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Custo de produção de café exige atenção redobrada

POR JORGE QUEIROZ

ESPAÇO ABERTO

EM 27/07/2007

7 MIN DE LEITURA

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Fui questionado, recentemente, por um grupo de produtores de café da região do Triângulo Mineiro/MG, sobre a possibilidade do dólar voltar ao que era antes.
O questionamento tinha lá uma certa dose de preocupação. E não era pra menos. Afinal, em fevereiro de 2003, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 3,59 (média mensal). Em contrapartida, nos últimos 20 dias do mês de julho de 2007, essa mesma moeda apresentava uma cotação de R$ 1,88 (a média dos 20 dias), o que significou uma variação negativa, no período - de aproximadamente quatro anos -, próxima dos 50%, conforme pode ser constatado no quadro que discriminamos a seguir.

Gráfico 1: Variação do dólar de fev/03 a jul/07 (média mensal)


Fonte: Banco Central do Brasil

É importante que o cafeicultor tenha em mente que o dólar não vai voltar mais àqueles valores (em reais), que eram praticados anteriormente. Essa afirmação está fundamentada na realidade econômica que o país vive hoje. A maioria dos indicadores macroeconômicos relativos à economia brasileira estão apresentando números extremamente favoráveis e tudo isso acaba funcionando como um indicativo para que o fluxo de capital estrangeiro se direcione para o Brasil. E está entrando muito dólar no país!

Dos US$ 30,0 bilhões relativos a compra de ações de empresas que recentemente abriram o seu capital na Bovespa - Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, nos últimos anos, 70% referem-se a investimentos estrangeiros. Ainda sobre o índice Bovespa, é bom destacar que recentemente ele bateu, pela trigésima segunda vez, consecutiva, o seu próprio recorde ultrapassando a marca dos 58.000 pontos.

Por outro lado a inflação está demonstrando que está totalmente sob controle. Em 2006, o IPCA - que é o índice que serve de base para se estabelecer a inflação -, ficou em 3,1%. A minha previsão para 2007 é que esse índice se posicione por volta dos 3,7%, portanto bem abaixo dos 4,5%, que é o centro da meta sugerida pelo governo para o ano de 2007, e, em 2008 a inflação deverá ficar por volta dos 4,0%.

No dia 18/07/07, o Banco Central, mais uma vez, reduziu a taxa Selic em 0,5 pontos porcentuais, passando para 11,5%. Essa já é a décima sétima vez, consecutiva, que o COPOM realiza cortes na Selic. De setembro de 2005 a julho de 2007 aquele Comitê já reduziu os juros em 8,25 pontos porcentuais, o que representou um dos maiores ciclos de queda da Selic. Com essa decisão o Brasil deixou de ocupar a liderança dos maiores juros reais (que é a taxa que considera o desconto da inflação projetada para os próximos 12 meses), praticados no mundo. Caímos de 8,3%, para 7,7% ao ano. A Turquia, agora, vem em primeiro, com 8,2%.

As nossas reservas cambiais já ultrapassaram os US$ 150,0 bilhões, o que torna o país menos vulnerável às crises econômicas internacionais que ocorrem de forma cíclica. Esse também é um indicador que transmite segurança aos investidores, uma vez que a possibilidade do país vir a dar um calote na comunidade financeira mundial, fica praticamente descartada.

O Brasil chegou a ter a maior dívida externa do mundo e hoje está praticamente zerando essa dívida de médio e longo prazo, passando da condição de devedor, para a de credor externo líquido.

A perspectiva para o saldo na balança comercial é de chegarmos a US$ 45,0 bilhões em 2007 (em 2006 esse saldo foi de US$ 46,0 bilhões). Vale ressaltar que com o real valorizado, as importações ganharam fôlego e daí a projeção para 2007 ser menor do que a de 2006. Isto, no entanto, não significa que estamos exportando menos. De janeiro a maio de 2007, as exportações atingiram US$ 58,0 bilhões, o que significa um incremento de 20,1%, em relação ao que foi exportado no mesmo período do ano anterior.

