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Timor: Híbrido de café surpreende pela qualidade

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 27/11/2008

4 MIN DE LEITURA

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O híbrido natural entre as espécies Coffea arabica e Coffea canephora encontrado na Ilha de Timor - localizada na Insulíndia, entre o sudeste da Ásia e a Austrália - foi decisivo e valioso para os programas de melhoramento visando à resistência a Hemileia vastatrix, agente causador da ferrugem alaranjada do cafeeiro.

Desde que introduzido no Brasil, no final da década de 60, numerosas progênies derivadas dos mais diversos cruzamentos resultaram no desenvolvimento de cultivares resistentes à ferrugem, selecionadas nas principais instituições de pesquisa. Agora, com o aprimoramento de análises de avaliação da qualidade da bebida e a intensificação de concursos, cultivares derivados de Híbrido de Timor têm surpreendido provadores e obtido bons resultados.

Os resultados de pesquisas desmitificam a idéia de que cultivares derivados destes cruzamentos não teriam potencial para o mercado de cafés especiais. Destacam-se os estudos realizados na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Instituto Agronômico (IAC) e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), todas instituições fundadoras do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), coordenado pela Embrapa Café.

Potencial para especiais

Tese defendida por Marcelo Cláudio Pereira na Ufla concluiu que a ascendência das cultivares e progênies testadas, oriundas ou não do Híbrido de Timor, não apresentaram o desempenho qualitativo afetado. O trabalho analisou as características químicas, físico-químicas e sensoriais de 21 cultivares de cafeeiro arábica.

A análise sensorial, realizada no Laboratório de Qualidade do Café da Epamig, evidenciou como potenciais produtores de cafés especiais 11 materiais entre cultivares e progênies, sendo seis destes derivados de Híbrido de Timor. A análise seguiu a metodologia proposta pela Brazil Speciality Coffee Association (BSCA), tendo como atributos avaliados: bebida, doçura, corpo, acidez, sabor, gosto remanescente, balanço e aspecto.

Foco de estudos

Pesquisador da Epamig, Antônio Alves Pereira, o Tonico, é um dos grandes nomes do melhoramento do cafeeiro com ênfase na seleção de progênies derivados do Híbrido de Timor. A equipe coordenada por ele foi responsável pelo lançamento de oito cultivares de café. No Centro Tecnológico da Zona da Mata (CTZM) e na UFV são desenvolvidos projetos de pesquisa pertencentes ao Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café), coordenado pela Embrapa Café. Resultados de um desses estudos foram apresentados na última Conferência Internacional do Café (ASIC).

Trabalho desenvolvido por pesquisadores da Epamig e UFV concluiu que novas cultivares derivadas de Híbrido de Timor, conduzidas em Três Pontas, São Sebastião do Paraíso e Patrocínio, todas em Minas Gerais, apresentam potencial para o mercado de cafés especiais. Seguindo a metodologia proposta pela BSCA, Cultivares Catiguá MG2, Catiguá MG1, Araponga MG1, Sacramento MG1 e a progênie H419-6-2-5-3 receberam pontuação acima de 90 numa escala de 100 pontos.

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Um dos juízes da Speciality Coffee Association of America (SCAA), Jorge Hiroki Wada, se surpreendeu ao provar uma amostra de Catiguá MG2, cultivado na Fazenda Experimental da Epamig, em Patrocínio, em 2007. "Foi o melhor café que bebi durante todo o ano", enfatiza. Seguindo a metodologia americana, a cultivar recebeu pontuação em torno de 90 pontos, que segundo o provador é algo extraordinário para um café cultivado nas condições do cerrado.

Wada acrescentou que a amostra tinha acidez típica do Sul de Minas e aroma cítrico parecido com a laranja Bergamota. A boa impressão da cultivar Catiguá MG 2 também foi sentida pelo instrutor e chairman do comitê de normas técnicas da SCAA, Manuel Alves. "Esta foi a primeira vez em que um híbrido provou a um nível sensorial acima da média", comenta o instrutor, lembrando que novas análises sensoriais devem ser realizadas para confirmação dos atributos de qualidade.

Para Ensei Neto, engenheiro químico e consultor em Marketing e Qualidade de Cafés Especiais, em todo cruzamento há uma mescla das diferentes características inerentes a cada linha-mãe, sendo que uma mesma cultivar possui desempenho diferente em localidades distintas; sobremaneira com cultivares híbridos.

Manejo adequado

O programa de melhoramento do Iapar também utiliza uma linha de Sarchimores Villa Sarchi x Híbrido de Timor para o desenvolvimento de novas variedades, como foi o caso do Iapar 59, IPR 98, IPR99, IPR 104, IPR107 e IPR 108. De acordo com o pesquisador Tumoru Sera, para se obter o potencial de qualidade das cultivares com ascendência híbrida, devem ser respeitadas suas características fisiológicas, com cuidados especiais no manejo, utilização racional do espaçamento e adubação equilibrada. Segundo ele, materiais que levaram 30 anos de seleção muitas vezes não apresentam o potencial de qualidade esperado devido a manejos inadequados.

Resgate genealógico

O IAC acaba de lançar a publicação "Melhoramento Genético de Coffea Arabica: Transferência de genes de resistência a Hemilia Vastrix do Híbrido de Timor para a cultivar Villa Sarchi de Coffea arabica", de autoria dos pesquisadores Luiz Carlos Fazuoli (IAC) e Aníbal Jardim Bettencourt, do Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC). A publicação faz um resgate histórico da população originada do Híbrido de Timor, com destaque para as cultivares desenvolvidas nos centros experimentais do IAC, EPAMIG, UFV, Iapar e Fundação Procafé/MAPA.

O IAC recebeu do CIFC, a partir de 1968, numerosas progênies F2 e F3, derivadas dos mais diversos cruzamentos de Híbrido de Timor com cultivares de C. arabica, que resultaram, em 2000, no lançamento das cultivares Tupi e Obatã. No IAC, muitos cruzamentos foram também realizados entre Híbrido de Timor CIFC 832/1 e CIFC 832/2 com as cultivares Catuaí, Mundo Novo, Acaiá e Icatu.

A cultivar Obatã mereceu destaque em trabalho desenvolvido pela estudante da Université de Rennes (França), Vanessa Paulain, orientada pelos pesquisadores do IAC, Therezinha de Jesus Salva e Oliveiro Guerreiro Filho. Em análise das variáveis que influenciam a qualidade do café em concursos promovidos pela BSCA, o Obatã apresentou ótimo desempenho, com lotes finalistas em duas das três edições analisadas (2004 e 2006). Das amostras de Obatã selecionadas nas primeiras fases dos concursos, grande porcentagem permaneceu até a fase final, com a chancela de um juri internacional.

Para adquirir a publicação do IAC, os interessados podem ligar pra o Centro de Comunicação e Transferência de Conhecimento, no telefone (19) 32315422 ou acessar a página do IAC. As informações são da Embrapa Café.

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TUMORU SERA

LONDRINA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2008

Parabenizo pelo texto muito bem elaborado.

Cumprimento ao Tonico pela perseverança e incentivo aos melhoristas que trabalham com os derivados do Germoplasma Híbrido de Timor". Dentre os muitos derivados do germoplasma "Híbrido de Timor" destacamos o 832-1 que deram origem a muitas seleções do germoplasma Catimor e CIFC 832-2 que deram origem às muitas seleções do germoplasma Sarchimor.

Nós, melhoristas, tomamos extremo cuidado com as características agronômicas dentre elas às qualidades. Exemplo disso é a nossa cultivar IAPAR-59 do germoplasma Sarchimor, já com 35 anos mantendo resistência completa e durável e, desde que plantado em espaçamento correto no ambiente indicado e com o manejo nutricional adequado produz igual o mais que as cultivares do germoplasma Catuaí. Assim, em 2006 foi o campeão nacional do concurso ABIC.

Assim tem sido também com a cultivar do IAC, Obatã IAC1669-22 e Tupi IAC 1669-33, ambos do germoplasma Sarchimor. Assim, também tem sido com as cultivares com genes do germoplasma Catimor ou do germoplasma Híbrido de Timor do Tonico.

Normalmente levamos 30 anos para desenvolvermos cultivares do tipo linhagem, se não falta recursos; não é justo condenar cultivares novas com muitas qualidades, entre as quais, resistência a parasitos e adaptações a adversidades ambientais e culturais cultivando os em ambientes impróprios. É muito mais fácil mudar o manejo do que as cultivares superiores.

Além disso, cultivar não é germoplasma. Existem muitos "Catimores", muitos "Sarchimores" e muitas cultivares com genes do germoplasma "Hibrido de Timor" com muitos retrocruzamentos e qualidades das cultivares de C. arabica.
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 29/11/2008

Pra quem admira qualidade do café, o resultado é fantástico. Tomara que novos pesquisadores surjam para trabalhar linhas de pesquisa como as do Dr. Tonico, um homem dedicado que nunca preocupou em se vender para multinacionais, tendo sua vida acadêmica e seu conhecimento inteiramente dedicados à pesquisa cafeeira.
DONIZETE GONÇALVES DE LIMA

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/11/2008

Conhecendo o dr. Antônio Alves Pereira (Tonico) como conheço, desde o início dos seus trabalhos em melhoramento genético do cafeeiro na década de 80, não poderia esperar outros resultados, senão esses, frutos de um trabalho árduo e meticuloso de um pesquisador que tem uma vida toda dedicada à causa da pesquisa agropecuária em Minas e no Brasil.

Tive a honra de trabalhar com o dr. Tonico, inclusive de sugerir o nome de Catiguá nas novas seleções de híbridos que eram a menina dos olhos do pesquisador. Em tempo, o nome Catiguá é uma homenagem do pesquisador à cidade de Patrocínio/MG. Parabéns, Tonico pelo seu brilhante trabalho. O reconhecimento está chegando.

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