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Nathan Herszkowicz: O Brasil vai consumir 21 milhões de sacas em 2010

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 25/09/2006

17 MIN DE LEITURA

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No final de agosto, a Associação Brasileira da Industria de Café, ABIC, divulgou pesquisa que aponta que, no período de 12 meses, de maio de 2005 a abril de 2006, o consumo brasileiro de café torrado e moído cresceu 2,93%, em relação a igual período do ano anterior, e atingiu a marca de 15,95 milhões de sacas.

Com este resultado, o consumo brasileiro representa 13% de todo o consumo mundial de café e 51% do consumo nos países produtores (cerca de 31 milhões de sacas/ano). A meta para 2010 é de 21 milhões da sacas.

O consumo per capita cresceu 2,7%, atingindo 4,22 kg de café em pó torrado e moído por habitante/ano. Este número é o dobro do apresentado no ano de 1985, quando a tendência era de queda, o que foi revertido por ações de promoção do consumo do produto, iniciadas em 1989, com o lançamento do Selo de Pureza da Abic, que atesta a pureza do pó.

Nathan Herszkowicz, é presidente da Câmara Setorial do Café do Estado de São Paulo, foi presidente do Sindicafé/SP, entre 1995 e 2005 e é diretor-executivo da ABIC, desde 2003. O CaféPoint conversou com Herszkowicz sobre as perspectivas do consumo de café no Brasil e ações da entidade como o Programa de Qualidade do Café, PQC.

CaféPoint: Apesar do valor absoluto do consumo (15,95 milhões da sacas) representar um crescimento de mais de 100% em dezesseis anos (desde 1990) e do percentual de 2,93% ser quase o dobro da taxa mundial, este aumento é menor que os 4% verificados no ano de 2005 e, principalmente, que os 9% de 2004. Existe uma tendência de redução da taxa de crescimento do consumo brasileiro?

Nathan Herszkowicz: Não, muito pelo contrário, a tendência é de aumento do consumo no mercado brasileiro, e a mola mestra é a oferta de cafés de melhor qualidade combinada com inovação. O que acontece é que alguns fatores acabam interferindo no desempenho que estipulamos como meta.

Em 2005, pretendíamos atingir 15,8 milhões de sacas, e ficamos em 15,54 milhões. Esse resultado refletiu a retração de vendas verificada pelo varejo supermercadista no segundo semestre, e o crescimento modesto da economia, como um todo, no período. Porém, o acréscimo de 600 mil sacas sobre o total industrializado em 2004 (14,95 milhões/sc) não é nada desprezível: é maior do que o consumo anual de muitos países da América e da África.

Já o desempenho do último levantamento, que apresentou crescimento de 2,93%, mais uma vez, refletiu a retração de vendas no varejo. Além disso, tivemos um verão prolongado com temperaturas elevadas, o que também inibiu o consumo de bebidas quentes. E aqui está um bom exemplo da combinação qualidade e inovação: já temos diversas cafeterias criando drinques e coquetéis gelados a base de café. Isso foi praticamente uma febre no Rio de Janeiro, no último verão, o que prova que os consumidores estão abertos à experimentação, querem novos produtos.

CaféPoint: O resultado de 15,95 milhões de sacas, é inferior ao projetado pela ABIC, que esperava atingir 16,2 milhões de sacas, em abril de 2006. No entanto, a entidade mantém as metas de 16,5 milhões de sacas para o final deste ano e de 21 milhões de sacas, em 2010. Supondo que a meta deste ano seja atingida, será necessário um crescimento anual de 6,21% nos próximos quatro anos. Este é um desafio e tanto para a cadeia do café, não?

Nathan Herszkowicz: O desafio é imenso, mas altamente possível de ser realizado. Nesses últimos 20 anos, a partir da desregulamentação do setor, com a extinção do IBC, houve um amadurecimento de toda a cadeia produtiva, algo inimaginável anteriormente.

Questões como qualidade, categorias de produtos (qualidades e preços diferenciados) e atendimento do consumidor permeiam todo o agronegócio, da produção ao varejo, seja o supermercadista, sejam os empórios e cafeterias.

A modernidade está implícita também nas políticas governamentais, não só em instrumentos como os de financiamento, mas também na gestão de um consistente programa de marketing de promoção do café nos mercados interno e externo.

CaféPoint: Segundo a pesquisa da ABIC junto aos consumidores, 93% da população brasileira declara que toma café regularmente. O crescimento do consumo virá de aumento do volume per capita?

Nathan Herszkowicz: As pessoas que já tomam habitualmente café continuarão tomando, e tendem a aumentar o consumo estimuladas, por exemplo, pelas cafeterias e pelo hábil e criativo trabalho dos baristas.

