Com atuação importante no cultivo do grão do tipo arábica, com 1,23 milhão de sacas, nos últimos anos a Bahia vem se fortalecendo também na produção do conilon, ao somar mais de um milhão de sacas neste ano, e cujos cultivos se concentram, principalmente, na região Atlântica, no extremo Sul do Estado.
As novas conquistas do produto baiano vieram alicerçadas pela articulação de pesquisas, produção, extensão rural e ensino de instituições que fazem parte do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Café. No Estado, fazem parte do Consórcio a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
No concurso internacional, que correspondeu à 100ª edição do Cup of Excellence no mundo, os cafeicultores baianos levaram os cinco primeiros lugares do 15º Cup of Excellence utilizando tecnologias e cultivares (Catuaí e Catucaí) desenvolvidas por entidades parceiras do Consórcio Pesquisa Café: o Instituto Agronômico (IAC) e a Fundação Procafé).
Em primeiro lugar ficou o cafeicultor Cândido Vladimir Ladeia Rosa, da Fazenda Ouro Verde, com nota 94,05. Ele usou a cultivar Catuaí, do IAC. O segundo lugar foi conquistado por Antonio Rigno de Oliveira (nota 93,36), da Chácara São Judas Tadeu, com a cultivar Catuaí.
Em terceiro, ficou Zora Yonara Macedo Pina Oliveira (92,26), da Chácara Tijuco, com 92,26 pontos, com a mesma cultivar; em quarto, Eulino José de Novais (90,14), da Fazenda Santa Bárbara, com as cultivares Catuaí (IAC) e Catucaí, da Fundaçaõ ProCafé; e na quinta colocação, Simpliciano Alves Neto, da Fazenda Vista Alegre, com nota 89,05, com as cultivares Catuaí e Catuacaí.
Conilon
O extremo Sul da Bahia é conhecido pela plantação de eucalipto e, principalmente, pelo cultivo de cacau. Mas diante da necessidade de diversificar e do apoio recebido pela Embrapa Café, por meio do Consórcio Café, a região começou a despontar, nos últimos cinco anos, como um importante centro de produção do grão tipo conilon no País, segundo destaca Roberto Cangussu, vice-presidente para o sul do Estado da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé).
“Há cinco anos, a produção de conilon (na região também conhecida como Atlântico baiano) não ultrapassava a marca de 400 mil sacas”, lembra Cangussu. A estimativa da Assocafé é a de que, desde 2010, tenham sido incrementados mais 10 mil hectares de café, o que fez com que a área total da cafeicultura no extremo sul da Bahia subisse para 30 mil.
Boa luminosidade, topografia e clima favoráveis abriram as portas para o sucesso do cultivo de café conilon da região, associadas aos preços mais compensadores do produto nos últimos três anos, além dos projetos de incentivo do produto, especialmente por do Consórcio da Embrapa.
Para Cangussu, também “houve aumento da demanda por parte da indústria nacional e do mercado externo, que costuma utilizar o grão do café conilon nas misturas com o arábica, que é um tipo considerado mais nobre”.
O campeão
De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a Fazenda Ouro Verde, do campeão do concurso internacional Cândido Vladimir Ladeia Rosa, virou a principal renda familiar ainda no final dos anos 90, quando pertencia ao sogro do atual dono das terras, com quem aprendeu os primeiros cuidados com o café. Localizada no município baiano de Piatã, na Chapada Diamantina, a propriedade fica a aproximadamente 1,3 mil metros de altitude e temperaturas médias que variam entre 2 e 17 graus.
O cuidado com o meio ambiente é uma preocupação constante do produtor. “Busco sempre orientações técnicas para o uso de defensivos e faço o sempre plantio de árvores no entorno da propriedade. Além de dar destino correto às embalagens de defensivos”, ressalta Cândido.
Ele cuida da produção cafeeira de qualidade, desde o preparo adequado da terra para o plantio das mudas até o beneficiamento e armazenagem dos grãos. O campeão ainda procura sempre investir em maquinários adequados “para que o resultado final seja sempre o melhor, seguindo as orientações de técnicos especializados”.
Por equipe SNA/RJ