Com relação ao superávit primário, nos cinco primeiros meses do ano - janeiro a maio de 2007 -, o governo já havia economizado R$ 60,0 bilhões para pagar os juros da dívida. Isso equivale a 63% da meta do superávit primário para todo o ano de 2007.

A minha previsão é de que o crescimento do PIB brasileiro deverá alcançar 5,0% em 2007 e em 2008 ficará em 5,5%. No início deste ano a maioria dos analistas de mercado afirmavam (alguns com veemência) que o crescimento do PIB em 2007 ficaria entre 2,5 e 3,0%. É importante destacar também, que nos três últimos trimestres o país cresceu acima dos 4%, o que vem mostrando uma consolidação do ciclo de crescimento.

O Brasil já acumula 21 trimestres consecutivos de expansão, fato que não ocorria desde o ano de 1986.

A situação econômica do país vem se mostrando tão favorável que o risco Brasil já chegou a atingir, neste ano - 2007 -, a marca dos 139 pontos. Só para efeito comparativo, no ano de 2002 esse mesmo risco estava acima dos 2.000 pontos.

As agências internacionais de avaliação de risco estão a beira de classificar o país em grau de investimento ("investment grade"). Isto significa que a probabilidade do Brasil dar um calote junto aos seus credores internacionais, é desprezível ou praticamente nenhuma. Nesta condição, o país estaria credenciado a receber créditos externos, a taxas de juros bem reduzidas, o que significa que mais dólares estarão chegando por aí.

Muitos investidores, se antecipando a essa classificação do país à condição de grau de investimento, estão deslocando parte de suas aplicações para o Brasil. Uma parcela desse dinheiro está destinada a aplicações consideradas especulativas, obviamente que para aproveitar as taxas de juros, que, momentaneamente, se encontram, ainda, num patamar elevado - apesar dos freqüentes cortes na taxa Selic que tem sido efetivados pelo Banco Central. Um outro grupo de investidores - e não menos desprezível -, está direcionando o seu capital para os chamados investimentos produtivos.

O saldo disso tudo é que diariamente está ocorrendo uma entrada maciça da moeda estrangeira no país. O Banco Central tem atuado na ponta de compra tentando atenuar os efeitos dessa super-oferta de dólar no processo de valorização do real. Entretanto, o saldo dessas atuações feitas pela autoridade monetária, junto ao mercado de câmbio, não tem sido tão alentadoras assim. O dólar fechou na sexta-feira, dia 20/07/07, cotado a R$ 1,857. No decorrer da semana (de 16 a 20/07/07), ele sofreu uma variação de 0,75% - passando de R$ 1,871 na segunda-feira, 16, para R$ 1,857 na sexta, dia 20.

Os produtores de café tem que ficar ciente de que essa realidade não deverá se alterar, pelo menos nos próximos dois anos. Vai continuar chegando muito dólar no país. O Brasil passou a ser uma excelente opção de investimento para o capital internacional. Aliado a isso, temos também que ressaltar que existe uma liquidez desproporcional mundo afora, o que acaba exponenciando essa tendência.

Com base nisso estou prevendo um dólar num patamar de R$ 1,80 até o final de 2007 e de R$ 2,00 no final de 2008. Com toda a certeza, isso não será um fato positivo para os setores que atuam na área de exportação, exatamente onde o café se inclui.

Portanto, diante desse cenário, o cafeicultor deverá controlar, com muita atenção - e na ponta do lápis -, tudo que se relacionar aos seus custos de produção. Nada poderá ser desperdiçado. A cafeicultura do país está vivendo um momento de seletividade.

Os pequenos e médios agricultores deverão - se possível -, procurar os escritórios do Sebrae nas sedes dos seus municípios para conhecerem de perto alguns processos de gestão empresarial.

