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Café e crianças

POR DARCY ROBERTO LIMA

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 30/10/2007

9 MIN DE LEITURA

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Uma criança é a opinião de Deus de que o mundo deve prosseguir. Toda criança é uma semente que, se tiver boa saúde e receber uma boa educação, formará uma planta que jamais será destruída ou extirpada. Por isto deve ser assegurado pelos pais, sociedade e governos pelo menos dois direitos básicos a toda a criança: saúde e educação. A escola ao longo dos tempos vem se modificando. Na Grécia Antiga viveram alguns dos mais famosos cientistas, sábios e professores de nossa história que deixaram contribuições permanentes e importantes para os tempos modernos. Dentre os gregos que podiam pagar pelos estudos, os meninos freqüentavam a escola enquanto que as meninas aprendiam em casa. E os cidadãos comuns apreciavam muito as peças e as histórias escritas pelos seus poetas famosos. Cada estudante aprendia a ler, escrever, contar usando o ábaco, cantar e declamar poesias, memorizar os versos e fazer ginástica que incluía correr, pular, lutar e jogar dardo. Os professores gregos almejavam formar um indivíduo equilibrado com uma mente sã e um corpo sadio. O ideal de educação dos jovens gregos, embora permanecesse como meta para cada professor através dos tempos, infelizmente vem decaindo.

Na atualidade cada mestre atua da mesma maneira que os pais na formação de cada criança para a obtenção de um indivíduo completo. Por isto são os professores que criam a verdadeira valorização da infância, pois caso uma criança não possua família, ela crescerá sob o cuidados dos educadores em cheches e orfanatos. Mas a grande maioria das crianças vive e se desenvolve entre o lar e a escola, o principal responsável pelo seu desenvolvimento intelectual e emocional. Nos tempos modernos a solidez e a estrutura das famílias diminuiu com os divórcios, separações e mães solteiras, sendo a escola muitas vezes o abrigo e o suporte sólido e receptivo destas crianças. As professoras cada vez mais assumem o papel de segunda ou mesmo única mãe, pois além de educadoras não só preocupadas com os conteúdos, elas também atuam na formação e orientação global das crianças. A professora primária é a lapidadora, ela faz o elo entre a família e a sociedade e é nesta ligação que está o primeiro ensaio de vida adulta da criança. Com esta função mais abrangente a preocupação da mestra vai além do apenas "ensinar/aprender", mas o "para que" aprender. Ela reforça os valores morais, sociais e intelectuais. Também é capaz de detectar melhor do que a mãe, pela observação aguçada, se alguma coisa não vai bem, como a falta de atenção, concentração e sinais de depressão através do comportamento e convívio escolar.

Felizmente a maioria das crianças do mundo possui na época mais crítica de suas vidas - a infância - o apoio e o convívio com dois tipos de mulheres que são as mais importantes de qualquer sociedade: a mãe e a professora. Pela importância de cada mãe e cada professora elas deveriam receber um reconhecimento muito especial, além de um maravilhoso salário. O ensino pode ser dispendioso, mas a ignorância é muito mais cara. Cabe às mães e às professoras zelarem pela saúde e bem estar das crianças sob seus cuidados, particularmente numa época onde a depressão e o consumo de drogas é uma ameaça global. Mães e professoras, conscientizadas e motivadas para lutarem contra estes problemas, podem atuar de forma definitiva nesta batalha onde a medicina já quase está se dando por vencida.

Enquanto que o preconceito contra o café faz com que as crianças tomem pouco ou mesmo não tomem café diariamente, puro ou com leite, o mesmo não acontece com outras bebidas. Hoje tomar refrigerantes ou sucos artificiais para saciar a sede é um hábito diário generalizado, em lugar de um simples copo de água. Estudos realizados por médicos ingleses detectaram que o consumo exagerado de refrigerantes por adolescentes prejudica a dentição e provocar problemas de comportamento além de afetar o crescimento e ajudar no aparecimento da obesidade. Em Los Angeles, o consumo de refrigerantes foi proibido em quase mil escolas, onde estudam quase um milhão de crianças e adolescentes, sendo permitido apenas o consumo de produtos naturais, como sucos e leite. Mas ao mesmo tempo, as crianças são erroneamente educadas de que o consumo de café pode ser prejudicial para a saúde, algo completamente errado e mesmo prejudicial a saúde infantil.

No passado era um hábito comum na merenda escolar o consumo de café com leite e pão com manteiga. Na atualidade substâncias artificiais como refrigerantes, sucos, isotônicos, biscoitos, balas, chicletes e derivados industrializados de amido, dentre inúmeros outros substituíram lentamente a saudável dupla. Pesquisas mostram que a dose ideal de café com leite a ser consumida diariamente é feita por uma minoria de crianças. Mas o consumo de álcool, tabaco e drogas ilegais aumenta entre crianças e jovens de todo o mundo, sendo que muitas vezes estes postos de venda se encontram nas esquinas e portas de suas próprias casas e escolas. O governo americano - National Drug Survey Results Released With New Youth Public Education Materials - detectou que 1 em cada 4 americanos é diretamente afetado pelo problema do alcoolismo ou dependência a drogas e que 6% dos jovens acima de 12 anos usam drogas. Pois o consumo diário e moderado de café é uma das mais eficazes e baratas armas para a prevenção do consumo de drogas entre os jovens.

