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A empreendedora rural que trouxe uma fazenda para a modernidade

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 08/11/2016

6 MIN DE LEITURA

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Da redação

Ao assumir a administração da Fazenda Santa Cruz, localizada entre as cidades de Paraguaçu (MG) e de Machado (MG), Josiani Moraes aceitou um novo desafio em sua vida. “Antes de 2008, eu só costumava visitar a fazenda nos finais de semana. Depois, quando fui administrar, lembro que pedi a movimentação financeira e outras informações sobre a produção. Tudo que recebi foi apenas um caderninho com algumas anotações”, conta ela sobre a propriedade do italiano (naturalizado brasileiro) Giovanni Bragagnolo, seu marido. “Tudo aqui é mérito da Josiani: ela levantou essa fazenda”, afirma o produtor.

Foto: Leonardo Miranda
Josiani Moraes é responsável pela administração da Fazenda Santa Cruz, localizada entre as cidades de Paraguaçu (SP) e de Machado (MG) // Foto: Leonardo Miranda


Formada em Administração de Empresas e Direito, pós-graduada em Processo Civil, ela se transformou em uma gestora na produção de café que atua em um mundo globalizado, produzindo no Sul de Minas para atender ao mercado internacional. Uma história iniciada em meados de 2008 que permeia todo potencial empreendedor feminino no agronegócio.

Mesmo com a experiência de 15 anos atuando em uma das maiores empresas de produtos alimentícios do país, Josiane teve que sair em busca da matéria-prima básica para o sucesso em um novo ramo: conhecimento. De acordo com os registros da propriedade, antes da gestão de Josiane, a fazenda colhia, no máximo, 25 sacos de café por hectare. A colheita era 60% mecanizada e 40% manual e toda a produção só poderia atender ao mercado regional.

Foto: Leonardo Miranda
Foto: Leonardo Miranda


Realidade que começou a mudar quando a administradora escolheu o rumo que daria para a fazenda: voltar sua produção de café para atender a um mercado mais rentável, o externo. “Foquei meus esforços para valorizar a produção e vi que precisaria atender criteriosos requisitos para conquistar certificações de propriedades necessárias para o nosso café ser aceito no exterior”, explica Josiani, pontuando que os seus compradores só se interessam pelos produtos feitos com responsabilidade. “Lá fora, eles sabem que a qualidade final de qualquer produto depende diretamente do comprometimento de toda a cadeia produtiva com questões de segurança alimentar e preocupações socioambientais”, completa.

As mudanças estruturais implementadas na Fazenda
Para cumprir os requisitos das certificações, foi preciso implementar mudanças estruturais na Fazenda Santa Cruz. “Desde sua implantação já existia uma cultura de sustentabilidade adotada no sistema de produção. Mas houve, a partir das certificações, maior integração da direção da Fazenda com todos os funcionários, uma vez que eles além de se adequarem a novos métodos de controle, deveriam entender o princípio de cada certificação. Além de oferecer a todos maior qualificação profissional, os treinamentos se tornaram mais frequentes”, revela.

Foto: Leonardo Miranda
Funcionários da Fazenda trabalham no terreiro após colheita // Foto: Leonardo Miranda

Aproximadamente seis meses de trabalho da profissional bastaram para conquistar seu primeiro certificado de qualidade: o Nucoffee. No ano seguinte, houve mais um: desta vez, o UTZ. Em 2011, foi a época de garantir o Certifica Minas. Em 2013, a conquista foi dupla, pois foram dois certificados, sendo eles: 4C e BSCA – rastreabilidade e ser sócio. Em 2014, veio a maior de todas as conquistas: a certificação de propriedade Rainforest, um dos mais criteriosos certificados do ramo alimentício do planeta.

Foto: Leonardo Miranda
Com o trabalho, a propriedade conquistou diversas certificações // Foto: Leonardo Miranda

No que diz respeito aos direitos trabalhistas, além de cumprir as exigências da legislação, as certificações cobram e a Fazenda Santa Cruz segue com a garantia do trabalho com os equipamentos de segurança exigido, além de trabalhar com alguns benefícios especiais.

As certificações deram um bom retorno e incentivaram a sequência no trabalho. “Possuímos mais de 20% de área de preservação. Essas áreas estão distribuídas no entorno da fazenda, delimitando nossas terras ao formar um corredor ecológico. Desta forma, garantimos que a flora e a fauna da região tenham condições de sobrevivência”, argumenta a administradora.

