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Café: Separação de Famílias

POR JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 09/04/2009

5 MIN DE LEITURA

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A Cafeicultura de arábica envelhecida, doente e em processo de agonia, merece algo digno e profissional para se reerguer resgatando a presença e respeito que já possuiu.
Há muitos anos seus dirigentes, sempre os mesmos, se alternam no poder e não mudam o discurso obsoleto, ultrapassado e improfícuo. A herança da inércia, incapacidade e impotência se faz presente no comando desta atividade, há décadas, necessitando ter um ponto final.

Dívidas, dívidas, dívidas...e mais nada, sendo que estas geralmente são conseqüências de má gestão, a principio e em sua maioria, provocada pela ausência de gerenciamento dinâmico e eficaz dos produtores e potencializada pela visão míope dos dirigentes, que se recusaram a alertar para os problemas que iriam surgir, cientes destes, porém, não conscientes, por viverem alienados em relação às tendências e perspectivas nacionais e internacionais.

Não adianta culpar o mercado internacional, prova disto é que o preço médio do café nos últimos anos esteve em valores muito superiores à média. Culpar o governo também não adiantará, apesar de ter sido o responsável pela manutenção da valorização do real em relação ao dólar, prejudicando potencialmente os produtos de exportação.

Como águas passadas não movem moinho, vamos em frente. É imperativo fazer algo e acredito que a solução passe a ser mais radical do que poderia supor. Será necessária uma reestruturação no topo deste comando a partir da base, ou seja, provocada pelos produtores.
O atual modelo de gestão e de gestores há muito não mais se procede, sendo necessário mudá-lo radicalmente.

Errar é humano, mas persistir no erro extrapola o aceitável. São inúmeras as opiniões, estudos e análises publicadas no sentido de abastecer de informações sobre os caminhos a serem seguidos pela cafeicultura, que não se justificam erros e omissões responsáveis por esta situação de colapso. Mas, o que se poderia fazer por esta atividade? É exatamente sobre isto que procurarei focar de forma bem objetiva.

Vamos comparar o que atualmente ocorre diante do cenário de crise com a GM, a gigante automobilística nos EEUU, atolada em prejuízos bilionários. Após o pedido de afastamento de seu presidente a empresa possivelmente será dividida em duas, sendo que uma ficaria com a parte saudável e a outra ficaria com a parte contaminada. Assim, o atual controlador terá como efetuar planejamentos e ações distintas procurando as melhores soluções.

Este modelo de segmentar uma empresa em duas ou mais é comum a casos desta natureza e produz resultados. Pois bem, isto possivelmente seja o que deva ocorrer com a cafeicultura considerando arábicas e robustas distintos, sendo fato inconteste. O arábica seria a parte contaminada ou com graves problemas e o robusta a parte ainda saudável.

Não adianta tapar o sol com a peneira, por se tratar de realidade. Realidade, que os dirigentes se recusam insistentemente a reconhecer como verdadeira, desde há muito. Realidade, que atende principalmente àqueles tomadores de empréstimos, que por finalidade visam suas prorrogações "ad infinitum", fazendo da paternidade governamental um meio de vida amparada, quando necessário, pelo clamor dos menos favorecidos nas fatias do bolo, pois a estes sobram apenas migalhas e por dependência do sistema quanto ao receio das migalhas cessarem, tornam-se concordantes involuntários dos desejos superiores; vaidade, sede de poder, ou qualquer outro adjetivo que se possa dar a isto não mais interessa, o momento é por mudanças.

O arábica, enfermo há uma década, recusou-se ao tratamento a que deveria ser submetido tendo sua situação piorado aos extremos. Caso, juntamente com o robusta permaneça sob o mesmo teto neste modelo de gestão, ultrapassado e não condizente com a realidade, provocará a contaminação a este e para que isto não ocorra devem se separar por completo, além do que, a rota de colisão e extinção permaneceria inalterável.

Havendo a separação radical e necessária, tendo por administradores gestores dinâmicos, eficientes, comprometidos com a nova visão e ideal de superação, seriam realizados diagnósticos precisos diante dos cenários apresentados e assim elaborados planejamentos estratégicos visando o desenvolvimento destas, fazendo-as convergirem ao mesmo ponto final, porém, com trajetórias distintas. Isto significaria criação e estabelecimento de metas e objetivos de duas atividades correlatas, porém, separadas em sua gestão, bem como políticas distintas de sustentação governamental.

