Cerca de 30% da safra nacional de café já foi colhida, segundo levantamento do Conselho Nacional do Café (CNC), realizado junto aos seus filiados (cooperativas e associações de cafeicultores). Juntas, estas instituições respondem por quase 70 mil produtores do Brasil. Há um mês, o índice de colheita era de aproximadamente 10%.

De acordo com a pesquisa, a região mais adiantada é o Espírito Santo, onde é cultivado o café conilon, cujo tempo de maturação é anterior ao do arábica. Esta variedade responde por 23,6% da produção brasileira avaliada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 40,6 milhões de sacas (60 quilos). Segundo a superintendente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel Ltda (Cooabriel), Ângela Risse, o índice de colheita da região é superior a 95%. Apesar do adiantamento, os produtores capixabas estão enfrentando dificuldades. Devido à seca que ocorreu no início do ano, o rendimento do café está inferior ao registrado no ano passado.

Também está em estado avançado a colheita na região da Cooperativa Agropecuária dos Cafeicultores de Porecatu Ltda (Cofercatu), no Paraná, onde 60% do café foi colhido.

Em Minas Gerais, que detém metade da safra nacional, estima-se que 14% da produção tenha sido colhida, considerando a média das diversas regiões produtoras do estado. De acordo com o diretor Comercial e Financeiro da Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança Ltda (Capebe), Eunício Mattioli, a colheita de café na área de atuação da instituição, até o momento, corresponde de 10 a 15% da safra total que está estimada em 500 a 600 mil sacas.

Na região de Três Pontas, a colheita está um pouco atrasada em relação ao ano passado. Ali o índice é de 10%. "Estamos com muito grão verde porque tivemos quatro floradas devido à estiagem do início do ano", explica Roberto Selicori, gerente do Departamento Técnico da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas Ltda (Cocatrel). Além disso, o aumento da mecanização na região está fazendo com que os produtores aguardem mais para colher o café.

Seca

Na região de Guaxupé o excesso de floradas também provocou uma incidência alta de café verde. "Mas nossa maior preocupação é a estiagem", diz Joaquim Goulart, gerente do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda (Cooxupé). Segundo ele, neste ano, por causa do fenômeno La Niña, as chuvas terminaram mais cedo - por volta de abril - e isso pode afetar a safra 2007/08. "O produtor vai ter de gerenciar bem sua colheita, pois os preços atuais mal cobrem os custos de produção e poderemos ter problemas na próxima safra", avalia.

Henrique José Reis Pinto, superintendente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha Ltda (Minasul) também está preocupado com a estiagem atual, que pode comprometer a safra 2007/08. "Há uma deficiência hídrica no solo", diz. Naquela região, no Sul de Minas Gerais, o índice de colheita é de 15%.

No Cerrado, onde entre 15% e 20% da safra já foi colhida, a maior preocupação quanto à produção 2007/08 é referente à ferrugem. "A doença está evoluindo e pode afetar o potencial da próxima lavoura", diz José Augusto Rizental, superintendente do Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer).

São Paulo

Na área da Mogiana Paulista, ao mesmo tempo em que a falta de chuva favorece a colheita, também atrapalha no desenvolvimento da planta. "O café na região está em três fases: verde, cereja e passa", diz Anselmo Magno de Paula, gerente do Departamento de Café da Cocapec. Apesar disso, cerca de um quarto da safra já foi colhido naquela área.

Na região Sorocabana, o desenvolvimento da colheita tem sido em condições normais, segundo dados da Cooperativa de Cafeicultores da Zona de São Manuel (Cafenoel). Ali o índice é de 15%. Na região da Alta Paulista a colheita já atingiu 30% da safra.


Fonte: Cooperativas associadas ao CNC

Financiamento

Apesar do avanço da colheita, o dinheiro para o financiamento da atividade ainda não foi totalmente pelo liberado - mesmo tendo sido aprovado em março pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Entraves burocráticos fizeram com que dos R$ 600 milhões previstos, somente R$ 205 milhões chegassem às mãos dos produtores. "Esperamos para esta semana uma solução", diz Maurício Miarelli, presidente do CNC. O CMN se reúne na quinta-feira.

Fonte: Assessoria de imprensa do CNC