Corredores ecológicos criam um ambiente mais saudável // Foto: Leonardo Miranda
Corredores ecológicos criam um ambiente mais saudável // Foto: Leonardo Miranda

Além disso, esses corredores ecológicos, justamente por serem necessários para um meio ambiente saudável, acarretam diretamente a redução do uso de agrotóxicos. “As áreas de preservação possibilitam uma procriação de predadores naturais para muitas das pragas do café que aterrorizam os produtores da região”, explica Josiani.

A Fazenda fez nove grandes açudes e nove poços menores para garantir o abastecimento de espécies da flora e fauna // Foto: Leonardo Miranda
A Fazenda fez nove grandes açudes e nove poços menores entre as novas instalações // Foto: Leonardo Miranda

Ainda dentro do contexto da preservação ambiental, foram criados nove grandes açudes e nove poços menores para garantir o abastecimento de espécies da flora e fauna. Entre as espécies de árvores presentes na fazenda, estão: peroba, jacarandá, cabreúva, bico-de-pato, timburi, ingá, canela-do-brejo, ipê-amarelo e paineiras. Entre as espécies animais, é possível avistar uma grande variedade de pássaros, tais como: urubu-rei, canário-da-terra, tucano, entre outros. Mamíferos como o veado-mateiro, paca, capivara, jaguatirica e onça-parda também compõem esse ambiente natural.

Comercialização
Em seu tempo de atuação, Josiani praticamente triplicou a capacidade produtiva da fazenda, passando de 25 sacos por hectare, em 2008, para a média de 50 a 80 sacos de café colhidos atualmente por hectare, sendo 90% da colheita mecanizada e apenas 5% manual.

Já para a entrada no grupo de produtores de cafés de qualidade, a propriedade contratou o consultor agronômico Guy Carvalho Ribeiro Filho, que trouxe sua experiência em manejo para preparo de cafés especiais. “Para atender a clientes no mercado internacional também foi necessário nos associar na BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais) onde todo lote de café fino comercializado deve ter o selo de qualidade da mesma”, explica.

Foto: Leonardo Miranda

A propriedade trabalha com pelo menos quatro empresas de exportação como seus principais contatos comerciais. “A Fazenda tem contratos futuros de entregas para os principais clientes de cafés especiais que já fazem a compra antecipada para garantir o produto. Outros cafés de mercado interno são negociados diretamente entre administradora da Fazenda e compradores. Alguns cafés de consumo interno são destinados a corretores credenciados para realizar a venda”.

Para avaliar todo esse produto, a Fazenda possui seu provador oficial, além de dois funcionários e da própria Josiani que possuem cursos de Classificação e Degustação de Café. “A importância da prova dentro da fazenda fez com que em 2014 inaugurássemos uma sala de prova completa, com todos os equipamentos necessários para prova e classificação do café”, revela.

Foto: Leonardo Miranda


A produção, hoje, se caracteriza por 4% de café verde, 11% de varrição, 6% de escolha, 35% cereja descascado, 36% de CD2 (o boia descascado) e até 8% de micro lotes. De acordo com a empreendedora, os cafés cereja descascado, CD2 atingem, em média, 82 pontos na Tabela da SCAA e os micro lotes chegam a ficar acima de 84 pontos na Tabela da SCAA.

Assim, a empreendedora rural conquistou o reconhecimento necessário para escolher os seus próprios clientes. “Interessados em comprar não faltam!”, comenta Josiani. Essa nova realidade tem possibilitado, também, agregar mais terras à propriedade, somando 650,6 hectares hoje (sendo 150 hectares de mata nativa preservada e 392 hectares de café). A produção média anual é de 12.000 sacas de café, produto que chega a valer até 20% mais que os cafés de propriedades não certificadas.

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MARCOS PAULO MENDES

PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/06/2017

A média da fazenda é de 12 mil sacas em 392 ha de café. Basta fazer a conta e constatar que são 30 sacas por hectare. Quando eles falam em mais de 50 sacas por hectare, isso deve ser em área produtiva e não em área total. Deveriam ter deixado isso claro....
NILTON

CÁSSIA DOS COQUEIROS - SÃO PAULO

EM 17/11/2016

Parabéns a toda equipe
NILTON

CÁSSIA DOS COQUEIROS - SÃO PAULO

EM 17/11/2016

Nilton Cezar Da Silva _Alfenas



Ex Consultor do Software Gerente agrícola ,Atualmente Administrador da Fazenda Santa Jucy



Tive o prazer de Conhecer esta equipe Comandada pela Josiane, Pessoa Muito Competente  e enovadora

Parabéns Josiane e Dr GUY




HENRIQUE PORTUGAL

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 10/11/2016

Café Pequeno-Produtor de café-Boa Esperança-M.G.

