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No controle da cercosporiose em cafeeiros, é importante a época de aplicação dos fungicidas

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

FOLHA PROCAFÉ

EM 12/05/2022

4 MIN DE LEITURA

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A cercosporiose é uma doença causada pelo fungo Cercospora coffeicolla, que ataca folhas e frutos de cafeeiros, podendo, sem o devido controle, causar prejuízos significativos na produtividade da lavoura. Nas folhas as lesões são bem típicas, de forma arredondada, com centro de cor castanho a cinza claro e com halo amarelado nas margens. Eventualmente, as lesões podem aparecer mais escuras e sem halo, no que se chama de cercospora negra, ocorrendo em casos onde se observa deficiência de fósforo. As folhas atacadas acabam caindo mesmo com apenas uma lesão da doença, pois a produção de etileno é elevada. Nos frutos, o ataque se inicia quando ainda estão verdes. As manchas são escuras, pequenas de início, crescendo no sentido do comprimento dos frutos, sendo mais presentes do lado dos frutos batido pelo sol. 

Os danos causados pela cercosporiose decorrem da perda das folhas das plantas, que chega até a provocar seca de ramos laterais, especialmente em cafeeiros com carga alta. Nos frutos, a doença causa sua queda nos vários estágios de seu crescimento e sua maturação é acelerada, havendo aumento dos grãos chochos e mal granados e perdas no rendimento (coco/beneficiado), no tipo e na bebida do café. 

A cercosporiose é, normalmente, considerada uma doença secundária no cafeeiro e sua gravidade está ligada à condição de fraqueza das plantas, por deficiências nutricionais, reais ou induzidas, principalmente de nitrogênio. As situações mais comuns de indução estão ligadas a períodos de stress hídrico, de muito calor, de solo com impedimentos ou em lavouras com sistema radicular deficiente. Cafeeiros com maturação precoce e com carga alta ficam mais sujeitos à cercosporiose. 

Para o controle da cercosporiose, além das práticas culturais adequadas, como a adubação e outras, que visam fortalecer as plantas, é indicado o controle químico com aplicações de fungicidas. Existem poucos trabalhos de pesquisa sobre a época dessas pulverizações. Neles, os resultados mostram que as aplicações devem ser mais preventivas. O programa de época que resultou em maior eficiência de controle foi o que abrangeu o período nov/dez a fevereiro, com 2 a 3 aplicações (tabela 1), sabendo-se que a doença evolui a partir do início da granação dos frutos, que ocorre cerca de 80 a 100 dias pós-florada. Isto porque a gravidade da doença aumenta com o deslocamento de reservas, das folhas para os frutos, aumentando a susceptibilidade da folhagem. A ação preventiva dos tratamentos também é necessária porque os fungicidas indicados não têm efeito sistêmico ou curativo contra a cercospora, especialmente quando a doença atinge os frutos. 

Como o período de controle da cercosporiose coincide, em boa parte, com a evolução da ferrugem, os programas de aplicação de fungicidas usados atualmente procuram associar ativos para as duas doenças e abrangem aplicações de dezembro ao final de março/início de abril. As formulações mais utilizadas combinam uma estrobilurina e um triazól. A estrobilurina tem ação contra a cercosporiose e sobre a ferrugem, e o triazól apenas contra a ferrugem. A associação de um fungicida cúprico também é indicada, pela sua eficiência contra as duas doenças e sua característica de efeito protetor e largo residual, sua ação tônica e nutricional e sua contribuição para reduzir problemas de resistência dos fungos. 

O sistema indicado para o controle da ferrugem prevê de 2 a 3 aplicações foliares de formulação de fungicidas por ciclo. Para a melhor ação contra a cercosporiose, o ideal seria contar com as três aplicações. As duas primeiras devem cobrir o período de dezembro a fevereiro e coincidem bem com a época de controle da cercosporiose. A última aplicação, em final de março ou abril, muito útil contra ferrugem, já fica tardia e pouco adianta para o controle da cercosporiose, especialmente nos frutos. Um ensaio recente mostrou que nessa aplicação mais tardia, para ferrugem, as formulações usuais (triazól + estrobilurina) pouco ajudam no controle da cercosporiose em frutos. A combinação de um fungicida cúprico, pela sua ação protetiva, esta sim contribui para uma redução do ataque da cercosporiose (tabela 2). 

Em regiões ou situações de lavouras mais sujeitas a cercosporiose, é importante ter maior cuidado com essa doença. Assim, indica-se, ao menos em uma das aplicações iniciais para o controle simultâneo da ferrugem incluir, também um fungicida cúprico, ou então reforçar com uma dose de estrobilurina. 

Tabela 1- Percentagem de infecção de cercosporiose em frutos de cafeeiros por efeito da época de aplicação de fungicida cúprico - Vitória da Conquista (BA), 1980 

Tabela 2- Incidência de cercosporiose em frutos de cafeeiros (em %) amostrados na terceira e quarta roseta, por efeito da aplicação final (em março/2021) de combinação de fungicidas -  Varginha (MG), 2021


Lesões de cercosporiose em folhas de cafeeiros, as típicas, com halo amarelado e centro mais claro (esq.), as lesões negras, sem halo (centro) e os frutos atacados com lesões mais novas, pequenas e mais velhas e maiores (dir.) 

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JULIANO OLIVEIRA ALVES

EM 03/06/2022

A região das matas de minas sofreu muito com cercosporiose e com pseudômonas. Está em nível de epidemia. De maneira que se as condições climáticas permanecer igual o que está previsto para o mês de junho e julho, nós vamos ter uma perca na produtividade para safra 23/24.

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