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Estoques minguando pressionam cotações futuras do café

ESPAÇO ABERTO

EM 18/09/2020

4 MIN DE LEITURA

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Por Celso Vegro*

Os gastos públicos destinados para o enfrentamento dos ônus surgidos com a pandemia (R$ 511 bilhões em 2020)2 têm atingido patamares que começam a preocupar os investidores privados. Com a sedução, de caráter populista, que tais políticas têm suscitado, surge desconfiança com o compromisso de manter a saúde fiscal do Estado, associado a diversas pressões ministeriais para que se rompa com o chamado de teto dos gastos (limite legal das despesas orçamentárias). Para manter esse ritmo de despesas públicas, serão acentuados os cortes nos investimentos e as pressões pela majoração dos impostos, elementos que represam as decisões privadas de investimento. Nesse contexto de aumento da incerteza, a alavancagem do câmbio com depreciação do real é um resultado esperado. Em agosto, a média semanal da PTAX exibiu desvalorização do real de 4,31% (Figura 1).      

No mercado brasileiro as oscilações cambiais são, normalmente, acompanhadas da variação na cotação das commodities negociadas em bolsa de mercadorias. Em razão desse fenômeno, as cotações do arábica foram pressionadas a partir da segunda quinzena do mês, marcando em agosto (segunda posição de dezembro, na média da quarta semana do mês) US$ 122,78/lbp, ou seja, incremento nas cotações frente à média da primeira semana do mês de 1,53% (Figura 2).

Adicionalmente, a manutenção por parte da autoridade monetária estadunidense de juros próximos de zero incentiva os investidores do mercado cambial a se desfazerem das opções em dólar, buscando refúgio nas commodities (ouro exibe cotações recorde histórico).

Dois outros componentes contribuíram para a alavancagem das cotações no mercado futuro de café arábica: a) continuada queda dos estoques americanos certificados que registraram o menor volume nos últimos 24 meses; e b) redução de 4,8% na produção vietnamita3.

A média dos preços recebidos pelos cafeicultores paulistas na região de Franca, estado de São Paulo, em agosto de 2020 foi de R$ 577,49/sc.4, com valorização do produto ao longo do mês de 15,09%. Esse preço médio representa, ao dólar médio de R$ 5,46/US$, o valor de US$ 105,77/sc. ou, após efetuadas as devidas conversões, US$ 139,90/lbp. Cotejando essa cotação com aquela destacada para quarta semana do mês, em segunda posição, e descontados 20% relativos ao diferencial, taxas e emolumentos, constata-se que existe potencial para extração de vantagem financeira para os cafeicultores que contrataram hedge no mercado futuro.

As cotações futuras no mercado de café robusta transacionado na Bolsa de Londres acompanharam o movimento observado para o caso do arábica, com alavancagem das cotações a partir da segunda quinzena do mês, exibindo incremento de 3,98% entre a média da primeira semana e da quarta semana em segunda posição (novembro de 2020) (Figura 3).

Em julho de 2020, o Brasil embarcou 2,96 milhões de sacas, representando o segundo melhor mês de julho na história das exportações de café(Tabela 1). No período de janeiro a julho de 2020, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, o conilon registrou incremento de 16,45% nos embarques, totalizando 2,58 milhões de sacas.

Em agosto, os fundos e grandes investidores do mercado de café arábica, em Nova York, mais compraram do que venderam contratos de café no mercado futuro, resultando em posição líquida positiva crescente, semana após semana do mês (Tabela 2). Aparentemente, o jogo no mercado se modificou para o monitoramento da safra 2020/21 (ciclo de baixa no Brasil), antecipando altas que normalmente ocorrem no último trimestre do corrente ano e primeiro do ano seguinte. Ademais, o excesso de liquidez internacional (injeção monetária para mitigar os efeitos da pandemia), tem contribuído para alavancar as cotações das commodities em geral, pois nesse mercado os investidores encontram a proteção necessária para a preservação de seu patrimônio"

A manutenção do patamar de consumo em nível positivo apesar da crise pandêmica surpreende os analistas desse mercado. Variações positivas de dois dígitos foram relatadas nos principais mercados consumidores da bebida. Tal constatação causou, inclusive, reversão do patamar de superavit dos estoques finais por parte da OIC6. Essa revisão das estatísticas globais, sem dúvida, contribui para um cenário mais otimista para os preços, reconhecendo sobretudo que a safra brasileira de 2020/21 será de ciclo de baixa.

No horizonte próximo, a entrada da safra dos lavados centrais e colombianos pode ser um elemento baixista no mercado, assim como o pegamento da florada no Brasil (que foi antecipada com as recentes chuvas ocorridas em agosto). Outro elemento de risco para o mercado de commodities consiste no resultado das eleições estadunidenses que ocorrerão em novembro próximo. Esses elementos são capazes de modificar a tendência de preços alavancados, sendo, portanto, boas as expectativas de manutenção de alta para os preços. A safra 2019/20 foi um marco na história econômica do café brasileiro, reunindo portentosa colheita, qualidade excepcional e preços remuneradores para os cafeicultores com patamar médio de produtividade (entre 25 sc./ha e 30 sc./ha). Essa capitalização dos produtores se refletirá nas estimativas de safra que chegarão, possivelmente, com números mais otimistas assim que as floradas surgirem. 

*Celso Vegro é engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

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1O autor agradece o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido por Paulo Sérgio Caldeira Franco, Agente de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA.

2CUCOLO, E.; QUEIROLO, G. Limite de despesas impõe disciplina fiscal. Folha de São Paulo, São Paulo, p. A20, 30 ago. 2020.

3ALBUQUERQUE, N.; PRESSINOTT, F. Commodities: Queda de estoques americanos eleva preço do café em NY. Valor Econômico, São Paulo, 31 ago. 2020. Disponível em: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2020/08/31/commodities-queda-de-estoques-americanos-eleva-preco-do-cafe-em-ny.ghtml. Acesso em: ago. 2020.

4INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Preços médios diários recebidos pelos produtores. São Paulo: IEA, 2020. Disponível em: https://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx?cod_sis=6. Acesso em: 6 jul. 2020.

5VEGRO, C. L. R. Café: qvo vadis covid 19. Rede Social do Café, São Paulo, 25 ago. 2020. Disponível em: https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=86643. Acesso em: ago. 2020.

6Op. cit. nota 5

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