Os pequenos cafeicultores tem que deixar de lado o improviso e trabalhar com a idéia exata de que a sua propriedade deverá ser administrada (deverá ser "tocada") como uma empresa, onde se controla todos os custos e todas as receitas.

O produtor deverá ficar "antenado" à sua produtividade (número de sacas produzidas por hectare). A tendência, sempre que possível, deverá ser crescente.

Estamos sugerindo que, quando houver a necessidade de se fazer um replantio ou mesmo que seja necessário fazer uma plantação de um novo talhão, que se procure utilizar o plantio adensado, e que este plantio seja feito com essas novas variedades mais produtivas e mais resistentes, ainda que elas - essas novas mudas -, sejam as mais caras.

Pode ter certeza que na hora da colheita vai valer a pena ter pago um pouco mais pela muda que foi desenvolvida após anos de pesquisa. Que se procure também, desenvolver projetos de irrigação (quando este for indicado tecnicamente) nas suas propriedades. Procurem fazer projetos de irrigação bem elementares e de baixo custo - por gotejamento, por exemplo.

Peçam sempre o auxílio dos escritórios da Emater na sua localidade, ou aos agrônomos das cooperativas a que vocês - produtores -, forem associados. Tente melhorar os tratos culturais, e muito cuidado na hora da colheita, para não perder na qualidade do grão e da bebida.

Fora isso, só posso desejar que todos tenham uma boa sorte!

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NESTOR REIS FILHO

CAMPO BELO - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 04/10/2011

Parabens ao  Draco por ser objetivo, o que precisa é o cafeicultor abstrair de suas vaidades, e ajudar na administração do seu sindicato tanto de produtores como de trabalhadores rurais e exigir das COOPERATIVAS uma administração profissionalista não deixando seus DIRIGENTES, levarem vantagens pessoais com políticos inesclupulosos.

Resumindo : Os pequenos e médios cafeicultores tem que entender que essas políticas de emergências tem que serem exigidas de baixo para cima via sindicatos e cooperativas

Nestor Reis Filho        
CESAR DRACCO

RIO CLARO - SÃO PAULO - TRADER

EM 23/10/2007

Ilmo.Sr.Jorge Queiroz,

Sabemos que muito capital estrangeiro entra no país, somente desconhecemos aonde e com que critérios estes recursos são aplicados. No setor cafeeiro, com certeza não! Creio que ao contrário de aconselhar o produtor a cortar gastos (que neste momento só pode tratar-se de brincadeira ou desconhecimento de sua parte) ou procurar o Sebrae (com todo o respeito ao orgão não o considero habilitado a treinar produtores experientes e com conhecimento empírico e não teórico da questão), o senhor deveria aconselhar seus pares no governo a adotar políticas de emergência para alavancar a produtividade e gerar mais incentivos e subsídios ao setor, que vale a pena ressaltar, é o maior exportador de café do planeta.

Infelizmente é tratado como "classe" e "não como classe contribuinte" e responsável também pela entrada de muitos recursos neste país. Lamentavelmente com pouca representatividade política junto ao congresso e, portanto, impossibilitado de negociar com o governo em bases confiáveis.

Ainda considero o estado responsável por parte dos problemas que o cafeicultor enfrenta neste momento (principalmente os pequenos e médios produtores). Posto que recolhe impostos junto ao estado e tem o direito de ter estes impostos convertidos em benefícios para o setor. Existem duas realidades e dois interesses neste país: a do governo e a da sociedade, ambas distintas. Uma boa sorte para o senhor também!

Cordialmente,

Cesar Draco
VEBER LUCAS DE LIVEIRA

JACUÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/07/2007

São de artigos como estes, embasados em fatores técnicos, que nós cafeicultores necessitamos para nos balizarmos em nossas decisões. Parabéns pela colocação simples e concisa, obrigado.

