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O caminho é o planejamento

POR AGUINALDO JOSÉ DE LIMA

ESPAÇO ABERTO

EM 11/07/2006

4 MIN DE LEITURA

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Muito preocupantes as incertezas, realidade dura e difícil desse momento da atividade rural. Discutir, analisar, repensar, aprender e concluir por estratégias e atitudes que possamos sobrepor o difícil momento que enfrentamos é condição obrigatória de ação e trabalho, de forma individual e em nossas entidades de representação. Articulação e mobilização são palavras de ordem e deveres que por mais desanimados que estejamos, temos que agir e agir rápido.

Os cereais com péssimos preços, o preço da arroba do gado afetado ainda pelas conseqüências da aftosa, o leite a preços aviltantes, frangos e suínos enfrentando o mau humor do mercado externo e o café tido como a salvação da lavoura.

Enquadrado no grupo dos 3Cs - Citros, Cana e Café, como produtos que vivem bons momentos, no caso dos dois primeiros pode até ser verdade, mas o café está longe do que esperávamos, nos decepciona dramaticamente e entra na nova safra com um patamar de preço muito abaixo do que seria necessário para garantir o mínimo de remuneração. O mercado mais uma vez nos aplica uma rasteira incompreensível pela lógica estatística e sucumbe frente à lógica especulativa dos grandes Fundos que operam na Bolsa de Nova York. Adicionamos a isso o desastroso câmbio, com o dólar enfraquecido frente ao real.

Brigar contra ou questionar os movimentos insanos das forças dos mercados especulativos, de pouco adianta, como aprendemos, ao longo dos anos. Temos que fortalecer nossas organizações de classe, construir um planejamento estratégico, elaborado e ungido por todos os segmentos do Agronegócio Café, negociado e apoiado pelo Governo. Medidas de recomposição de dívidas novamente entram na pauta, recursos a tempo e a hora, plano de safra que contenha mecanismos de ajustes simples e não intervencionistas para equilibrar oferta e demanda.

Isso é redundante e soa como mesmo discurso igual e enjoativo de décadas. Mas porque razão não achamos a solução, se sabemos o caminho?

A cafeicultura brasileira apesar das muitas dificuldades em que, a cada ano, é uma história diferente com problemas diferentes, tem amadurecido e avançado muito na sua representatividade de classe. Hoje o CNC - Conselho Nacional do Café tem atuado de forma técnica, profissional e em conjunto com a CNA - Confederação Nacional de Agricultura, nos dando o forte reconhecimento da representatividade necessária.

As demais entidades do agronegócio, a ABIC da indústria de torrefação, a ABICS da indústria do solúvel e o CECAFÉ da exportação, há muito são profissionalizadas e tem atuado a altura da grandeza do agronegócio café. Os quatro segmentos têm dado mostras dessa maturidade que me refiro na solução de questões fundamentais do nosso negocio no fórum do Conselho Deliberativo da Política de Café - CDPC. O Governo por sua vez, através de seus representantes no CDPC, sempre demonstra conhecimento do assunto, bom senso e agilidade na busca de soluções dos problemas apresentados. Se tudo isso funciona, me pergunto novamente: Porque razão não achamos a solução, se sabemos o caminho?

O Brasil é seguramente o melhor e maior país produtor de café, o segundo maior consumidor, tem a segunda maior indústria de processamento do mundo, possui um Fundo especifico, o FUNCAFÉ, tem uma invejável estrutura de preparo e escoamento de produção.

Nesse cenário, o café apresenta um quadro que aponta para preços melhores no futuro, em razão de um simples fundamento de mercado - demanda maior que a oferta. Como é de conhecimento de todos o Brasil terá em junho, julho o menor estoque de passagem dos últimos tempos. É certo que enfrentamos nesse momento a angústia dos preços ruins no curto prazo, descapitalização e sérias dificuldades de encarar os custos de colheita. Mas ninguém duvida de preços melhores no futuro próximo.

