O estudo foi coordenado por pesquisadores do Kaiser Permanente, de Oakland, Califórnia, maior organização dos Estados Unidos para serviços de saúde abrangentes. Foram analisadas informações acerca dos hábitos de vida, do consumo de café e de manifestação de doenças hepáticas de cerca de 125.000 pessoas, ao longo de sete anos.
A conclusão é que o efeito protetor varia de acordo com a dose - quanto maior o consumo de café, maior é também a proteção oferecida por ele. Beber entre um e três cafezinhos por dia reduz em 40% os riscos de cirrose, enquanto a ingestão de quatro xícaras diárias diminui em até 80% a possibilidade de aparecimento da doença.
"Os indícios de que o café protege o fígado, no entanto, não autorizam o consumo exagerado de bebidas alcoólicas", disse, em reportagem da revista VEJA, o cardiologista Arthur Klatsky, principal autor do estudo.
Os pesquisadores acreditam que os benefícios do café para o fígado não se relacionam à cafeína, já que os riscos de cirrose entre os consumidores de chá, que também contém a substância, não caíram.
Os resultados da nova pesquisa estão de acordo com as conclusões de outros estudos sobre o tema realizados por diferentes universidades nos Estados Unidos e na Itália - nenhum deles, porém, com uma população tão expressiva.
Além da ação contra a cirrose, há evidências de que o café protege o fígado de tumores, como mostrou um trabalho divulgado no ano passado pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos. Segundo ele, cinco ou mais xícaras ao dia são suficientes para cortar pela metade os riscos de câncer hepático.
Também existem indícios fortes de que o consumo de café ajuda a memória e diminui os riscos de diabetes tipo 2. Alguns trabalhos, no entanto, associaram o consumo da bebida ao aumento da pressão arterial e à maior incidência de câncer de bexiga.
Embora os efeitos do café sobre o organismo sejam objeto de estudo há décadas, existem muitos pontos obscuros a respeito da relação entre seu consumo e a saúde. Por este motivo, recomenda-se, como dose máxima, duas xícaras por dia.
Efeitos benéficos do consumo moderado de café:
- Melhora da memória, concentração e atenção
- Proteção contra diabetes tipo 2, doença de Parkinson e depressão
- Diminuição nos riscos de inflamação pancreática
- Redução do risco de suicídio
"Ainda não se identificou com precisão o papel de cada uma das substâncias presentes no café", declarou em reportagem da revista Veja desta semana, o cardiologista Luiz Antonio Machado César, coordenador do grupo de estudos sobre o café e o coração, do Instituto do Coração de São Paulo. "Há dúvidas também a respeito dos processos químicos responsáveis pelos benefícios já comprovados da bebida."
No relatório do estudo é ressaltado que "O café é uma substância complexa, com muitos ingredientes potencialmente biologicamente ativos". Além disso, o fato do café ser também, freqüentemente, consumido com cremes, leite, açúcar ou outras substâncias, também traria mais possibilidades para os efeitos na saúde".
Fonte: Reuters e Revista Veja, adaptado por Equipe CaféPoint.