Acredito, entretanto, que não basta aumentar o volume consumido por pessoa, mas sim aumentar a base, o número de pessoas que consomem café. E isso ocorrerá por meio da conquista de novos consumidores e do resgate de hábitos tradicionais como o do saudável café com leite no desjejum e na merenda escolar.

Imprescindível nesse crescimento do mercado (tanto do número de consumidores quanto do volume per capita) são as pesquisas na área de Café e Saúde, que estão comprovando, cientificamente, que o consumo moderado de café, entre três a quatro doses por dia, é benéfico para a saúde de crianças, adolescentes, adultos e idosos.

CaféPoint: Os bons resultados obtidos entre 1990 e 2006 vieram num período de baixo crescimento da economia brasileira, apesar do ganho na renda da população com o Plano Real. O crescimento do consumo de café é imune a ameaças advindas da situação macroeconômica do país?

Nathan Herszkowicz: Não é imune. O consumo de café sofre com as crises econômicas, não importa se micro ou macro, como qualquer outro produto. O crescimento do consumo, ao longo desse período, decorre das ações pró-ativas da ABIC.

Voltando um pouco no tempo, vale lembrar, resumidamente, que, na década de 80 houve uma grande queda no consumo, com o brasileiro dizendo abertamente que o melhor café era exportado e que o produto oferecido aqui era ruim. E era mesmo: não só grãos de baixíssima qualidade, mas também misturados com milho, palha, cevada, etc.

A ABIC reagiu, lançando em 1989 o inédito Programa de Auto-fiscalização, com o Selo de Pureza, que está ativo e é respeitado até hoje. Essa estratégia efetivamente ganhou força com o Plano Real, que inclusive trouxe um contingente de brasileiros para o mercado de consumo. Ou seja: houve um crescimento do mercado de café decorrente do resgate daquele consumidor que havia abandonado o hábito, do aumento da renda da população, e do ingresso de novos consumidores.

No final da década de 90, o consumo voltou a se retrair, reflexo tanto da nova crise econômica quanto da oferta de cafés de baixa qualidade a preços igualmente baixos. A ABIC mais uma vez reagiu, lançando o Programa de Nível Mínimo de Qualidade e, no final de 2004, o PQC - Programa de Qualidade do Café, que certifica os produtos em três categorias: Tradicional, Superior e Gourmet. Em todos os momentos a ABIC criou estratégias tanto junto aos associados, norteando os caminhos e mostrando a forma de se trabalhar em um ambiente concorrencial, quanto junto aos fornecedores, varejo e consumidores.

CaféPoint: Como a busca pela melhora da qualidade do produto e o estímulo ao consumo de cafés diferenciados e de alta qualidade se inserem na promoção do aumento de consumo?

Nathan Herszkowicz: Simplesmente são a base da promoção. Não se pode pensar em alavancar consumo ou falar em cafés diferenciados sem trabalhar a questão da qualidade. É isso o que buscamos. E a melhoria continua da qualidade é em todos os tipos de café.

O consumidor precisa ter à sua disposição esses cafés, experimentá-los, para então decidir qual o da sua preferência. O grande passo que está sendo dado é esse: mostrar ao consumidor que café não é tudo igual, e que até entre marcas de uma própria empresa ele encontrará diferenças de qualidades e preços. É um processo de educação do consumidor e do próprio mercado. Todos trabalhando focados na qualidade, independente se o produto é popular ou sofisticado.

Agora, é preciso saber trabalhar adequadamente com cada tipo de grão e blend. Já temos torrefadoras com linhas de equipamentos exclusivas para a industrialização de cafés gourmets e orgânicos. E isso é o correto, para evitar que resíduos de outros tipos de cafés se misturem e interfiram na qualidade final. Ponto de torra, granulometria, são itens importantíssimos que devem ser sempre observados para manter as propriedades do grão e a sua qualidade. O aumento do consumo só vem da oferta de produtos que agradem ao consumidor.

Um bom exemplo foi o boom do café expresso, no final dos anos 90. Muita gente experimentava e reclamava, achando uma bebida muito forte, amarga e, portanto, nada prazerosa. O produto, em si, era diferenciado e os grãos até de qualidade, mas pecava no blend, no ponto de torra, na granulometria e os operadores desconheciam o tempo correto de extração, compactação do pó, manutenção da máquina. Foi quando criamos, em 1996, o Centro de Preparação de Café, junto ao Sindicafé-SP e com o apoio da ABIC. O objetivo era exatamente ensinar a forma correta de preparar a bebida, e assim conquistar consumidores. Ou seja: não adianta inovar se não se trabalha ou não se sabe trabalhar com qualidade. Tudo é interligado.