Tal ação provocaria uma concorrência por eficiência na representatividade, ao contrário de corrida produtiva, gerando mudanças construtivas com visão ao longo prazo focando os objetivos comuns.

Ao arábica seriam priorizadas ações específicas diante da realidade vívida. Certamente, sob efeitos de um tratamento retraído e engessado, mas necessário até se reerguer. Não haveria crescimento imediato, podendo possivelmente retrair, mas sobreviveria recriando a condição de competitividade.

Ao robusta, isolado e independente para evitar ser contagiado, seriam criadas ações de desenvolvimento e crescimento ordenado. Certamente, com maior mobilidade e desenvoltura.

Toda a estrutura de apoio a estes, principalmente as cooperativas de produção, contrariamente ao atual modelo onde em sua maioria focam com prioridade o crescimento próprio e individual, como se estivessem numa competitividade para avaliar qual seria a maior entre as demais ao invés de a melhor, deverão ter como objetivo que seus associados sejam os melhores e maiores, ou seja, o foco passaria a ser desenvolvimento financeiro e econômico do associado. O modelo atual é um paradoxo, pois o que se percebe é o fato das cooperativas em sua maioria desenvolverem, algumas menos, outras mais e os cooperados em plena retração e falência. Por outro lado, em algumas destas, abusos e ilegalidades tais como desvios de café em armazéns, aplicações irregulares ao edital do Pepro, entre outras parecem não ter fim e os responsáveis...

Tudo isto acontece apenas dentro do pátio da cafeicultura de arábica; por que será? Será preciso uma mudança radical de mentalidade e postura gerencial, que apenas acorrerá com substituições de pessoas e reestruturação do modelo, atingindo finalmente reestruturações no CDPC. Será preciso que os cafeicultores resgatem o respeito, que foi o marco de desenvolvimento da cafeicultura no Brasil e apliquem mudanças que atendam a princípios básicos e profissionais.

Em se mudando este atual modelo, o dinamismo e eficácia se farão presentes e ativos e os cafeicultores de ambos os produtos serão beneficiados, com reflexos positivos e diretos não apenas aos dependentes diretos, mas à própria sociedade.

Aceito, elaborado e estabelecido este novo modelo de gestão, então terão os elementos necessários para exigir do governo federal medidas de suporte ao longo prazo, através de políticas específicas elaboradas sobre as necessidades e potencialidades apresentadas e que certamente seriam viáveis, desde que tenha ocorrido a separação dos dois tipos de atividade, arábica e robusta.

Reflitam como é complexo e até mesmo confuso pensar em soluções conjuntas que atendam a arábicas e robustas; suas necessidades, assim como sua performance de mercado são distintas. Colocar o trem sobre os trilhos não é tão complicado como possam imaginar, mas dependerá de vontades e necessidades por mudanças vindas da base para o topo; fazê-lo andar dependerá de capacidades, as quais o mercado possui competentes profissionais.

JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

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JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 27/04/2009

Prezado José Antonio Padial Posso,

Em minha vivência, também como cafeicultor e consultor de projetos e planejamentos, observei e constatei diversas falhas e anomalias e como tais, passiveis de controles e correções.

Desperdícios operacionais, devido a falta de padronizações, responsáveis por majorações de custos em até 50%, além dos desperdícios de produtos fazem parte do cotidiano das fazendas.

Gestão não capacitada nas cooperativas, como regra geral e com raríssimas exceções potencializa a falta de soluções.

Ausência absoluta de visão por parte das lideranças soma-se ao conjunto, fazendo o barco ficar a deriva.
Dependência do pseudo paternalismo governamental provoca a inércia por soluções de alcance direto.
São tantas as faltas, omissões e despreparos, que difícil se tornam as soluções, que apesar de simples não seriam adotadas.

A dependência por ações governamentais embotou aos extremos quaisquer raciocínios lógicos e eficazes, comprometendo o capital intelectual.
A atividade encontra-se em extrema situação de fragilidade e mesmo com condições de se recuperar não o fará. É o maior paradoxo que já presenciei.
Não há reações de massa para mudar o que é necessário.

