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O que falta ao café

ESPAÇO ABERTO

EM 30/12/2013

3 MIN DE LEITURA

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O Brasil cultiva o café desde 1727, quando a história registra que o grão veio da Guiana Francesa, numa operação nebulosa, e ganhou as terras deste país liminarmente produtivas, com mão de obra escrava abundante e climas adequados à expansão dessa cultura, com larga tradição econômica, social e política. Até hoje, entre avanços e retrocessos, ainda persiste um elenco de problemas que afetam a economia cafeeira e os ganhos mais substantivos com esse grão se fazem depois da porteira da fazenda. São restritos e ainda emergentes os “nichos” que produzem e vendem cafés de qualidade a preços compensatórios em relação ao universo de cafeicultores, principalmente em Minas Gerais, que soma mais de 100 mil propriedades. Pode-se afirmar que na sua cadeia produtiva quem menos ganha está dentro da porteira da fazenda numa série histórica. A Alemanha domina o comércio mundial de café e não planta nem um pé.

São consideráveis as inovações tecnológicas adotadas pelos cafeicultores mineiros e elas são disseminadas, em nível de campo, pela Emater-MG, Epamig, universidades e institutos federais, Embrapa Café, cooperativas, entre outras fontes confiáveis. E a adoção de boas práticas na cafeicultura está claramente vinculada aos mercados estimulantes ou restritivos, sendo também uma cultura muito exigente para que se tenha um café de qualidade e numa perspectiva de sustentabilidade socioeconômica e ambiental. O Censo Agropecuário de 2006, ainda vigente, revelou, à época, que 113.903 estabelecimentos rurais praticavam a cultura cafeeira para consumo/vendas no mercado. Por que Minas ainda não tem uma política de agroindustrialização do café, sabendo-se que 70% do grão arábica exportado pelo Brasil tem origem no estado? Entre 2006 e 2012, as exportações mineiras do complexo café foram de US$ 24,34 bilhões, apenas superadas pelo minério de ferro.

Em 2011, uma pesquisa realizada numa parceria entre a Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSuldeminaS) revelou muitos dados interessantes e cuja amostragem atingiu os cooperados nos municípios de Botelhos, Cabo Verde, Campestre, Juruaia, Muzambinho e Nova Resende, cidades cuja fonte de renda da maioria da população gira em torno da lavoura cafeeira num estratificado de até três hectares e chegando acima de 150 hectares ao focar o tamanho das propriedades. A média de ocupação de terra com café foi de 45,06% do total de 400 questionários aplicados, uma amostra representativa, e 74,13% dos produtores têm na cafeicultura a principal fonte de renda. O tamanho médio das propriedades atingia 25 hectares e onde se pratica a cafeicultura de montanha no Sul de Minas. Vale lembrar que 96,35% dos entrevistados têm televisão; celular (89,84%); internet (27,60%); e computador (36,28%). Essa rede de informação é estratégica à tomada de decisão. A motocicleta é um bem acessado por 59% e aumenta a mobilidade do produtor, no que couber.

Apenas 1% dos cafeicultores têm certificação, embora adotem inovações tecnológicas na cultura. Nova Resende teve o maior número de pequenas propriedades com até oito hectares, que em números absolutos se referem aos 125 cooperados da Cooxupé, entrevistados. Os 95,58% dos cooperados pesquisados nunca foram acionados por ações trabalhistas, o que reflete o cumprimento de leis vigentes e a base da mão de obra ser familiar. Um dado relevante. Atingia os 74,80 % os produtores com a posse da terra entre 10 e mais de 20 anos e quase 50% tinham a reserva legal, sendo que 92% acompanham os preços do café. Com relação à escolaridade, no conjunto, 74% terminaram os ensinos fundamental e o médio, sabendo-se que o acesso à educação tem relação consistente com a capacidade de inovar. Estima-se em até 89% as lavouras que, sob orientação técnica, podem produzir café com mais qualidade, e 91,14% alegaram que produzem café classificado como bebida dura. Em 2011, a média informada pelos produtores era de 39,45 sacas por hectare.

E mais, 90,1% dos entrevistados descartam corretamente as embalagens de agrotóxicos, o que é muito importante à qualidade do meio ambiente. Para 77% dos produtores, o bicho-mineiro é a principal praga e 85% afirmaram que a ferrugem exige muita atenção e controle.Com relação ao mercado, 98% dos cafeicultores dessa amostragem fazem os seus negócios por meio da cooperativa. A pesquisa ainda aborda os seguintes temas relevantes: caracterização das propriedades, sistemas de produção, aspectos socioeconômicos, leis trabalhistas, trabalho, saúde e meio ambiente. Para administrar é preciso conhecer; para conhecer é fundamental pesquisar; e para adotar as inovações é indispensável um amplo diálogo com quem planta e cria, sempre numa perspectiva de mercado e também na ótica sustentabilidade socioeconômica e ambiental. Faz sentido uma ampla discussão sobre uma agência para cuidar da economia cafeeira do campo à mesa do consumidor nos mercados interno e externo.

