Após uma recente chuva de granizo registrada em municípios do Sul de Minas, entre os dias 25 e 26 de agosto (Veja mais, aqui), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) alerta para novas possibilidades de ocorrência do granizo.
As altas temperaturas previstas em dados analisados pelo pesquisador da Embrapa e Epamig na área de Agrometeorologia e Climatologia, Williams Ferreira, podem prevalecer no próximo trimestre. A probabilidade é de 70% de que a temperatura para todo o Brasil fique acima da média normal para o período no próximo trimestre, com exceção das regiões sul e oeste do Rio Grande do Sul.
O estudo adverte, contudo, que apesar da uma primavera ‘quente’, ainda não há indicativo de que o próximo verão será de temperaturas acima da média do período. Já em locais que incluem a porção oeste de São Paulo e do Paraná poderão apresentar anomalias negativas de temperatura, ou seja, as temperaturas nesses estados poderão ficar abaixo do valor médio normal esperado para o mês.
As chuvas fortes também podem ser impulsionadas por outro fenômeno, o El Niño. Segundo Williams Ferreira, considerando a ocorrência do fenômeno e as temperaturas elevadas já no mês de setembro, “poderá já no início desse mês ocorrer chuvas intensas isoladas com ocorrência de granizo e ventanias principalmente na região de transição, onde ocorre o encontro das massas de ar frias, provenientes do Sul do continente, com as massas de ar quente provenientes da região equatorial, as quais costumam ficar estacionadas na região central e em parte da região Sudeste do Brasil”.
Em sua análise, o pesquisador alerta que no caso específico do Estado de Minas Gerais, já no início de setembro aumenta a probabilidade de ocorrência de chuvas isoladas com granizo. Os locais com maior probabilidade incluem importantes regiões cafeeiras, como em Araxá e Patos de Minas, ambas no Cerrado Mineiro, em todo o Sul de Minas e na região de Juiz de Fora na Zona da Mata Mineira.
“Diante do atual cenário climático os produtores dessas regiões devem ficar atentos para as previsões meteorológicas (previsões de curto espaço de tempo) visando tomar as devidas precauções para programar o manejo das suas lavouras, buscando acima de tudo evitar prejuízos inerentes a ocorrência de eventos climáticos extremos”, aconselha o Ferreira. O estudo ressalta, no entanto, que o trabalho é um prognóstico climático e faz referência a fenômenos da natureza, que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas.
Impacto do granizo em propriedades de cafeicultura
O granizo que ocorreu no último mês de agosto em Minas Gerais, atingiu os municípios de Elói Mendes, Três Mendes, Cambuquira e Lavras. Segundo o técnico agrícola da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul), Claudio Afonso Rosendo, as chuvas foram mais fortes em pontos específicos e o volume variou muito.
O fenômeno foi registrado no dia 25 de agosto e algumas propriedades tiveram prejuízo alto. “Produtores nos relataram que choveu de 20 mm a 40 mm em pontos da região. Aqui, em Varginha a estação meteorológica da Fundação Procafé registrou 12 mm”, explica ele.
Os principais problemas ocasionados pelo granizo sobre a produção cafeeira se deu pelo alto impacto contra as árvores na própria lavoura e, por conta da época de colheita avançada, nos terreiros onde os cafés eram secados. “Tinha pessoas que estavam colhendo ainda, mas boa parte perdeu café nos terreiros. Na lavoura, as plantas tiveram muita desfolha”.
Questionado sobre como os produtores podem se preparar melhor para eventuais novas chuvas intensas, o técnico explicou que algumas precauções podem ser tomadas. “Se o produtor ver que vai chover, é indicado que amontoe este café que está no terreiro, cubra e coloque um peso sobre a lona. Como alguns cafés também foram arrastados do terreiro, o ideal também é fazer uma proteção em volta do monte”, pontua Claudio.