World (Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento), nesta terça-feira, dia 20. Os dois trabalhos foram escolhidos porque aumentam a compreensão sobre o provável impacto das alterações climáticas na agricultura.

A pesquisa do professor Pramod Kumar Aggarwal, do Instituto de Pesquisa Agrícola Indiano, localizado em Nova Délhi, foca no impacto das mudanças climáticas sobre a agricultura e o abastecimento de alimentos na Índia. Os estudos do pesquisador brasileiro, Carlos Clemente Cerri, lideraram o caminho na análise do impacto das práticas de uso da terra sobre o clima, especialmente no Brasil.

Cerri ganhou reputação internacional por seus estudos sobre as emissões de gases de efeito estufa, a partir da conversão de savanas e florestas tropicais, no caso específico da Amazônia, em lavouras agrícolas e pastagens. Suas pesquisas abriram novos caminhos detalhando a extensão das trocas de carbono que estão ocorrendo entre o solo e a atmosfera, com o rápido desenvolvimento da Amazônia, onde mais de 600 mil km2 de floresta tropical foram convertidos em terras para a agropecuária.

Cerri também desenvolveu uma metodologia de pesquisa e tecnologias inovadoras, para acompanhar a mensuração da quantidade de dióxido de carbono (CO2) que é liberado pela terra arada e pela decomposição de matéria vegetal. O pesquisador da USP tem sido um defensor influente da adoção de melhores práticas de gestão agrícola, como por exemplo, o plantio direto e cultivo mínimo para a redução do impacto da agricultura no aquecimento global.

Desafios ambientais

O alerta levantado pelos dois estudos eleitos, este ano, pelo Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy, demonstra que as mudanças climáticas já representam o maior desafio ambiental do mundo. Estas são questões que têm alimentado o debate, não apenas sobre o seu impacto potencial, mas também sobre as políticas e estratégias que devem ser adotadas para reduzir os riscos que elas representam.

Dessa maneira, a pesquisa conduzida por cientistas de vanguarda, como o brasileiro Cerri, e o indiano Aggarwal, está avaliando as dimensões desse desafio, oferecendo uma riqueza de informações para ajudar as políticas públicas, na elaboração de respostas eficazes para este problema mundial.

Sobre o Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy

O 5º Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy, instituído pela TWAS e pela illycaffè, com apoio da Fundação Ernesto Illy, foi projetado para trazer reconhecimento e mérito aos maiores cientistas do mundo em desenvolvimento que ainda não tenham sido honrados por outras organizações internacionais. O prêmio, sob o alto patrocínio do governo da Itália, é dedicado a Trieste, uma cidade do nordeste da Itália que ofereceu uma contribuição significativa para a promoção da ciência no mundo em desenvolvimento. O prêmio aborda os seguintes campos: as alterações climáticas e o seu impacto na agricultura dos países em desenvolvimento (2009), energia (2010), ciência de materiais (2011) e saúde humana (2012).

Sobre a TWAS The Academy of Sciences for the Developing World

TWAS, The Academy of Sciences for the Developing World (Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento), é a melhor academia para os cientistas desses países. Atualmente é composta por 900 cientistas eminentes, sendo mais de 80% deles provenientes de países em desenvolvimento, onde vivem e trabalham. Sediada em Trieste, na Itália, a TWAS patrocina um grande número de programas de pesquisa e formação de pesquisadores.

Sobre a Fundação Ernesto Illy

A Fundação Ernesto Illy, criada pela illycaffè e aberta a outros membros de apoio, nasceu com o objetivo de desenvolver e aumentar o patrimônio de idéias, atividades e sugestões que Ernesto Illy deixou como seu legado. Sua missão consiste em desenvolver o conhecimento, a ética e a sustentabilidade, promovendo a pesquisa como o principal meio para atingir a verdade e o progresso humano. As atividades da Fundação estão focadas, principalmente, sobre a ética, a sustentabilidade e a pesquisa científica da cultura do café.

Anna Illy Rossi, esposa de Ernesto e atualmente presidente honorária da illycaffè, é presidente da Fundação. Sua filha Anna Illy é a vice-presidente e seus filhos Francesco, Riccardo, e Andrea estão no Conselho de Administração presidido por Roberto Morelli, também à frente da Università illy del caffè.

Com informações da Illycaffè, resumidas e adaptadas pela Equipe CaféPoint.