FLORADAS NO BRASIL - Semana passada foi marcada pela especulação em relação às floradas e à incidência de precipitações no cinturão produtor de café no Brasil. Recebemos muitos registros da abertura substancial de flores nas principais regiões cafeeiras, contudo, preliminarmente destacamos que o pegamento (transformação das flores em frutos) será afetado em muitas dessas regiões, haja vista que as chuvas não vieram, o que, no aspecto agronômico, já compromete parte dessa florada.

Esse impacto poderá ser ainda maior se não houver incidência de precipitações na próxima semana, o que deverá reduzir ainda mais uma safra que já será menor em função da bienalidade característica das lavouras de café arábica no Brasil. A realidade dessa situação deverá emergir no mês que vem, quando teremos ciência de quanto dessa florada vingou e se transformou em chumbinho.

RENOVAÇÃO DO PARQUE CAFEEIRO - Ainda nesta semana, ocorreu audiência do CNC com o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Gerardo Fontelles. No encontro, tratamos de um projeto para a renovação e a expansão do parque cafeeiro nacional, tema que também debateremos na próxima reunião ordinária do Conselho Nacional do Café (CNC), na próxima segunda-feira (08.10).

Temos plena convicção de que cabe ao Brasil suprir à expansão contínua do consumo mundial do café, entretanto não podemos honrar esse papel de maneira desordenada. Nesse sentido, apresentamos uma ideia inicial ao secretário para a renovação dos cafezais, considerando que muitas lavouras são antigas, com espaçamento entre árvores obsoleto e produtividade bem abaixo dos níveis mínimos de competitividade.

Dessa forma, temos a intenção de renovar esses cafezais ultrapassados com variedades mais produtivas e resistentes às adversidades climáticas e, principalmente, a pragas e doenças, as quais já existem em função do excelente trabalho de nossas instituições de pesquisa e extensão rural. Além de ser um fator fundamental, isso nos permitirá por em prática o resultado de todos os estudos desenvolvidos pelas entidades que integram o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pelo braço cafeeiro da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O CNC acredita que um plano bem estruturado de renovação do cafeeiro e de expansão ordenada do cultivo do grão é essencial para que seja mantido o equilíbrio global entre oferta e demanda e para que não haja flutuações excessivas nos preços, o que, por conseguinte, não comprometerá a renda dos cafeicultores brasileiros e mundiais.

ENDIVIDAMENTO - Ainda na reunião com o secretário Gerardo Fontelles, foi abordada a questão do endividamento rural, com especial atenção à situação dos cafeicultores. O Conselho Nacional do Café defende a inclusão do setor no artigo 8º da Medida Provisória nº 581, cujo objetivo é reabrir a negociação, até 31 de dezembro de 2013, para aqueles produtores que não renegociaram seus passivos anteriormente. Nesse sentido, também estamos buscando apoio no Ministério da Fazenda para que possamos dar essa condição aos produtores que mais geram emprego no meio rural do Brasil.

EXPORTAÇÕES - A Organização Internacional do Café (OIC) divulgou, nesta semana, os dados referentes às exportações mundiais no último mês de agosto, que somaram 9,2 milhões de sacas de 60 kg. No mesmo período do ano passado, o número era de 7,8 milhões de sacas.

As vendas externas entre os meses de outubro de 2011 e agosto de 2012 atingiram 99,6 milhões de sacas, uma alta de 2,7% na comparação anual. Na temporada 2010.11, a entidade informa que 97 milhões de sacas do grão foram exportadas. De acordo com a OIC, o aumento das exportações é decorrente da elevação do volume de grãos tipo robusta. Em contrapartida, o café arábica registrou uma queda de cerca de 3% nos embarques em relação ao ciclo anterior.

Além disso, a Organização destacou que houve uma redução expressiva nas remessas de café do Brasil desde o início da safra local 2012.13, em abril. Até agosto, os envios nacionais ao exterior diminuíram 19% em comparação com o ano passado. Essa situação é atribuída ao fato de que os cafeicultores do País estão bem capitalizados, através dos programas governamentais de ordenamento de oferta.

MERCADO - Foi notado que os preços do café saíram do "gap" em que vinham se situando nas semanas anteriores, com movimentos tão intensos que foram rompidos o suporte e a resistência ao longo dos cinco pregões. "O mercado formou uma resistência muito forte no patamar de US$ 1,85", segundo Sterling Smith, especialista em commodities do Citibank, mencionou à Dow Jones Newswires.

Acredita-se que, no curto prazo, os fatores especulativos devem dar o tom às negociações, com o retorno do "weather market". Assim, deveremos observar alta volatilidade, com todos os agentes voltando suas atenções à previsão do tempo. É válido considerar, ainda, que o consumo mundial continua aquecido e a produtividade média das plantas já teve sua curva de ascensão mais acentuada em função da retomada das cotações, de maneira que, daqui em diante, a elevação da produtividade tende a ter respostas menores no que tange ao avanço dos preços. Assim, os produtores poderão ter boas oportunidades para realizar algumas vendas, caso as chuvas não retornem na próxima semana.

As informações são do CNC, adaptadas pela Equipe CaféPoint.