A companhia de alimentos Kraft Foods entrou na Justiça contra a rede de cafeterias Starbucks para evitar o fim imediato de um acordo de distribuição entre as duas companhias. A Starbucks está há um mês tentando encerrar a parceria de 12 anos que tem com a Kraft para transportar seu café embalado até supermercados e outros varejistas. A ideia da Starbucks é ter operações próprias de distribuição. Mas a Kraft pretende fazer com que a empresa de cafés tenha de despender uma indenização por dar fim ao acordo, pois entende que se trata de uma violação contratual.

Em ação judicial aberta ontem em Nova York, a Kraft explicou ter rejeitado uma oferta de compra de US$ 750 milhões feita pela Starbucks em agosto, por acreditar que o pagamento era "muito inferior ao valor justo de mercado pelo negócio". A Kraft avalia que desde então as duas empresas "mudaram repentinamente de percurso". A Starbucks alega que a Kraft quebrou alguns termos do acordo, o que isentaria a rede de cafeterias de pagar para encerrar a parceria. A Starbucks diz que a Kraft não promoveu adequadamente a Starbucks e sua marca secundária, a Seattle´s Best Coffee. Mas a Kraft quer uma decisão da Justiça dizendo que o contrato continua valendo.

Na semana passada, a Kraft registrou procedimentos de arbitragem desafiando a tentativa da Starbucks de encerrar o acordo. A Kraft não questiona o direito da Starbucks de sair da parceria, mas quer uma indenização da companhia de cafés por fechar um negócio que gera US$ 500 milhões em receita anual. Analistas estimam que as operações valham US$ 1,5 bilhão.

Na segunda (06), a Starbucks informou que continua se comportando como se o acordo com a Kraft tivesse sido finalizado e planeja assumir em 1º de março as vendas e a distribuição de seus cafés embalados. A Starbucks chamou a ação judicial da Kraft de "um atraso estratégico inoportuno, que no fim das contas vai prejudicar os clientes". Em comunicado, a Starbucks declarou que "as ações da Kraft são de autosserviço e flagrantemente desordeiras, criando um risco desnecessário de confusão para os clientes compartilhados e, consequentemente, para os seus consumidores".

O diretor financeiro da Starbucks, Troy Alstead, declarou recentemente que a Kraft vendeu pacotes de café vencido da Starbucks e não garantiu espaço suficiente para os produtos nas prateleiras. "Não acreditamos que eles tenham feito jus às obrigações do acordo", comentou. A Kraft respondeu que as acusações são infundadas e que não ocorreram violações em quantidade suficiente para justificar o fim da parceria sem um pagamento. O analista de alimentos embalados Christopher Growe, da Stifel Nicolaus, acredita que o rompimento entre as empresas deva de fato ocorrer com um pagamento da Starbucks à Kraft. "A Starbucks parece ignorar o fato de que a Kraft transformou essa marca de quase nada, 12 anos atrás, em uma franquia de varejo de US$ 500 milhões (em receita anual)", observou.

As informações são da Dow Jones, publicadas no jornal O Estado de S.Paulo, adaptadas pela Equipe CaféPoint.