CaféPoint: Boa parte do café consumido no mercado brasileiro é de qualidade tida como inferior. O consumidor brasileiro médio estaria acostumado a beber cafés bebida rio e com alto teor de conilon nos blends. Que ações concretas têm sido feitas "re-educar" o consumo?

Nathan Herszkowicz: O que existe é uma única verdade: existem cafés para todos os tipos de gostos e bolsos. Concordo que cafés muito baixos têm que ser excluídos, e, aqui, temos a Embrapa desenvolvendo inúmeras pesquisas para aproveitamento desses grãos até como adubo.

Temos também a regulamentação que determina como nível mínimo de qualidade o 8 COB e ainda a Instrução Normativa 08, a ser implementada pelo Ministério da Agricultura, que dispõe e regulamenta o padrão de identidade do café que pode ser comercializado e estabelece critérios de classificação.

Quanto ao conilon, está em estudo, e vamos apresentar no nosso próximo Encafé, em Guarapari (ES), pesquisas que mostram diferenciações e propriedades, de acordo com clima, solo, etc. É muito melhor um bom conilon do que um péssimo arábica.

A ABIC tem feito inúmeros esforços no sentido de incentivar as indústrias a aumentarem a qualidade de seus cafés, a começar pela diminuição de grão preto, verde e ardido. O ideal seria não ter PVA, mas não dá para tampar o sol com a peneira. Por isso, se conseguirmos limitar, já será um ganho.

No PNMQ estipulamos o teto de 20% de PVA no blend. Se a indústria seguir isso, e sentir resultados nas vendas, em pouco tempo vai diminuir até extinguir, por que perceberá que qualidade se traduz em melhores preços e vendas. Mas é um trabalho lento, que vem sendo feito junto às indústrias, ao varejo e aos consumidores. Também junto aos órgãos públicos temos pleiteado que, nas licitações, seja exigido um nível mínimo de qualidade.

CaféPoint: O Programa de Qualidade do Café, PQC, lançado em 2004, é tido como a ponta de lança da busca pelo aumento do consumo. O senhor poderia dar alguns detalhes sobre os três tipos de café certificados?

Nathan Herszkowicz: Na página da ABIC na Internet (https://www.abic.com.br/arquivos/pqc_norma_qualidade_jun06.pdf) essas categorias e o programa estão totalmente detalhados.

Os cafés da categoria Tradicional são aqueles constituídos de cafés arábica, conilon ou blendados. São grãos tipo 8 COB ou melhores, com 20% em peso de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, admitindo-se a utilização de grãos de safras passadas e de cafés verde claro com qualquer bebida.

Recomendamos evitar a presença de grãos pretos-verdes ou fermentados. Como características sensoriais, essa categoria tem o aroma de fraco a moderado; baixa acidez; amargor fraco a moderadamente intenso; sabor razoavelmente característico; moderada adstringência; pouco encorpado a encorpado, e qualidade global de regular e ligeiramente bom (na escala de zero a 10, nota igual ou superior a 4,5 e inferior a 6 pontos).

Os cafés da categoria Superior são aqueles feitos com grãos arábica, conilon ou blendados com café robusta/conilon. São grãos tipo 6 COB ou melhores, com máximo de 10% em peso de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, admitindo-se a utilização de grãos de safras passadas e de cafés verde claro com qualquer bebida. Igualmente, recomenda-se evitar a presença de grãos pretos-verdes ou fermentados.

As características sensoriais são: aroma característico; grau de acidez de baixa a moderada; amargor moderado; sabor característico e equilibrado; baixa adstringência; razoavelmente encorpado e qualidade global de razoavelmente boa para boa (nota igual ou superior a 6 pontos e inferior a 7,3 pontos).

Já os cafés da categoria Gourmet são 100% arábica, tipo 2 a tipo 4 COB, de origem única ou blendados, e com ausência de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, preto-verdes e fermentados. Têm aroma característico marcante e intenso; grau de acidez de baixo a alto; amargor típico; nenhuma adstringência; encorpado, redondo e suave, e qualidade global muito bom a excelente (nota igual ou superior a 7,3 pontos).

CaféPoint: Qual a distribuição do mercado entre os três tipos de café, e mesmo, café não recomendável, projetada pela Abic, para 2010?

Nathan Herszkowicz: A ABIC pretende que a distribuição seja 10% Gourmet; 25% para Superiores e 55% para Tradicionais. Sempre haverá mercado, também, para cafés inferiores, de baixa qualidade e não recomendáveis, que esperamos que não ocupem mais do que 10% do mercado em 2010.

