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Pesadelo na produção

POR ARMANDO MATIELLI

E NAIARA LARA

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 15/08/2008

6 MIN DE LEITURA

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Com o adiantamento da colheita da atual safra de café, concretiza-se o que prevíamos em dezembro de 2007, onde oportunamente apontávamos para um quebra substancial na produção brasileira. Nos últimos dias estamos vivenciando uma situação de total desmotivação e muitíssima apreensão dos nossos cafeicultores. No momento, muitas lavouras já foram colhidas, ou parcialmente colhidas, e a queda do rendimento é um fato. Em diversos locais necessitando até de 600 litros de café em coco (da roça) para se fazer um saco de café beneficiado (60 Kg).

Analisando de modo generalizado, podemos citar que no Espírito Santo a quebra na produção total de Robusta pode chegar a 2.800.000 sacas. Já na Zona da Mata Mineira, a quebra é de 10 a 15 % do previsto, segundo a Cooperativa dos Cafeicultores de Caratinga e de diversas distribuidoras de insumos daquela região. No Triângulo Mineiro, mesmo contando com uma área expressiva de irrigação, já se afirma que teremos no mínimo 10% de quebra de acordo com o CACCER (Conselho das Associações do Cerrado). Portanto, o triângulo está "quebrando" por volta de 500 mil sacas.

A situação no sul de Minas Gerais é a mais preocupante. Sabemos que choveu o suficiente na Região da Serra da Mantiqueira Mineira, com limites até São Sebastião do Paraíso, Machado e São Gonçalo do Sapucaí; ao norte destes municípios a seca assolou assustadoramente, onde choveu tão somente por volta de 60 - 70 mm do final de abril a setembro de 2007, contra uma média histórica para aquela região de 236 mm para o mesmo período (dados do IAC, IBC e Secretaria de Agricultura; citados na página 27 do livro "Irrigação na Cultura do Café" - R. Santinato, A. Fernandes e D. Fernandes) - vide tabela abaixo:


E.T. = Evapotranspiração / Fonte: Fazenda Jacutinga

Em regiões como o Estado do Paraná, São Paulo e Mantiqueira de Minas Gerais, podemos afirmar que a colheita está caminhando sem grandes surpresas, com um rendimento normal e dentro do previsto, pois, nas referidas regiões, ocorreram chuvas, até em excesso, nos meses do outono e inverno passados. Com relação à seca, segue levantamento das áreas de café de no Estado de Minas Gerais (como exemplo):


Portanto, detectamos que a seca atingiu com elevado índice comprometedor 711.000 hectares no Estado Mineiro. Após o período extremamente seco, ocorreu a florada em 20/10/08. Conforme dados da Fundação Mapa/Procafé, em Varginha (MG), em Carmo de Minas, Varginha e Boa Esperança, em 30 de setembro de 2007, o déficit hídrico foi de 550 mm. É sabido que déficits hídricos ao redor de 150 mm conferem elevados níveis de prejuízos. Calcular com 550 mm como está sendo a atual colheita? Era evidente essa quebra marcante na renda e na produção das nossas lavouras cafeeiras no Estado de Minas Gerais, circunscritas na citada área de 711.000 hectares, que é o coração da cafeicultura brasileira, em altos níveis de tecnologia e produtividade.

Acabamos de expor a situação que reinou na principal região brasileira de café. No Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras do ano passado, em novembro, em Lavras (MG), encontramos os técnicos das mais distintas regiões e os mesmos afirmaram na época que o prejuízo da seca estaria entre 10 e 60% na produção, fato esse que estamos convivendo no momento.

Iniciaram-se as chuvas em outubro de 2007, os cafeicultores, de forma generalizada, ficaram felizes com a florada. Infelizmente, muito dos quais, senão a grande maioria, são leigos em anatomia e fisiologia vegetal. Uma florada magnífica, assemelhando-se a verdadeiros lençóis brancos cobrindo nossos cafezais. Um espetáculo manifestado pela sábia natureza, de "encher os olhos" dos admiradores das belezas naturais. Essa florada ocorreu em profundo déficit hídrico, em plantas totalmente debilitadas. Nestas condições, na eminência de sobrevivência, as plantas fisiologicamente em estado de emissão máxima de botões florais não poderiam estar sofrendo nenhum tipo de stress; a florada foi bonita, mas ineficiente.