O artigo é do Engenheiro Agrônomo Benjamin Salles Duarte, publicado no Estado de Minas, adaptado pelo CafePoint

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JÚNIOR MEDEIROS

MUTUM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 06/01/2014

Artigo muito bom. O Produtor de café do Brasil tem avançado muito no que diz a produção e também qualidade. O nosso grande desafio hoje é comercializar bem nosso produto. É absurdo pensar que o maior produtor de café do mundo não tenha domínio sobre o mercado de café. Por que os produtores (do mundo) não se organizam a exemplo como fizeram os países produtores de petróleo ( OPEP) controlando a produção frente a demanda? nos falta planejamento, organização. Enquanto isso vemos nossa classe cada vez menos remunerada e desmotivada. Uma pena.
WANTUIL LOPES SILVA

CRISTAIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 06/01/2014

Arnaldo bom dia, olhe voltando ao artigo do Dr. Benjamin, quero dizer-lhe o seguinte: o Brasil tem que agregar valor ao nosso produto "CAFÉ", não tem outra saída. Quando digo Brasil, eu quero englobar todo o seguimento: Governo, CNA, Cooperativas, Associações de Produtores e demais órgãos ligados ao setor, inclusive o setor comercial que ganha horrores com esta commoditie. Tenho uma pequena vivência no setor, pois trabalhei no instinto IBC, no setor da extensão rural, no MAPA, EMATER, COOPERATVA etc.
ARNALDO ALVES VIEIRA

SÃO SEBASTIÃO DA GRAMA - SÃO PAULO

EM 05/01/2014

Bom Artigo, mas precisamos urgente de maior representatividade junto ao Governo ! no caso da Cafeicultura de Montanha, que não tem mecanização, demanda mão de obra intensiva, (que está desaparecendo), cujo custo, principalmente na época de colheita inviabiliza a atividade ! e o Governo so pensa em desonerar impostos da Industria ! pq está melhor representada ! temos que nos mexer, pq niguém fara isso ´por nós !
NILSON CESAR COIMBRA

TRÊS PONTAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/01/2014

Bom no meu entender o que falta no café é mais pesquisa,não só em produtos defensivos mais em tecnologia em implementos e maquinas,estamos a anos luz do milho,soja e outras culturas em pesquisa,não são culturas perenes! alguns vão dizer,  mais é só olhar as culturas em reenk como oliva,maçã e outros na Europa estão muito avançados em tecnologia com relação a nossa.

também estamos completamente sem apoio governamental no tange a politicas de proteção e incentivo,como crédito de carbono por exemplo,quer floresta maior que os cafezais?  
WANTUIL LOPES SILVA

CRISTAIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/01/2014

Pois é, ou bem ou mal, até o governo do famigerado Collor, tínhamos o IBC que executava alguma coisa a nosso favor cafeicultores e do país também. Não quero de maneira alguma discutir se executava a política de maneira correta, mas hoje ele já podia ser o início da aludida, AGÊNCIA do café.
LUIZ FERNANDO VILELA DE ANDRADE

JOAQUIM TÁVORA - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 03/01/2014

Inicio 1727 hoje 2014, em quase 300 anos um negocio que sobrevive sem apoio nenhum, enquanto isso a Alemanha nada de braçada aproveitando o que o pobre brasileiro da montanha sua para produzir, isso é o Brasil
JOSÉ EDUARDO MENEZES MENDONÇA

CARMO DO PARANAÍBA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/01/2014

Prezados,

Muito coerente o artigo! Sem dúvida dentro da porteira somos,relativamente, muito eficientes! Mas para mim, a pergunta continua...O que falta ao café?
CLÁUDIO BARBOSA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/01/2014

Parabenizo o articulista Benjamin Duarte: com base em informações - independentemente de sua confiabilidade é que existe de melhor - fez a pergunta certa e finalizou chamando a discussão.

Permita-me apenas uma observação, Benjamin: se essa agência for governamental as chances dela funcionar corretamente (para mim "funcionar corretamente" é simplesmente priorizar, mas não exclusivamente, o lado dos produtores) e, mais importante, apresentar resultados mensuráveis, é praticamente zero.

Cláudio Barbosa.
MARIA ÉLIDE BORTOLETTO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/01/2014

Muito bom o artigo, lamentável é o descaso do governo com tão importante produto agrícola. Esperamos que 2014 traga novas esperanças para a recuperação do café.

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