CaféPoint: Qual o custo médio para a certificação de uma marca de café?

Nathan Herszkowicz: O custo básico é de R$ 1.500,00 por empresa, que é o custo da auditoria. As demais despesas são bancadas pela ABIC. Em função das adaptações que as empresas precisem fazer no ambiente da industria, como implantação de controles de processo, produção de registros, melhorias na parte de segurança e higiene, haverá um pequeno investimento, que, entretanto, é possível de ser assimilado por empresas de qualquer porte, mesmo as pequenas.

CaféPoint: Qual a diferença de preço ao consumidor entre os três tipos de café?
Nathan Herszkowicz: Segundo pesquisa do Sindicato da Industria de Café do Estado de São Paulo, quinzenal, em super e hipermercados da cidade de São Paulo, em final de Setembro, os preços eram:

- Cafés Tradicionais (média) = R$ 8,52/kg

- Cafés Superiores = R$ 16,50/kg

- Cafés Gourmet = R$ 31,60/kg

CaféPoint: Qual a matéria-prima - inclusive com distinção entre arábica e conilon - indicada para a produção de cada tipo de café e qual a variação dos preços pagos ao produtor pelo café verde?

Nathan Herszkowicz: Os preços dos cafés em grão são:

- tipo 8, recomendáveis para cafés Tradicionais valem hoje R$ 195,00/saca;

- bicas corridas ou T 6, recomendáveis para cafés Superiores, podem valer entre R$ 225,00 e 240,00/saca;

- cafés tipo 2 a tipo 4, para produzir cafés, Gourmet, podem variar de R$ 260,00 a R$ 350,00/saca, em função da preparação, peneiras, certificação, etc...

- conilon, para os blends em Tradicionais e Superiores, variam entre R$ 190,00 e R$ 205,00/saca.

CaféPoint: Na medida em que evoluam na qualidade de seu produto, é plausível supor que os produtores também melhorem a gestão da comercialização de sua produção. Como as empresas que aderiram ao PQC estão garantindo o suprimento de matéria-prima, em momentos como atual, quando a perspectiva de aumento nas cotações deprime a oferta de café? Há programas de fornecimento preferencial?

Nathan Herszkowicz: Os produtores já estão melhorando, e muito, a qualidade de seus cafés. O PQC surgiu nesse lastro da oferta de melhores grãos no mercado interno. Algumas indústrias estão firmando parcerias com produtores, individuais ou em grupos, para garantir o abastecimento de seus clientes, e remuneram os cafeicultores por isso.

Vale lembrar que o Brasil caminha para ser o maior consumidor de café do mundo. Os cafeicultores, que até o início dos anos 90 não tinham essa visão, agora começam a perceber a pujança do nosso mercado. Muitas mudanças, até conceituais, ocorreram nos últimos aqui e no mundo inteiro, como a preocupação ambiental, a sustentabilidade econômica, as certificações. Estamos quebrando paradigmas.

O Brasil hoje começa a conquistar lá fora alguns nichos com café torrado e moído, algo impensável tempos atrás. Novamente, é a questão da qualidade ditando o caminho do crescimento. O consumidor paga pela qualidade, revertendo lucro em toda a cadeia (varejo, indústria, comércio e produção).

CaféPoint: Além do PQC, a Abic tem desenvolvido ações de comunicação positiva, dentre as quais se destaca o programa Café e Saúde. As suas metas têm sido alcançadas?

Nathan Herszkowicz: Nossas metas estão sendo amplamente atingidas. O Programa Café e Saúde, criado pelo Grupo Gestor de Marketing, homologado pelo CDPC - Conselho Deliberativo da Política de Café e coordenado pelo Dr. Darcy Lima vem obtendo excelentes resultados.

Está sendo importante quebrar tabus e, mais ainda, mostrar por meio de pesquisas científicas que o café faz bem à saúde. Até mesmo a classe médica vem sendo convencida, com base nesses bem fundamentados estudos, desses benefícios. Hoje, muitos médicos já não recomendam que seus pacientes não consumam. Ao contrário, pesquisa recente mostra que os médicos já falam do café como benéfico contra depressão, alcoolismo e até na prevenção de males como diabetes, Alzheimer e Parkinson.

CaféPoint: E, para atrair o consumidor mais jovem, que ações têm sido desenvolvidas?

Nathan Herszkowicz: O consumidor mais jovem é atraído por bebidas mais doces, como os cappuccinos e o Café Latte, além de coquetéis preparados com café. E as cafeterias têm sido fundamentais na conquista desse público. Mas temos um projeto educacional-científico que pretendemos implantar a partir do próximo ano letivo: "Café na Merenda, Saúde na Escola".