Analisando isso me pergunto novamente: Porque razão não achamos a solução, se sabemos o caminho?

Observando os países mais desenvolvidos, empresas mais bem sucedidas, percebo que uma ação comum é básica em todos, o "Planejamento". Aturdidos pelo dia a dia, preocupados com a correria cotidiana, preocupados com os problemas e com os leões que, todos os dias, temos que enfrentar, sempre deixamos o tal do "planejar" para depois, quando tivermos tempo.

Pois bem, nesses países e empresas trabalha-se muito tempo no planejar, em arquitetar estratégias e nada é colocado em prática sem muitas e muitas horas de reuniões, estudos e discussões. Somos uma cultura do imediato, do improviso, colocamos a idéia em pratica já e depois vamos ajustando, improvisando, dando um jeitinho.

Repeti as três perguntas acima propositadamente para fazermos esse exame de consciência e agirmos como empresários que se moldam nos bons exemplos. Fico encantado com os japoneses que tanto discutem e se reúnem, que provocam em nós negociadores brasileiros uma falta de paciência terrível. Fico atônito ao ver os europeus insistirem nas perguntas e nos procedimentos de planos e estratégias, parecem que duvidam de nós "veja se isso é possível?". Fico impressionado com a frieza dos planejamentos dos americanos nos negócios.

O que há de errado com conosco? Sabemos os caminhos, temos ambientes favoráveis, temos estruturas invejáveis e acabamos sempre enfrentando os mesmos problemas dos quais reclamamos há décadas. Será que nos falta humildade para reconhecer nossas incompetências, será que nos falta tempo? Mas tempo é uma questão de competência. Nos falta interesse? Isso é impossível.

Finalmente temos que romper com essa nossa cultura do improviso e aprender a Planejar... Planejar... Planejar, porque ainda teremos a lição de casa posterior que é: Disciplina... Disciplina... Disciplina, mas isso fica para um próximo momento.

Quanto mais falarmos e repetimos essa idéia, mais incutiremos no nosso subconsciente que temos que planejar tudo e em detalhes, tudo antes de por em prática. Aliás não só na cafeicultura, mas em tudo na vida. Finalizando, que coloquemos todos os nossos esforços num grande planejamento estratégico de nosso negócio.

A hora é essa e não a seguinte. Que tenhamos uma boa colheita de frutos e lucros.

AGUINALDO JOSÉ DE LIMA

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MAURÍCIO SÉRIO SILVA

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/09/2006

Excelente artigo!

O planejamento é o alicerce, e a base de tudo o que queremos construir. As surpresas devem ser evitadas, e com planejamento conseguimos nos livrar delas.

Saber quanto custa o que se produz é o mínimo necessário para sobreviver na atividade agrícola, e quem não aprender esta lição, em pequeno espaço de tempo, estará mudando de ramo de trabalho.
MURILLO FORESTI JUNIOR

EM 26/08/2006

Muito bom o artigo, concordo em tudo o que foi dito acima.

Precisamos por parte do governo de políticas agrícolas que dêem sustentação à produção cafeeira, durante toda a cadeia produtiva...

Não adianta proteger um lado facilitando comprar fertilizantes se desprotegermos o outro lado, deixando desprotegido o cafeicultor na hora da colheita ou comercialização.

Precisamos por parte do produtor, planejar, profissionalizar o negocio, ter visão empresarial do negocio, termos produtividade, baixar custo, reduzir despesas, etc, mas para isso, precisamos de administração rural. Infelizmente, com pouca margem de erro, posso dizer que 99,99999 % dos cafeicultores de café não sabem o custo real de seu produto...É triste!
ARI DE OLIVEIRA FILHO

MANHUMIRIM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/07/2006

Parabenizo o amigo Aguinaldo pelo artigo tão valioso e publicado em tão oportuna hora.

O nosso problema, e do brasileiro em geral, é que não planejamos, e, quando o fazemos, na maioria das vezes, não temos disciplina suficiente para cumpri-lo.

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