Boletim Carvalhaes: Consumo de café em alta e falta de estoques de segurança

Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 91 - n° 12
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Santos, sexta-feira, 22 de março de 2024

em mudanças nos fundamentos, continuaram as fortes oscilações nas cotações dos contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, e na ICE Europe, em Londres. O cenário é o mesmo dos últimos meses: consumo em alta e falta de estoques de segurança. As preocupações com o abastecimento de robusta e com os seguidos problemas climáticos nos países produtores de café continuam, assim como a insegurança com a escalada dos ataques terroristas a navios mercantes no Mar Vermelho.

Na quarta-feira, dia 20, começou o outono, que marca o fim do El Niño, à medida que as águas do Oceano Pacífico entram em uma condição de neutralidade, que não deve durar muito. O fenômeno cede lugar a La Niña, que tem início na segunda metade de 2024, no inverno. O fenômeno costuma ser mais duradouro do que o El Niño e, da última vez que ocorreu, durou três anos. Com isso, a frequência de ondas de calor deve cair.

Um relatório preparado pela hEDGEpoint Global Markets, com o título “Probabilidade de La Niña aumenta – Quais são os riscos?”, distribuído ontem pelo site Peabirus, descreve os danos do último La Niña à produção de café nos principais países produtores, relembrando o mercado dos riscos que a produção mundial de café enfrentará com a chegada do novo La Niña no segundo semestre deste ano.

Esse cenário, confuso e preocupante, continuará trazendo fortes oscilações às cotações do café.

Hoje, na ICE Futures US, os contratos de arábica trabalharam em alta forte por boa parte do pregão, mas perto do fechamento viraram para o negativo e fecharam com pequenas baixas. Os para maio próximo bateram em US$ 1,8820 na máxima do dia, oscilaram 365 pontos entre a máxima e a mínima, e fecharam com perdas de 85 pontos, a US$ 1,8570 por libra peso. Ontem subiram 330 pontos e, anteontem, caíram 65 pontos. Na terça-feira subiram 130 pontos e, na segunda, perderam 120 pontos. No balanço da semana subiram 190 pontos. Na sexta-feira passada fecharam a semana valendo US$ 1,8295 por libra peso. Esses contratos caíram 225 pontos na semana passada e subiram 190 pontos na semana anterior à passada.

Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para maio próximo fecharam, hoje, em baixa de 27 dólares, valendo US$ 3.358 por tonelada. Ontem subiram 70 dólares e, anteontem, caíram 39 dólares. Na terça-feira subiram 11 dólares e, na segunda, ganharam 35 dólares. Na semana, esses contratos para maio subiram 50 dólares. Esses contratos subiram 11 dólares na  semana passada e 154 dólares na semana anterior à passada.

Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US subiram, hoje, 7.470 sacas e estão em 568.097 sacas. Há um ano eram de 775.488 sacas, quando já eram considerados criticamente baixos. Caíram neste período 207.391 sacas. Subiram nesta semana 79.419 sacas e na semana passada 63.926 sacas. Subiram 103.777 sacas no mês de fevereiro. No mês de janeiro caíram 1.395 sacas. Em dezembro cresceram 27.158 sacas. No último mês de novembro apresentaram queda de 165.072 sacas e no mês de outubro, a queda totalizou 52.807 sacas. No mês de setembro esses estoques caíram 58.986 sacas. No mês de agosto, a queda foi de 45.369 sacas e no mês de julho de 16.163 sacas.

O dólar subiu hoje 0,40% frente ao real e fechou o dia a R$ 4,9990. Encerrou a sexta-feira passada a R$ 4,9980 e a anterior a R$ 4,9810.

Em reais por saca, os contratos para maio próximo em Nova Iorque fecharam, hoje, a R$ 1.222,35. Encerraram a sexta-feira passada valendo R$ 1.209,55 e a sexta-feira anterior a R$ 1.220,06. 

No mercado físico brasileiro, ao longo da semana, os compradores aumentaram e diminuíram o valor das ofertas acompanhando o “sobe e desce” das bolsas e do dólar frente ao real. As vendas estão se concretizando nestes primeiros meses de 2024, com negociações sempre difíceis, atrapalhadas pelas rápidas oscilações nas cotações e pelas incertezas climáticas, que trazem muita insegurança aos cafeicultores.

A partir do final desta quinta-feira (21), o avanço de uma frente fria volta a mudar o tempo sobre grande parte das áreas produtoras de café do centro-sul do Brasil. Essa frente fria, além de provocar chuvas mais generalizadas e fortes, vai trazer um declínio acentuado para as temperaturas especialmente a partir da sexta-feira. Entre a quinta-feira e o final de semana estão previstos volumes de água que devem variar de 30 a 50 mm sobre a maior parte das áreas produtoras entre São Paulo, sul de Minas Gerais e Cerrado Mineiro. Na zona da Mata de Minas Gerais e no Sul do Espírito Santo, o volume de água pode ser mais expressivo, podendo chover mais de 100 mm, e a chuva pode ocorrer acompanhada por rajadas de vento e até eventual queda de granizo, com isso é alto o risco para transtornos. A partir do final de semana, as instabilidades devem aumentar também na Bahia e, no decorrer da próxima semana, os episódios devem se tornar mais generalizados sobre o estado. Quanto às temperaturas, tanto as mínimas quanto as máximas devem ficar mais baixas, especialmente a partir da sexta-feira. As máximas devem ficar inferiores a 27°C em diversas áreas produtoras entre São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Sul do Espírito Santo. Essa condição deve persistir até meados da próxima semana (Climatempo).

Até dia 22, os embarques de março estavam em 1.867.904 sacas de café arábica, 512.377 sacas de café conilon, mais 187.883 sacas de café solúvel, totalizando. 2.568.164 sacas embarcadas, contra 2.734.335 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 22, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.904.283 sacas, contra 3.247.770 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A Bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 15, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 22, subiu, nos contratos para entrega em maio próximo, 190 pontos ou US$ 2,51 (R$ 12,56) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam, no dia 15, a R$ 1.209,55 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 22, a R$ 1.222,35. Hoje, nos contratos para entrega em maio, a Bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 85 pontos. No mercado estável de hoje são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:

R$ 1060/1080,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1040/1070,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1010/1040,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 980/1000,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 960/980,00 - RIADOS.
R$ 940/960,00 - RIO.
R$ 900/930,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 900/930,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,9990 PARA COMPRA.