A idéia é que cada indústria "adote" uma ou mais escolas de sua região. O consumo do café com leite na merenda e no lanche será acompanhado por cientistas, que avaliarão itens como disposição, ânimo, maior capacidade de raciocínio e melhor desempenho escolar. Ao mesmo tempo, estaremos incentivando o retorno do saudável hábito do consumo de café com leite. O café é uma bebida natural, que não engorda e que, consumido diariamente em doses moderadas, traz inúmeros benefícios.

CaféPoint: Finalizando, gostaria que o senhor tratasse do recente convênio assinado entre a Abic e a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, Apex-Brasil, para promoção de exportação de café industrializado. Quais as metas do convênio, em valor e em número de sacas exportadas e se o que se prevê é a substituição da venda de café verde ou aumento do volume total comercializado externamente?

Nathan Herszkowicz: O programa não tem a intenção de substituir a venda de café verde, mas sim de criar uma mentalidade exportadora de café industrializado e promover os cafés, no geral, em mercados tradicionais e emergentes.

O convenio foi assinado entre a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) e a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), e inclui programas de promoção comercial de café torrado e moído e de cafés em grão especiais, por meio da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês).

O convênio prevê um aporte de recursos da ordem de R$ 11,489 milhões, que custeará investimentos em marketing e publicidade, participação em eventos internacionais e promoção de encontros de negócios com compradores estrangeiros no Brasil e no exterior.

As metas do acordo prevêem a exportação de US$ 43 milhões em 2006, US$ 48,1 milhões em 2007 e US$ 54,2 em 2008, além de aumento do número de empresas exportadoras e de postos de trabalho no setor. Um objetivo altamente factível, tendo em vista os resultados obtidos com o convênio anterior (agregado agora ao da ABIC), firmado pela APEX-Brasil com o Sindicato das Indústrias de Café de São Paulo (Sindicafé-SP), que elevou as exportações de café industrializado em 309% entre 2002 e 2005 (de US$ 4.054.688 para US$ 16.591.198). Só no primeiro semestre deste ano, as vendas somaram US$ 14.230.617, ou 85,77% das exportações de todo o ano de 2005.

Um dos principais pontos do novo acordo é a promoção em mais de 10 mercados da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania dos cafés com maior valor agregado, como os torrados e moídos e os especiais em grão de alta qualidade, proporcionando às empresas participantes a oportunidade de negociar diretamente com seus potenciais compradores.

A exportação de café industrializado tem permitido maior valor agregado. De janeiro a junho deste ano, o preço médio aumentou em 21%, comparativamente ao mesmo período de 2005, indo de US$ 3,75 o quilo para US$ 4,54. O convênio, que agora passa a ser feito com a ABIC, traz um novo fôlego e dá maior incentivo ao projeto.

Justamente por isso, e visando mercados já trabalhados pelo setor, como o americano, italiano, francês, inglês e japonês, e buscando conquistar novos parceiros comerciais e ampliar os negócios na Coréia do Sul, China, Rússia, Austrália e Emirados Árabes Unidos, o projeto prevê uma nova série de importantes ações.

Serão elaborados materiais de divulgação e realizadas atividades de relações públicas. As empresas integrantes da ABIC e da BSCA participarão de feiras no exterior e organizarão sessões de degustação de cafés em cadeias de lojas e redes de varejo nos países alvo. Serão promovidas ainda rodadas de negócios com compradores estrangeiros no Brasil e no exterior e está prevista a vinda de jornalistas estrangeiros especializados para conhecer a produção e industrialização do café brasileiro.

Cerca de 60 empresas iniciarão o projeto. Até o final deste ano o número subirá para 74. Em 2008 o projeto atenderá 120 firmas. No momento, as empresas que compõem o projeto estão localizadas em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro.

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FREDERICO DE ALMEIDA DAHER

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/10/2006

Caro Nathan,

Acabo de ler sua importantíssima entrevista ao Café Point sobre as perspectivas do consumo de café no Brasil.

Além da riqueza de dados e análises, sua entrevista sinaliza para o setor de produção que o caminho da qualidade é um caminho sem volta.

Aqui no estado do Espírito Santo, estamos fazendo, com muito afinco, o dever de casa.

Parabenizo a ABIC pela importante contribuição que vem dando para o incremento do consumo de café no Brasil, exemplo, inclusive, que precisa ser imitado pelos demais países produtores.

Parabéns!

Frederico de Almeida Daher
Superintendente do CETCAF

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