Boa reportagem de inovação na fazenda.Que tal reportagens inovadoras para os pequenos produtores,orientando na implementação da pequena propriedade.
HIPER AGRO

CANDEIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 10/11/2016

Parabéns, um salto de 25 sacas / ha para 50 e algo estrondoso, muito bom. Poderiam informar o custo médio por saca?
LENO HÚNGARO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/11/2016

Não existe outro caminho no agronegócio, notadamente no segmento "dentro da porteira", senão a profissionalização do produtor. Gestão é fundamental para o sucesso. Já é passado de hora do produtor se enxergar como empreendedor rural e enxergar sua propriedade como um empresa rural. Parabéns pela reportagem e parabéns à Josiane pelo belíssimo trabalho que, certamente, teve que enfrentar mais desafios pela condição de ser mulher. Na pessoa de Josiane, cumprimento todas as mulheres que estão quebrando paradigmas e assumindo a condução dos negócios. Tolo os que ainda veem as mulheres com menos capacidade de trabalho.
MARCOS

EM 09/11/2016

Olá Eu tenho interesse em  representar algumas fazendas produtoras de café Na Europa.

Se alguma fazenda  tiver interesse entre em contato comigo.

tecnofap_tecnofap@outlook.com

ats: Marcos.
CAFEQUENTINHO

JI-PARANÁ - RONDÔNIA - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 09/11/2016

TER UM OLHAR PARA O FUTURO,MAS VIVENDO O PRESENTE. ENCONTRAR A HARMONIA NO MEIO AMBIENTE E AINDA GANHAR DINHEIRO.O MEIO AMBIENTE AGRADECE E NÓS HUMANOS TAMBEM. GENTE QUE FAZ. VEM PARA RONDÔNIA

QUE NÓS RONDONIENSES AGRADECEREMOS E MUITO. PARABÉNS.
ADELBER VILHENA BRAGA

CAMPESTRE - MINAS GERAIS

EM 09/11/2016

A visão de administradora certamente fez a diferença. Analisar a propriedade por partes e fazer melhorias pontuais traz excelente retorno aos investimentos, melhoria da qualidade e consequentemente maior lucratividade. Profissionalismo é a chave para o sucesso em qualquer atividade, e na cafeicultura não é diferente.

Parabéns pela matéria! É bom ver mulheres envolvidas na cafeicultura!



Abração
SIMONE MARIA MARÇAL GONÇALVES

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/11/2016

Excelente texto, relatando todos os passos de uma boa e verdadeira gestão sustentável. Também espero que os produtores se conscientizam em produzir com sustentabilidade, aliando as certificações que agregam muito a propriedade. Parabéns pelo trabalho.
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 09/11/2016

A cara do moderno agronegócio brasileiro.

Parabéns, nos faz sentir orgulhoso.
VARLEI ANTONIO DE OLIVEIRA

ITU - SÃO PAULO

EM 09/11/2016

Belíssimo trabalho de inovação e percepção oque ocasionou neste salto de qualidade e produtividade.
LEONARDO MIRANDA

EM 08/11/2016

Texto excelente! A história ficou muito envolvente! Parabéns pelo trabalho! Show demais!
JEFFERSON RISSATO ADORNO

SANTO ANTÔNIO DO JARDIM - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/11/2016

Belíssimo trabalho da Josiane e ótima reportagem. Como também proprietário de uma propriedade certificada Rainforest e UTZ, assino embaixo. As certificações são muito trabalhosas, mas quando o produtor acredita que o que é exigido é o correto, é o ético, tudo fica mais fácil. Espero ver o dia em que a maioria produzirá cafés sustentáveis, pela simples razão de fazer o bem, pois faz bem pra natureza, faz bem pras pessoas que trabalham na lavoura e faz bem para o consumidor. Saudações cafeeiras, Jefferson Adorno - Fazenda Retiro Santo Antônio.

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