Recentemente, temos nos deparado com a infestação de e-mails - e as respectivas veiculações em alguns canais de comunicação - criticando a falta de representatividade do setor produtor da cafeicultura nacional. Ocorre, porém, que o ataque gratuito e desnecessário às lideranças setoriais emerge sem quaisquer embasamentos e de pseudo-autoridades, que, pasmem, defendem exatamente os pleitos elaborados por nós.
Debater o assunto "liderança" demanda imenso conhecimento e, mesmo assim, os aptos a tal discussão não chegaram a conclusões definitivas. As opiniões mais comuns citam que algumas pessoas nascem com o dom e que outras adquirem ao longo do tempo, contudo, ambas, caso não trabalhem a liderança, exercendo o bom senso aliado a ela, não se desenvolvem e optam pela anarquia e/ou pelo radicalismo infundado.
A postura que adotamos, agora, faz-se necessária para ratificar, para elucidar, definitivamente, o trabalho que o Conselho Nacional do Café (CNC), em parceria com a Comissão Nacional do Café da CNA e com a Frente Parlamentar do Café, vem desempenhando em prol do setor junto ao Governo Federal, o qual, ressalte-se, serviu de pilar para as medidas iniciais adotadas até o momento.
O termo "nós" vem bem a calhar, uma vez que não defendemos interesses individuais, mas, sim, aqueles definidos em assembléias ordinárias do CNC, que também vêm de encontro com as propostas de nossos companheiros defensores do setor produtor. Portanto, respondemos pelos anseios dos cafeicultores brasileiros, os quais, como temos plena ciência, há mais de uma década vêm comercializando seu produto abaixo dos custos e, cada vez mais, acumulando dívidas.
Para quem não convive e labuta na esfera da tramitação política, àqueles que não têm ciência de como o modo operacional funciona, fica fácil criticar e acusar, irresponsavelmente, não tendo a obrigação de adotar uma postura positiva e pró-ativa pensando na defesa de um imenso setor, uma vez que não devem justificativas a ninguém.
Nós, por outro lado, respondemos por mais de 2 milhões de cafeicultores e não podemos deixar o irracionalismo desmedido vir à tona, agindo com base apenas na emoção. Que a situação financeira do setor é crônica, ninguém discute ou duvida, mas saídas para ela só serão encontradas racionalmente e através de discussões técnicas e políticas com quem realmente tem o poder de deliberar sobre as medidas estratégicas a serem adotadas ao setor: o Governo Federal.
Qualquer tentativa de demérito das lideranças que têm o contato direto com nossos governantes e, consequentemente, tentam elucidar a eles que o café necessita de muito mais medidas efetivas para dar rentabilidade aos produtores do que as já adotadas, nada mais será que o famoso "tiro no pé", sendo vista por nós como atitude desrespeitosa e desagregadora.
Atenciosamente,
Gilson Ximenes
Presidente
O cafeicultor Gilson Ximenes preside pela quinta vez o Conselho Nacional do Café. Mineiro de Três Pontas, comandou a entidade entre 1995 e 2001, por três mandatos consecutivos, e no recém-concluído biênio 2007/2008. Primeiro diretor do Departamento Nacional do Café, durante a gestão do ministro da Indústria e Comércio, Andrade Vieira, ele também desempenha, atualmente, a função de diretor financeiro da Unicoop (União Cooperativa Agropecuarista Sul de Minas), em Três Pontas (MG). Entre outras funções, Ximenes já presidiu a Cocatrel (Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas) e a própria Unicoop, ambas associadas ao CNC.