ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

A redescoberta da Ásia

POR ANDRE MELONI NASSAR

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 16/08/2007

4 MIN DE LEITURA

7
0
Os leitores que acompanham a evolução do mercado de alimentos no mundo certamente estão notando que o campo anda fértil de novos acontecimentos. Chama a atenção o aumento dos preços dos produtos lácteos em função do crescimento do consumo na China. O fenômeno chinês fez com que os preços do leite em pó desnatado, principal commodity láctea transacionada mundialmente, subissem de US$ 2.200 a tonelada para US$ 4.700. O consumo de leite na China aumentou 3,5 vezes de 2001 até hoje, passando de 8,7 litros por habitante para 30 litros, em apenas seis anos.

No mercado de alimentos, o papel da Índia é, por enquanto, ainda tímido, se comparado com o da China. Enquanto a China importa mais de US$ 45 bilhões de produtos agrícolas, a Índia atingiu apenas US$ 8 bilhões no ano passado. O país, no entanto, já começa a dar sinais de que se vai transformar num dos grandes importadores mundiais de commodities agrícolas. Os indianos têm como hábito consumir alimentos frescos. Uma das razões é o fato de não possuírem geladeiras em suas casas e nas cidades não encontrarem estabelecimentos varejistas com estrutura de frio. Se o consumo de carne de frango, num país considerado vegetariano, está crescendo 8% ao ano e ainda é de apenas dois quilos por habitante, a demanda crescerá ainda mais quando forem vencidos os problemas de infra-estrutura.

Apresentar crescimento vertiginoso no consumo de alimentos não é exclusividade da China e da Índia. Os próximos anos mostrarão que esse é um fenômeno fundamentalmente asiático. O crescimento econômico de países como Indonésia, Filipinas, Vietnã, Malásia e Tailândia, aliado à forte migração do campo para as cidades, vai alterar estruturalmente o comércio mundial de produtos agrícolas e alimentos.

Reconhecendo essa tendência, o Icone adotou como prioridade investigar o que está acontecendo na demanda e na oferta de produtos agrícolas e alimentos nos países asiáticos. O primeiro resultado desse trabalho será apresentado em seminário da Rede de Pesquisa do Agronegócio Ásia-América Latina (Alarn), em 29 de agosto.

Os dados de comércio já dão as primeiras informações das mudanças que estão por vir. China, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia, países incluídos na rede de pesquisa, importaram US$ 78 bilhões e exportaram US$ 87 bilhões em 2005 de produtos agrícolas e alimentos. Embora ainda superavitários, os dados mostram que as importações estão ganhando terreno sobre as exportações. Enquanto as importações cresceram 88% de 2000 a 2005, as exportações se expandiram 65%. Assim, os asiáticos nos mostram que o mesmo que aconteceu na China deverá repetir-se em outros países, sobretudo naqueles com grandes populações: exportadores líquidos virando importadores de um conjunto de produtos agrícolas.

Se o quadro de demanda é interessante, o de oferta é ainda mais. Nosso convencimento de que os asiáticos se tornarão importadores líquidos tem uma razão de ser: a China possui apenas 2% da sua área disponível para a agricultura; Índia e Indonésia dispõem de não mais que 15 milhões de hectares para uso agrícola; Malásia, grande exportadora, já usou cerca de 60% de sua área agricultável para o dendê. Disponibilidade de terra, no entanto, é apenas parte do problema. Se não é verdade para todos os asiáticos, água é um problema de grandes proporções no norte e oeste indiano e no norte chinês, todas importantes regiões produtoras de grãos.

Quando sobrepomos as tendências na demanda às restrições de terra e água, observamos que os asiáticos passarão por uma profunda mudança de política e prioridades. Se hoje ainda impera em países como China, Índia, Indonésia e Filipinas a lógica da auto-suficiência na produção de alimentos, porque grande parte dos consumidores ainda vive no campo e consome localmente, o novo consumidor urbano e comprador de alimentos será atendido por uma combinação entre produção local e importações.

Tal transição não ocorrerá de forma homogênea nesses países. A China já iniciou esse processo, buscando aproveitar melhor a terra e incrementando a produção de itens de valor agregado, como frutas, vegetais, suínos, aves e lácteos. Essa opção levou ao crescimento das importações de produtos intensivos em terra como grãos, cereais e algodão.