Aproveitando daquele momento, o mercado comprador provocou um fortíssimo alarido de super produção, talvez por ignorância técnica ou talvez com propósitos "vampirizadores". Estamos vivendo, nos últimos tempos, uma rapinagem "carterizada", onde os produtores rurais são sufocados com o único intuito de arrancar a qualquer custo lucros fáceis em detrimento a um prejuízo inimaginável, desde os mais simples cafeicultores dos grotões, bem como aqueles mais bem informados. Uma tristeza.

Começaram a criar cenários de produções alucinógenas de 55 milhões de sacas. Um absurdo. Ainda continuam arrastando essa mentira, impingindo no mercado internacional esse tipo de informação que vai justamente ao encontro com a necessidade de comprar café barato do Brasil para alcançarem lucros estratosféricos. Sabemos que no Agronegócio Café os produtores são massacrados e ficam com algo por volta de 5 a 10% da receita total, enquanto o restante do mercado e o comércio com 90 a 95%.

Passaram-se os primeiros dias da florada, em novembro de 2007, e já detectamos um pegamento muito aquém do ideal. Na semana passada, em visita a Varginha, na Fundação Mapa/Procafé, falamos com o Dr. Antônio Wander Garcia, que afirmou que o pegamento de chumbinhos pós-florada foi de tão somente 37%, contra uma média técnica de 50%. Dados esses levantados na fazenda experimental Mapa/Procafé, naquele mesmo município. Nesses parâmetros de florada e "vingamento", já se detectou uma quebra de 26% na produção.

Caracterizando o exposto, falamos também com o Sr. Gerson Procópio Ribeiro, com 80 anos de idade e plena e invejável saúde em atividades diárias, provando que o café é saudável. O Sr. Gerson é classificador e provador de café há 63 anos e alegou que, em quase todos esses anos de vida profissional, nunca se deparou com amostras de café de tão baixo nível de peneiras (de tão miúdos) como os da safra atual. È claro, faltou água. A florada foi abundante, mas totalmente debilitada, tardia, pois só floriu em 20 de outubro passado. Assim, a fase embrionária foi prejudicada entre muitos outros fatores e o fruto foi gerado e formado desrespeitando o tempo/ciclo normal.

Normalmente, em 20 de outubro, os frutos já estão com 30 dias e esse tempo faltou na formação e na granação. Resultado: peneiras baixas e miúdas e menor produção. Outro ponto importante é o recebimento de café nas cooperativas. Falamos com algumas cooperativas que estão muito preocupadas, pois receberam somente de 15 a 25% da previsão. Sabemos que a colheita está atrasada, mas não tanto assim, com no máximo 30 dias de atraso. O fato mais preocupante é que estamos em meados de agosto e até agora os produtores ainda não deram demonstrações de uma safra abundante. Muito pelo contrário, basta visitar as cooperativas e ouvir as lamentações dadas às baixíssimas rendas do café no beneficiamento. Portanto, para a região do Sul de Minas, dentro do apresentado, podemos elucidar uma quebra de pelo menos 15%, ou seja, por volta de 2 milhões de sacas. Segue levantamento de quebras de safra em milhões de sacas em diferentes regiões:


Logicamente estamos expondo esses números em ordens de grandeza e de modo generalizados, sem o detalhamento de uma previsão oficial, mas aqui passa pelas nossas sensibilidade e experiência, as quais foram somadas aos dados que as próprias fontes noticiaram e já apresentaram. Dentro do nosso descritivo, estamos prevendo uma quebra de 6 milhões de sacas e, assim, não atingiremos o patamar de 40 milhões na safra 2008/09.

Portanto, os cafeicultores que sonharam na florada, estão vivendo um pesadelo na
produção.

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FLAVIO DE FIGUEIREDO GOMES

TRÊS PONTAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/08/2008

Realmente, a quebra na produção é um fato em nossa região. O rendimento na máquina (medidas/saco) é algo impensável para meados de agosto. Além disso, o custo com mão-de-obra mais uma vez surpreendeu para pior, escassa e cara. Infelizmente, mais uma vez, apenas uma minoria será remunerada decentemente ao término deste ano agrícola.

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