Os cafeicultores já não sabem mais o que desejam, se lhes der preços remuneradores para o produto irão recusar; se lhes der preços competitivos para os fertilizantes da mesma forma irão declinar...e por aí vai.
Estou acreditando que sendo pelo aspecto da união nada será obtido em termos de resultados e assim será cada um por si, sendo que poucos permanecerão na atividade arábica. Ao menos os que desejam lucros deverão seguir outros rumos.

Se houvesse liderança capaz e comprometida com novos conceitos, poderia haver solução.
Como em seu caso, possuo clientes de pouco tempo na atividade, além de pouco tempo poderem dispor a esta e mesmo assim são os que melhor resultados obtêm, mas não significando que sejam os esperados.

Abraços
JOSÉ ANTONIO PADIAL POSSO

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/04/2009

José Eduardo,

Tenho pouco tempo na atividade. Não me considero ainda em condições de fazer colocações com total segurança, mas acredito, que pela complexidade da cadeia, será sempre difícil (mas não impossível) achar soluções que cubram os problemas encontrados de forma satisfatória.

Essa heterogenização acontece em todas os âmbitos:

Produtores ineficientes, e que o seriam mesmo com algum subsídio. Outros que carregam efeitos de causas oriundas de situações externas que aconteceram sem sua concorrência e que merecem outra chance;

Líderes de entidades representativas, diretores de cooperativas e políticos realmente compromissados com a sustentabilidade da cadeia como um todo, e que portanto, estudam, entendem e defendem ações com conhecimento prévio dos seus reflexos e, infelizmente aqueles que tem compromisso somente consigo mesmo ou com partes da cadeia que não enxergam que o primeiro cuidado que se deve ter é com a galinha dos ovos de ouro.

Penso ainda que na base de tudo está uma deficiência na formação do produtor, que se do lado da técnica tem reciclado seus hereditários conhecimentos, do lado da preparação cultural e também cívica tem se mantido num estado de letargia preguiçosa e, sem perceber que aí estaria a saída para seus problemas. Ganharia em subsídios para melhor gerir seu negócio da porteira para dentro, e externamente, para melhor escolher seus representantes - aqueles responsáveis por preparar a base estrutural - física, institucional e política - que dão suporte ao desenvolvimento sustentável da atividade.

Abraços.
JOSE EDUARDO REIS LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 23/04/2009

Prezado Sr. José Antonio Padial Posso,

Para mim, foi com grata surpresa que recebi seu reconhecimento pelo teor do texto, pois certamente ao elaborá-lo sabia estar "cutucando o vespeiro".

Suas colocações, sábias e pertinentes, fortalecem as esperanças do possível resgate que esta atividade merece, ciente que para isto dependerá de ações oriundas da base, pois o topo é inerte ao conjunto e acredito que nem mesmo deste faz parte.

Atenciosamente,

José Eduardo Reis Leão Teixeira
JOSÉ ANTONIO PADIAL POSSO

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/04/2009

Parabéns José Eduardo,

Seu artigo, e o de Celso Luiz Vegro "Menos graus de liberdade" desse mês, aqui no site, acredito que refletem o pensamento da maioria dos produtores com algum grau de discernimento.

O mercado pune sempre a ineficiência de forma implacável. É insensível às dificuldades particulares de qualquer um dos "players". É, e sempre será. Não tenhamos ilusões quanto a isso.

Façamos cada um a nossa parte - produtores, lideranças e governo, e teremos uma cafeicultura sustentável. Ou vamos perpetuar a atual situação, de lamentações e mendicância para cobrir resultados negativos provocados por ineficiência, nem sempre da parte do produtor.

Caso tivéssemos governo e lideranças agindo com total eficiência na defesa dos interesses do setor, como um todo, poderíamos prescindir de ações de socorro hoje reivindicadas quase que diariamente e teríamos apenas ações pontuais em determinadas situações realmente merecedoras desse apoio.

Acho que é chegada a hora de o governo ser franco, honesto, claro e decidir se a cafeicultura merece, por sua reconhecida importância social, uma política de apoio ou se ao contrário, ela deve estar integralmente sujeita às condições de mercado.

Aí então, como acontece em qualquer setor, o produtor que por um motivo ou outro não se situar em condição de competição deveria se conscientizar disso e tomar decisões baseadas nessas constatações. Do jeito que está, morremos como o sapo mergulhado na água de fervura - sem perceber, esperando que a temperatura pare de subir.

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