Crianças também apresentam depressão, embora de forma menos freqüente e mais mascarada do que os adultos. Estas, deprimidas desde a infância serão adultos ainda mais deprimidos. A depressão na criança pode se manifestar de formas variadas, como sintomas asmáticos, extrema irritabilidade, mau humor, falta de atenção, agressividade, problemas da pele, obesidade, diarréias ou náuseas. Nesta fase o corpo pode sofrer mais que o cérebro devido a depressão. O fato de que o consumo regular e moderado de café possa melhorar a atenção, concentração e memória crianças e jovens torna quase que obrigatória a necessidade do seu consumo na merenda em todas as escolas. O café tomado logo na primeira hora após o despertar em casa suplementado pela xícara de café na escola, com ou sem leite pode trazer um grande benefício ao aprendizado e ao estado emocional das crianças. Por isto, elas, com a ajuda dos responsáveis e interessados pela sua saúde mental e física, precisam de orientação para hábitos salutares. Cabe às mães e às professoras conhecerem estas novas descobertas da medicina, combaterem o preconceito contra o café da mesma forma que lutam contra as drogas e conscientizarem todas as crianças e jovens da importância dos ideais gregos de mens sana in corpore sano.

A humanidade escolheu o café como bebida matinal porque ele estimula o sistema de vigília do cérebro humano. O consumo diário e moderado de café torna o cérebro mais atento e capaz de suas atividades intelectuais, diminui a incidência de apatia e depressão e estimula a memória, atenção e concentração, melhorando a atividade intelectual normal. Os adolescentes problemáticos são os que apresentam maior risco para o desenvolvimento de doenças mentais e problemas como depressão, suicídio e uso de álcool e outras drogas .O índice de depressão e suicídio tem aumentado entre os adolescentes nos últimos anos, variando entre 8% a 28 % dos adolescentes. O consumo de café não apenas é saudável e seguro para crianças, mas altamente benéfico para crianças e jovens (6-18 anos) problemáticos, ativos e agressivas justamente as que buscam o consumo de drogas. Por isto o consumo de café com leite pela manhã e na merenda escolar, com ou sem leite, não apenas é saudável, mas recomendando para todo aqueles em idade escolar.

Hoje em dia, o café é o segundo maior mercado mundial de produtos naturais, depois do petróleo. E o Brasil é o maior produtor mundial de café. Mas, em contraste com toda essa riqueza, na atualidade existem no Brasil milhões de brasileiros vivendo com fome, desnutridos e debilitados, sem saúde e vulneráveis a diversos tipos de doenças. E o quadro nutricional de crianças e adolescentes vem se agravando nos últimos anos. Em 1989 foi estimado que uma em cada três crianças brasileiras menores de cinco anos sofria de desnutrição, sendo que naquele ano foram gastos US$ 1,03 bilhão em programas nutricionais (Lima, 2002a). Em 1991 este valor foi diminuído, durante o governo Collor, para US$ 364 milhões e em 1992 foram liberados US$ 391 milhões, um valor irrisório se comparado ao US$ 1,27 bilhão gasto em 1987 e ao US$ 1,2 bilhão gasto em 1988.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar, que tem como meta a distribuição de uma refeição durante 200 dias ao ano para 29 milhões de crianças de 7 a 14 anos matriculadas nas escolas públicas, necessitando para tal de 460 mil toneladas de alimento, recebe anualmente recursos para adquirir apenas 135 mil toneladas por ano, menos de 1/3 das necessidades mínimas (Lima, 2002a). Para milhares de crianças brasileiras a primeira e muitas vezes a principal refeição do dia é uma mistura de café com farinha. Somada a força e a perseverança, estas crianças sobrevivem saudáveis e podem servir de exemplo para outras, ao vencerem na vida, apesar de tudo e de todos. Mas assegurar uma boa nutrição, principalmente a infantil é o maior compromisso social de toda nação.

O fato de que o consumo regular e moderado de café pode melhorar a atenção, concentração e memória de adultos e crianças torna quase que obrigatória a necessidade de que o café com ou sem leite faça parte da merenda escolar em todas as escolas diurnas. O café tomado logo na primeira hora após o despertar em casa suplementado pela xícara de café na escola pode trazer um grande benefício a crianças, adolescentes e jovens do Brasil e mesmo em todos os países do mundo.

Quadro 1 - Dose ideal de café para consumo diário


Referências:

Stein, M.A., Krasowski, M., Leventhal, B., Phillips, W., Bender, B.C. : Behavioral and Cognitive effects of methylxanthines : A Meta-Analysis of theophylline and caffeine. (Chicago University ) Arch. Pediatr. Adolesc. Med., 1996 : 150 : 284 - 288.

Flores, G. Flores , Andrade, F & Darcy R. Lima : Can coffee help fighting the drug problem? - preliminary results of the Brazilian Youth Drug Study . Acta Pharmacologica Sinica (China ), 21 (12) : 1057 - 1216, Dec 2000.

Santos, R.M.M. & Lima, D.R.A.: Aids, Drogas e os Jovens. Pediatria Moderna, SP, 1997 , XXXIII, 4 : 169 - 176.

Santos, R.M.M. & Lima, D.R.A.: Os Jovens e as drogas. Pediatria Moderna, SP, 1997 , XXXIII , 3 : 128 - 136.

Lima, D. R. Cafeína e Saúde. Rio de Janeiro: Record, 1989. 130 p.

Lima, D. R. Cuidado!!! O popular café e a poderosa mulher... podem fazer bem à saúde. Petrópolis: Medikka Ed. Científica, 2001. 111 p.

Lima, D. R. Manual de Farmacologia Clínica, Terapêutica e Toxicologia. Rio de Janeiro: Medsi Ed. Científica, 2003. 3 Volumes, 3.456 p. 8 - Lima, D. R. QI, Café, Sono e Memória. Rio de Janeiro: ECN, 1995. 120 p.

Artigo publicado originalmente em www.abic.com.br.

Publicado no CaféPoint mediante autorização do autor.

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