Gostaria que comentasse sobre aumento de consumo mundial, baixa produção brasileira, redução dos estoques internacionais que realmente deveriam pontuar os paradigmas mercadológicos da lei de oferta e procura de toda commodity, para sabermos se há possibilidade de uma alta significativa em dólar de nosso produto.

<b>Prezado Veber,</b>

Agradeço pelos elogios que você formulou com elação ao meu texto sobre custo de produção de café e dólar.

Sobre o seu questionamento a respeito do consumo mundial de café, tenho a comentar que a tendência é que realmente o mundo vai beber mais café nos próximos anos. A cada ano a China inclui no seu mercado de trabalho cerca de 35,0 milhões de pessoas. Isso equivale a população da argentina. No segundo trimestre deste ano - 2007 -, aquele país registrou um incremento do PIB da ordem de 11,9%. Já existem 400 lojas da Starbucks em território chinês. Até mesmo a Cooxupé, aqui do Brasil, já instalou - juntamente com dois outros sócios -, duas cafeterias na cidade de Xian.

O número de consumidores no mundo está crescendo rapidamente, principalmente nos países em desenvolvimento, exatamente porque as grandes empresas transnacionais, visando obter uma economia em escala, estão transferindo as suas bases de produção para esses países com o objetivo de se beneficiarem com a mão de obra barata e abundante.

Portanto China, Índia e outros países asiáticos, bem como alguns países do leste europeu deverão demandar um volume maior de commodities agrícolas nesses próximos anos, incluindo aí o nosso café. Alguns desses países já são conhecidos como tradicionais bebedores de chá. Entretanto, a população mais jovem acaba adotando, com maior facilidade, hábitos provenientes do ocidente.

Com relação ao seu questionamento sobre a produção brasileira, como todos nós já sabemos, neste ano de 2007, estamos atravessando um ano de bienualidade negativa (de baixa produção). A Conab, na sua segunda estimativa de safra - abril de 2007 -, estava projetando uma produção de 32,06 milhões de sacas.

Para a safra 2007/2008, em função dos produtores estarem com os seus preços de venda (nos dias de hoje) próximo do preço de custo (isto com relação ao café arábica que representa 75% da produção brasileira), imagino que seja limitada a capacidade dos cafeicultores de promoverem os tratos culturais de forma adequada. Esse talvez seja um fator limitante para que ocorra um incremento substantivo da produtividade (número produzido de sacas por hectare).

Acredito ainda que as perspectivas para o mercado de café, no médio prazo, seja favorável. Afinal o consumo em expansão, a oferta limitada e os estoques reduzidos, são ingredientes que fazem supor que os preços do produto deverão se deslocar para um patamar um pouco mais acima.

Quem viver verá!

Mais uma vez muito obrigado.

Jorge Queiroz
Analista de Mercado de Café da Conab
LUIZ CLAUDIO REZENDE WASHINGTON

TRÊS PONTAS - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 30/07/2007

Bem pé no chão! Excelente!
ARNALDO REIS CALDEIRA JÚNIOR

CARMO DA CACHOEIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/07/2007

Parabéns Jorge Queiroz, pela análise feita no texto acima; foi uma análise inteligente e de bom senso.

Sua sugestão seria bem atendida, caso já não estivéssemos "cortando à carne", pois a gordura à muito tempo já não temos para cortar. Estas reduções de custo sugerida por vossa senhoria, há muito tempo já temos praticado; acontece que o solavanco desta política cambial, foi o golpe fatal ou poderia dizer letal, para o setor produtivo dos cafés do Brasil.

Não bastasse este fato, as imposições e obrigações sobre o setor produtivo são muito grandes; e não bastasse isto, temos o problema do clima, que a cada dia nos remete a grandes problemas, e de muitas variáveis, as quais não conseguiremos mais controlar, prejudicando assim nossa produção e nossa produtividade.

Sendo assim posso afirmar que teremos que cortar os ossos.

Será que valerá à pena?

Saudações.

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