Depois das cotações recuarem com a previsão de chuvas, as negociações travaram no mercado interno porque os produtores não estão satisfeitos com os preços. Segundo o indicador de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), os preços recuaram de R$ 270 a saca (60 quilos) em 3 de outubro para R$ 240 (ontem) - arábica, tipo 6.

"O produtor parou de vender. Não quer liberar o grão a esse preço", avaliou a a analista de mercado de Café do Cepea, Daiana Braga.

O diretor comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Lúcio Dias, confirmou o fato. Segundo ele, antes do recuo mais acentuado dos preços, a comercialização vinha em ritmo mais acelerado que o normal, tanto que em 45 dias os cooperados da Cooxupé negociaram 901 mil sacas, volume que, normalmente, é de 300 mil sacas em 30 dias.

Além do recuo nos preços internacionais, os cafeicultores estão desestimulados pela forte desvalorização da moeda americana nas últimas semanas. Em 1º de setembro, o dólar fechou valendo R$ 1,9304, valor que ontem foi de R$ 1,7896, recuo de 7,2% informou notícia de Fabiana Batista, da Gazeta Mercantil.

Mas a necessidade de cumprir contratos de exportação por parte das torrefadoras de café está provocando negociações acima do preço de mercado. Segundo Daiana, houve negócios ontem a R$ 250 a saca do arábica, R$ 10 acima da cotação do dia. "As torrefadoras vão ter que aceitar o preço do vendedor", disse ela.