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Celso Oliveira, meteorologista da Somar: Prezado Sr. Leonaldo,
Sua pergunta é importante, pois serve para esclarecermos uma série de fatos sobre mudanças climáticas e aquecimento global. Volta e meia, recebo perguntas sobre o gênero.
Primeiramente, é importante que saibamos em quanto tempo existirá efeito de mudanças climáticas sobre o país e todo o globo. Pesquisas indicam aumento da temperatura global entre 2°C e 6°C em aproximadamente 100 anos. Portanto, qualquer mudança climática global não influenciará a produtividade do café deste ano, ou do próximo ou o de 2015. Enfim, não devemos nos preocupar com efeitos a curto prazo.
Atualmente, o café do Brasil é influenciado por fenômenos climáticos naturais como El Niño e La Niña. São com estes fenômenos que o senhor deve se preocupar, Leonaldo. Mas e o aquecimento global? Não devemos nos preocupar com ele? É claro que devemos! Obviamente queremos que nossos descendentes tenham um mundo melhor e, além disso, queremos que nossos descendentes continuem produzindo café como produzimos hoje. Portanto, cabe a todos nós tomarmos medidas simples, mas que, no final das contas, diminuem as emissões de gases estufa, responsáveis pelo aquecimento. Evitar queimadas e instalar lâmpadas frias já ajudam bastante. Existem várias outras medidas, que não cabem nesta resposta, já que o assunto é o café.
Com relação ao café, Sr. Leonaldo, é importante que primeiramente pensemos na variação prevista pelos pesquisadores: de 2°C a 6°C de aquecimento. Parece que não, mas é muita, muita coisa. Com "apenas" 2°C de aquecimento, a tecnologia irá suprir a elevação e a produtividade do café não será afetada. Lembro que a tecnologia vem se desenvolvendo rapidamente e novas variedades surgem com freqüência. Nada mais natural que também apareçam variedades que sejam mais resistentes aos efeitos do aquecimento nas próximas décadas. Entretanto, se chegarmos aos 6°C de aquecimento, nem mesmo a tecnologia será suficiente para suprir os problemas climáticos. As áreas produtoras de café serão obrigadas a migrar para regiões mais favoráveis.
Perceba que tudo está na casa da especulação: SE acontecer isto, teremos aquilo. SE não acontecer isto, não teremos aquilo. Trata-se de algo ainda muito vago para tomarmos uma medida imediata. Ao tomar uma medida neste momento, há risco de fazermos algo muito errado. Além disso, perderíamos boas produções que com certeza ainda virão do Brasil Central nas próximas décadas.
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