Boletim Carvalhaes: Volume de negócios fechados continua baixo para início de ano-safra

Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 85- n° 32
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Santos, sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O dólar subiu forte frente ao real esta semana. A conjunção de diversos eventos, como a cautela com o cenário político brasileiro; a decisão do Supremo Tribunal Federal de elevar o salário de seus ministros em 16,38%, medida que terá efeito cascata nos salários do funcionalismo público em todo o País; a manobra ontem da bancada ruralista no Congresso para ressuscitar um perdão de dívidas de R$ 17 bilhões de reais, sem espaço fiscal no Orçamento para bancar esse perdão; e hoje, turbulências na Turquia que atingiram duramente a lira turca (chegou a cair mais de 20% em relação ao dólar), fazendo com que o Banco Central Europeu se preocupasse com a forte exposição de grandes bancos da zona do euro à Turquia, levaram o real a se desvalorizar 4% na semana. Só hoje a queda foi de 1,76%.

Como sempre, os contratos de café na ICE Futures US foram afetados e oscilaram bastante. A queda acumulada na semana, em Nova Iorque, acabou sendo pequena frente a forte desvalorização de nossa moeda e deveria ter resultado em um maior aumento nos preços do café no mercado físico brasileiro. Isso não aconteceu. A alta foi pequena e não refletiu a forte desvalorização do real. O volume de negócios fechados continua baixo para um início de ano-safra. Os cafeicultores, insatisfeitos com as bases oferecidas, vendem apenas o necessário para cumprir seus compromissos mais próximos.

As chuvas que caíram em pleno inverno nas principais regiões produtoras de café do sudeste brasileiro diminuíram o déficit hídrico. Com a colheita em curso, a qualidade média dos cafés que ainda serão colhidos deverá piorar. Além disso, em breve, fora de hora, teremos uma primeira florada. Parte dessa florada será perdida devido aos trabalhos de colheita.

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) informou que após uma série de análises e observações do trabalho que a cadeia produtiva de Coffea Canephora está realizando no Brasil, focando cada vez mais em qualidade, excelência e alcançando resultados muito expressivos, foi decidido que os empresários nacionais que trabalham com as variedades conilon e robusta poderão se filiar à entidade.

Segundo a diretora Vanusia Nogueira, o trabalho da BSCA sempre se norteou por evidenciar a excelência de todos os cafés do Brasil e esta é a hora dos cafés conilon e robusta nacionais, haja vista a maturidade em qualidade alcançada, a aceitação e o crescente interesse do mercado por esses novos atributos do produto.

Para a diretora da BSCA, a iniciativa da Associação é potencializar os negócios relacionados aos cafés conilon e robusta, apresentando ao mundo a qualidade do produto. ‘Brasil. A Nação do Café’ é a nossa máxima. E o nosso País tem excelência na produção de todos os tipos e variedades. Vamos mostrar ao mundo que somos todos Brasil, que a qualidade de nossos cafés está intrínseca em cada grão cultivado, independente da espécie (veja matéria na seção “Extra” de nosso site).

A aceitação de conilon e robusta como café especial é recente perto da longa tradição do arábica. Neste século começamos a falar mais em qualidade de bebida para esses cafés e definir melhor o que é uma bebida “gourmet” para eles. A boa nova é que é grande o número de jovens consumidores em todo o mundo, ávidos por novidades, sem um gosto formado e, portanto, abertos a novos sabores.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) informou que no último mês de julho foram embarcadas 2.326.148 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 24% (452.717 sacas) a mais que no mesmo mês de 2017 e 9% (229.645 sacas) a menos que no último mês de junho. Foram 1.668.252 sacas de café arábica e 366.663 sacas de café conilon, totalizando 2.034.915 sacas de café verde, que somadas a 290.608 sacas de solúvel e 625 sacas de torrado, totalizaram 2.326.148 sacas de café embarcadas.

Até dia 7, os embarques de agosto estavam em 225.968 sacas de café arábica, 2.107 sacas de café conillon, mais 29.530 sacas de café solúvel, totalizando 257.605 sacas embarcadas, contra 177.805 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 7, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 585.334 sacas, contra 434.755 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 3, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 10, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 75 pontos ou US$ 0,99 (R$ 14,81) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam, no dia 3, a R$ 528,51 por saca, e hoje, dia 10, a R$ 547,48. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 20 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2018/2019, condição porta de armazém:

R$460/470,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$440/450,00 - FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$430/440,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$410/420,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$400/410,00 - RIADOS.
R$390/400,00 - RIO.
R$400/410,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$390/400,00 - P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 3,8680 PARA COMPRA.