Índia, Indonésia e Filipinas ainda seguem o modelo tradicional de usar a escassa disponibilidade de terra que possuem para produzir, com baixos rendimentos, cereais e grãos. A Indonésia foge um pouco à regra porque está investindo pesadamente em óleo de dendê, buscando especializar-se no produto, como fez a Malásia. Esses países, dada a sua limitação de terra, deverão tomar o caminho chinês e passarão a ter grande importância no comércio de grãos e cereais. A pergunta que fica é se conseguirão incrementar sua produção de carnes, sobretudo frangos e suínos, que são pouco intensivos em terra. No entanto, dados os problemas de infra-estrutura e a baixa capacitação dos agricultores, especialmente na Índia, um crescimento significativo do consumo deverá ser administrado com importações.

O papel do Brasil e dos demais exportadores da América Latina é claro nesse contexto: com exportações agrícolas que saltaram de US$ 35 bilhões para US$ 70 bilhões em cinco anos, a demanda asiática vai fazer diferença no futuro. Enquanto os países africanos se preparam para desenvolver seu setor agrícola, o déficit na produção dos asiáticos se converterá em grandes oportunidades de exportação para o Brasil. Por isso, conhecer a fundo o que vai acontecer na produção e no consumo de alimentos, na Ásia, passa a ser obrigação do nosso setor agroindustrial. Essa é a conclusão central da rede de pesquisa e inteligência que o Icone lidera em parceria com centros de excelência na Ásia e na América Latina.

7

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RAFAEL DE SOUZA E SILVA MACIEL DE LIMA

SALVADOR - BAHIA - ESTUDANTE

EM 04/09/2008

O mercado mundial hoje exige muito, e para que tenhamos sempre ele fazendo parte da nossa economia, é preciso que haja qualificação necessaria e mais oportunidades para quem está começando, devido principalmente pelo crescimento do agronegócio no Brasil.

Toda produção brasileira não condiz com a riqueza que temos, e por isso devemos buscar sempre melhoramentos na produção, seja essa tecnológica, qualificação, e oportunidades.
FERNANDO MARIA BONTEMPO

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/08/2007

Explorar a demanda asiática é inteligente e poderá ser fonte de mercado seguro para o produtor rural brasileiro que trabalhar com produtividade, qualidade e controle orçamentário. Parabenizo o Sr. André pelo artigo.
GUILHERME AUGUSTO VIEIRA

SALVADOR - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 17/08/2007

Parabenizo o excelente artigo do Sr. Nassar, que traça um análise sistêmica a respeito da nova ordem mundial no mercado de alimentos. Há muito se aborda que se deve profissionalizar os processos de acesso aos mercados,fato que o Brasil agora que está começando a se profissionalizar.

Precisamos ainda de profissionais de comércio exterior e agronegócios que entendam de comércio internacional, principalmente na área de alimentos.

Parabenizo mais uma vez o Icone pelo excelente trabalho desenvolvido e suas abordagens.
DANIEL DE STÉFANI

JABOTICABAL - SÃO PAULO - EMPRESÁRIO

EM 17/08/2007

É bom saber que tem intitutos como o Icone analisando o comércio mundial. O ânimo e os investimentos dos produtores tem que ser norteado por estes estudos.
ROGERIO EDUARDO DE SOUZA JUNIOR

PASSOS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 17/08/2007

Muito bem elaborado. Como apreciador desta área de comércio, gostaria de ler um artigo com enfoque direto no mercado lacteo chinês, visão atual e mercado futuro.
Muito obrigado.
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/08/2007

André,

Parabéns pelo artigo. A dedução preliminar que tiro dessas informações, antes de mais nada, é que a pressão ecológica vai ser crítica.

Abraço!

Luis Fernando Laranja
Instituto Ouro Verde
JAERDIL OLIVEIRA DUTRA

MANTENA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/08/2007

Direto, abrangente e com visão de futuro!

O mercado asiático, devido ao seu imenso potencial de consumo, deve mesmo ser o ponto futuro na visão do agronegócio brasileiro.

Seria interessante a divulgação de matéria sobre o comportamento sócio-cultural do povo asiático, especialmente daqueles países importadores de maior importância econômica.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures