A 7ª edição do Informativo Agropecuário de Rondônia (Abril 2022), publicação periódica da Embrapa Rondônia, destaca que o Brasil irá colher a maior safra de grãos, com produção estimada de 265,7 milhões de toneladas, em uma área plantada de 72,7 milhões de hectares, com destaque para a cafeicultura.
A publicação apresenta dados sobre a produção de grãos, café, mandioca e banana, com o acompanhamento da produção, produtividade e dos preços destes produtos no estado de Rondônia e análises do comportamento do setor. Os dados são obtidos de fontes secundárias, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Emater-RO, entre outros. Isto possibilita ao leitor se aprofundar no assunto, consultando diretamente essas fontes citadas.
Conforme o sexto levantamento da safra de grãos 2022/2023, realizado pela Conab, a produção nacional de grãos está estimada em 265,7 milhões de toneladas, em 72,7 milhões de hectares, com a incorporação de três milhões de hectares em comparação à safra anterior, devido, sobretudo, ao aumento da área cultivada com soja e milho. Em Rondônia, a produção de grãos na safra 2022/2023 está estimada em 2,4 milhões de toneladas, 5,8% menor do que a da safra anterior. A área plantada deverá decrescer 2,0%, alcançando 644,3 mil hectares, com redução também de 3,9% da produtividade, que está estimada em 3.800 kg por hectare, 3,9% superior à produtividade média do país.
Em relação ao café, a Conab divulgou, em janeiro de 2022, o primeiro levantamento da safra de café para 2022. A estimativa é de 55,7 milhões de sacas de 60 kg para a safra brasileira, 16,8% superior à obtida em 2021. A área destinada a essa produção é de 1,82 milhão de hectares, representando aumento de 0,6% em relação à safra passada. Em Rondônia, a estimativa é de uma produção de quase 2,5 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, com aumento de 9,9% sobre o volume produzido na safra 2021, com acréscimo de 6,6% de produtividade, passará de 35,6 para 38 sacas de 60 kg por hectare.
Já a mandioca, a produção estimada na safra 2022 é de 439,1 mil toneladas, 3,1% maior da que foi obtida na safra de 2021, sendo que a área colhida deve crescer 9,9%, com queda de 6,1% da produtividade. Porto Velho destacou-se como principal município produtor de mandioca do estado em 2020, respondendo por cerca de 30% da produção. Jaru e Machadinho d’Oeste vieram a seguir, com 6% e 5,5% de participação, respectivamente.
A produção de banana deve apresentar pequena retração na safra 2022 em relação à de 2021, com estimativa de colher 93,7 mil toneladas. Segundo dados da Conab, embora a área colhida tenha crescido 14,8%, a produtividade decresceu 13,9%, contribuindo para a diminuição da quantidade produzida.
Conforme informações da pesquisa trimestral de abate de animais do IBGE, em 2021 foram abatidos no estado cerca de 1,9 milhão de cabeças de bovinos, 13,6% menor do que o ano anterior, que foi de 2,2 milhões de cabeças. O peso total das carcaças dos animais abatidos em 2021 foi de 504,5 mil toneladas. Quanto à suinocultura, em 2021, o abate foi de 2.443 animais, com peso de carcaça de 131,6 toneladas. Com relação à produção aquícola, o estado produziu, em 2021, 59,6 mil toneladas de peixes de diversas espécies, 9% a menos do que em 2020, quando a produção alcançou 65,5 mil toneladas.
Preços de produtos agrícolas
Os produtos agrícolas considerados para a análise de preços médios pagos aos produtores foram: arroz, feijão, milho, soja, café, mandioca de mesa e farinha de mandioca. Destes sete produtos, cinco (arroz, milho, soja, café e farinha de mandioca) apresentaram variação de preços positiva, enquanto os outros dois (feijão, e mandioca de mesa) oscilaram negativamente.
O café foi o produto que apresentou a maior variação de preços no período analisado, de 38,7%, seguido da soja (35,2%) e do milho (32,1%). Quanto à soja e ao milho, incremento nas exportações, associado com a valorização do dólar frente ao real, contribuíram para o aumento das cotações dessas commodities.
A elevação dos custos de produção, em razão do forte aumento dos preços dos fertilizantes, pode contribuir ainda mais para a alta dos preços para o consumidor final que, no acumulado de 12 meses, até fevereiro, viu os preços do café moído subirem 61,19%, conforme dados do IBGE. Para os demais produtos (arroz, feijão, mandioca de mesa e farinha de mandioca), a tendência é de estabilidade dos preços.
Não foi identificada explicação lógica para a queda do preço do feijão pago ao produtor em Rondônia, visto que, no mercado nacional, os preços do produto subiram cerca de 70% em um ano. Isso ocorre, provavelmente, em virtude da pequena produção do estado quando comparada com outros estados produtores, não influenciando na formação de estoques e de preços. Além disso, boa parte da produção destina-se à subsistência dos produtores, com baixo excedente para comercialização.
Com relação à mandioca de mesa, oscilações na demanda podem explicar a redução de preços em 2021, quando comparados com o mesmo período de 2020. Quanto ao milho e à soja a tendência é que os preços continuem pressionados, em virtude da redução da expectativa de produção no Sul do país e parte do MS, devido à seca que atinge essas regiões, e do aumento dos custos com fertilizantes, podendo inclusive reduzir a área plantada na próxima safra com essas culturas.
Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP)
O VBP de Rondônia, calculado para 2022, está estimado em 20,9 bilhões de reais, resultando 3,1% maior do que o obtido em 2021. Os produtos agrícolas com melhor desempenho são a mandioca, o café e a soja. Já o arroz apresenta redução de 4,7% do VBP. As pecuárias bovinas, tanto de leite quanto de corte, têm sua estimativa reduzida em relação a 2021, com decréscimo de 10,2% e 2,2%, respectivamente. O VBP dos cinco principais produtos (bovinos, soja, café, milho e leite) responde por 94,2% do valor total, com destaque para o valor dos bovinos, que deve representar 50,9% do VBP rondoniense em 2022.
Fertilizantes
Em 2021, foram entregues ao mercado brasileiro 45,9 milhões de toneladas de fertilizantes, 13% a mais do que o entregue em 2020. Desse total, 85,5% foram importados de outros países, notadamente Rússia e China. Considerando as entregas por culturas, soja, milho e cana-de-açúcar responderam por 73,2% de todo o adubo entregue em 2020. As entregas de fertilizantes para Rondônia em 2020 totalizaram 205 mil toneladas, 8,7% a mais do que em 2019.
Tem sido motivo de preocupação para o país e para o mundo em geral, a forte aceleração dos preços dos fertilizantes, pressionando os custos de produção de diversas culturas, principalmente as que demandam maior uso desses produtos. Segundo especialistas, questões climáticas, a exemplo de furacões; econômicas, como os preços da energia, que impacta a matriz de produção; e, políticas, como as sanções, que repercutem no comércio entre as nações de diversas formas, causaram rupturas que redundaram na elevação dos preços dos fertilizantes no mundo. A guerra entre a Rússia e Ucrânia pode agravar ainda mais essa situação, haja vista a primeira ser importante produtora e exportadora mundial de fertilizantes.
O Informativo Agropecuário de Rondônia no. 7 – abril/2022, está disponível para acesso gratuito no portal da Embrapa.