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A colheita manual seletiva está com os dias contados

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 23/06/2016

3 MIN DE LEITURA

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Polêmico como este título pode parecer, ele transmite uma forte mensagem sobre a preocupação crescente em mudar a maneira como o café é colhido hoje em dia na maioria dos países concorrentes do Brasil. Colher café tem sido e ainda é importante fonte de empregos e renda na maioria das origens, mas não sabemos se tais empregos pagarão salários justos no futuro. O Brasil vem enfrentando este desafio há algumas décadas e existe forte evidência que outros países produtores estejam também passando por isto agora. Pode a modernização da colheita pelos concorrentes afetar nossa competitividade?

Devido aos salários não competitivos, a mão de obra para colher café não parece estar tão disponível como antes em importantes países produtores. Por outro lado, os lucros para os pequenos produtores destes países que colhem eles mesmos seu próprio café parecem estar diminuindo progressivamente e podem não justificar sua permanência neste negócio. O Brasil tem reagido a estes mesmos problemas há anos e muitas soluções já foram desenvolvidas e outras mais estão por vir. Duas perguntas relacionadas à isto estão no cerne do problema: a colheita do café tem que ser seletiva e deve ser realizada manualmente?

O café de alta qualidade pode ser produzido mesmo sem a colheita seletiva das cerejas maduras desde que as cerejas colhidas em diferentes estágios de maturação sejam separadas e apenas as cerejas maduras cheguem aos mercados mais exigentes. A colheita manual pode ocorrer de maneira diferente da seletiva, por exemplo, derriçando algumas, a maioria ou todas as cerejas de um determinado ramo. Hoje, a colheita mecânica é possível de várias maneiras, algumas das quais tem algum grau de seletividade. Estas opções permitem aos trabalhadores colher mais café e ganhar mais dinheiro, com o benefício agregado ao produtor de que o custo por unidade de café colhido cai!

Entender os fatos acima mencionados e mudar os paradigmas atuais de colheita em resposta a eles gera uma situação benéfica para todos em países concorrentes, exceto pelo fato de que ao se colher cerejas verdes há uma oferta menor de produtos de maior qualidade e uma oferta maior de produtos de menor qualidade. Isto pode ser resolvido aumentando a produção para suprir café de alta qualidade aos mercados mais exigentes e usando os produtos de menor qualidade e menor preço para criar uma demanda e consumo adicionais em segmentos de mercado que se preocupam mais com o preço do que com a qualidade, como por exemplo os mercados destes próprios países produtores que, à exceção da Etiópia, ainda consomem pouco. O lucro do produtor aumentará como um todo! Por mais que isto soe como sacrilégio para gurus em qualidade, faz perfeito sentido na área de marketing já que a maioria dos produtos, incluindo alimentos e bebidas, são oferecidos com uma ampla variedade de qualidades e preços, desde produtos gourmet / de luxo até aqueles que satisfazem apenas as necessidades básicas.

Partindo de uma perspectiva diferente, pode ser simplesmente que as economias resultantes da colheita não-seletiva mais que compensem as perdas devido à qualidade menor e, como resultado, os lucros aumentem. Este é o grande incentivo que qualquer produtor de café precisa para desafiar os atuais paradigmas da colheita e adotar novas técnicas! Testes e cálculos devem ser realizados para respaldar ainda mais as mudanças nos sistemas de colheita.

Técnicas especiais para despolpar cerejas verdes e centrais de benefício úmido podem ajudar a mudar o paradigma de colheita seletiva. Hoje em dia existem tecnologias disponíveis para obter o melhor das cerejas verdes, parcialmente maduras e sobre maduras e para apoiar a tendência atual de produzir cafés naturais em origens tradicionais de cafés lavados, o que sem dúvida representa ameaça para os cafeicultores brasileiros. Centrais de benefício úmido não só diminuem os custos de processamento para pequenos produtores – existem grandes deseconomias (falta de competência no uso de meios produtivos, provocando um aumento no custo de produção) de escala em investir em pequenos equipamentos para benefício úmido – como também permitem produzir café lavado de alta qualidade com características confiáveis e consistentes da bebida e agregação das diferentes qualidades que derivam de cerejas não maduras. Se distanciar da colheita seletiva pode, à primeira vista, implicar em prejuízos, existem maneiras de convertê-los em ganhos como mostrado pelas técnicas mencionadas neste parágrafo.

Por último mas não menos importante, existem barreiras para mudar as práticas de colheita dos concorrentes, como por exemplo, a maturação irregular dos grãos de café e os declives acentuados, que prevalecem em algumas áreas. Tais questões devem ser abordadas e não são necessariamente insuperáveis, mas ainda podem seguir garantindo a competitividade da cafeicultura brasileira no que toca à eficiência da colheita, áreas montanhosas talvez à parte, pois estas têm também seus próprios desafios para modernizar a colheita.

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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JOÃO BATISTA VIVARELLI

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/06/2016

Colheita seletiva manual, realmente é um problema, mão de obra no meio rural esta à cada dia mais excassa.
ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 24/06/2016

Aqui no sudoeste de Minas com a escassez de mão de obra nem se cogita fazer colheita manual seletiva. Não estamos conseguindo colhedores manuais nem para lavouras novas. Até as mulheres estão colhendo café de maquininha para ganhar um pouco mais. A colheita semimecanizada surgiu com o intuito de reduzir custos, no entanto, com a falta de mão de obra, as maquininhas se tornaram a tábua de salvação do cafeicultor de montanha diante da escassez de mão de obra. Entretanto, lavouras mau conduzidas dificultam a rendimento das maquininhas. A solução assim como acontece em áreas mecanizáveis parece ser o planejamento, desde o plantio e na condução das lavouras para colheita semimecanizada.
FREDERICO DE ALMEIDA DAHER

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/06/2016

Olá Carlos Brando.

Realmente na colheita do café está o maior gargalo para associar-se qualidade e redução de custos na cafeicultura. Aqui no ES temos dado passos importantes para minimizar esses gargalos.Nas montanhas a poda da saia do  arábica, considerando que a produção no meio terço superior é onde se concentra a grande quantidade de café, vem propiciando não só melhor uniformidade de maturação como ,sobretudo melhor performance produtiva.

No Conilon a revolução é ainda maior com a inovadora colheita semi mecanizada e poda ao mesmo tempo com economia significativa  de custos.

Há espaços ainda maiores para avanços.

Parabenizo o Amigo pelo instigante artigo.


MARCOS CHARLES UHLIG

SANTA MARIA DE JETIBÁ - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 24/06/2016

Nas regiões de montanha do ES, especialmente na minha região (Santa Maria de Jetibá) é difícil mecanizar a colheita, pois as lavouras estão quase que 100% em terrenos com geografia não favorável, bem como está muito difícil e cara a mão-de-obra na região, entretanto a maturação desuniforme e lenta dos grãos permitem fazer a colheita seletiva manual, garantindo uma melhor qualidade dos grãos e diminuir ao máximo a retirada de grãos verdes do pés. eu acredito que mesmo que onerosa a colheita seletiva agrega valor e estende a permanência da mão-de-obra na lavoura, podendo se utilizar dela para outros tratos como poda e adubação.

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