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Agricultores, abram os olhos: não se dediquem apenas à etapa "pobre" do agronegócio

POR POLAN LACKI

ESPAÇO ABERTO

EM 03/09/2007

5 MIN DE LEITURA

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Durante anos e décadas os produtores rurais estão assistindo, com passividade, fatalismo e até resignação, à reiteração das seguintes distorções que ocorrem nas cadeias agroalimentares:

• Sobem os preços dos insumos agrícolas e, conseqüentemente, os custos de produção das suas culturas, mas os preços que os agricultores recebem pela venda das suas colheitas não aumentam na mesma proporção; algo similar ocorre na produção pecuária;

• Quando as suas colheitas são abundantes, baixam os preços que os agricultores recebem pelos seus produtos, porém tal redução não necessariamente determina uma diminuição nos preços que os consumidores finais pagam nos supermercados;

• Os preços dos fertilizantes e pesticidas aumentam supostamente, porque subiu o preço do petróleo e o valor do dólar, mas quando estes dois últimos voltam aos seus níveis normais, os preços dos mencionados insumos agrícolas não diminuem;

• Baixam os preços que os intermediários lhes pagam pelo trigo, pela soja, pelo leite, pelo suíno vivo, mas eles nunca viram que os supermercados tenham baixado os preços da farinha de trigo e do pão, do azeite e da margarina, do queijo e do yogurt ou do presunto e das salsichas. Alguém está se apropriando destes lucros e esse alguém nunca é o produtor rural.

Como conseqüência destas desfavoráveis relações de intercâmbio, os agricultores se vêem obrigados a entregar uma crescente quantidade das suas colheitas, para poder adquirir uma mesma quantidade de insumos e de serviços. Nestas condições o poder de compra das suas "commodities" é cada vez menor. Aqui reside uma importantíssima causa do empobrecimento dos produtores rurais, que é necessário corrigir e que, felizmente, eles mesmos podem fazê-lo.

Os agricultores estão se defendendo, mas ainda lhes falta fazer o mais importante.

Para compensar a "erosão" da sua renda, causada por esta expropriação dos seus lucros, os agricultores estão aumentando a escala de produção, incrementando os rendimentos por unidade de terra e de animal e reduzindo os custos por quilo produzido. Isto significa que estão adotando várias medidas que deveriam incrementar a sua renda.

No entanto, o prêmio por esta maior eficiência, em vez de beneficiar a quem realmente o merece (os produtores rurais), é absorvido pelos crescentes elos das cadeias agroalimentares. Isto acontece porque, desde que os insumos saem das fábricas, até que os alimentos cheguem às prateleiras dos supermercados, existem cada vez mais e mais intermediários: fabricantes de novos insumos, prestadores de novos serviços, processadores de matérias primas agrícolas, consultores de mercado e agentes de comercialização, empresas de publicidade, etc.

Quase todos estes integrantes das cadeias agroalimentares, vivem das riquezas produzidas pelos agricultores. Como existem cada vez mais agentes intermediários "chupando" o sangue do produtor rural é evidente que ele fique economicamente cada vez mais "anêmico".

Lamentavelmente, esta crescente expropriação já é tão familiar aos agricultores em suas relações de intercâmbio, que eles pensam que estão condenados a conviver com ela e que não podem fazer nada para eliminá-la. Nem sequer se dão conta que é exatamente este processo expropriatório a principal causa da falta de rentabilidade e do generalizado endividamento dos produtores rurais. Eles já caíram numa espécie de conformismo fatalista. As poucas vezes que protestam é para mendigar, sem êxito, que os comerciantes e industriais lhes ofereçam melhores preços, ou para reivindicar, também sem êxito, que os governos suavizem o seu empobrecimento concedendo-lhes créditos subsidiados, refinanciando e finalmente perdoando as suas dívidas.

E por que acontece tudo isto? Entre outras razões, porque os produtores rurais se encarregam apenas da etapa "pobre" e mais arriscada do agronegócio (produção) e delegam a terceiros a "etapa rica" (processamento e comercialização). Isto é, presenteiam ao setor agroindustrial, comercial e de serviços, a nata do agronegócio.

Eles o fazem sem perceber que, antes do plantio, durante o ciclo produtivo e depois da colheita, existe uma excessiva e crescente quantidade de instituições e pessoas que lhes proporcionam serviços e produtos, alguns necessários e outros simplesmente prescindíveis ou substituíveis. Também não se dão conta de que alguns desses serviços e produtos que são realmente necessários, poderiam ser produzidos e/ou executados por eles mesmos, seja em forma individual ou grupal.

Infelizmente os agricultores não o fazem, porque pensam que não são capazes de assumir como sua a execução de algumas das atividades da etapa "rica" do agronegócio. Se o fizessem se apropriariam de um percentual mais elevado e mais justo do preço final que os consumidores pagam pelos alimentos.

Então, qual é a solução para diminuir esta "sangria"? Reduzir a dependência que os agricultores têm dos outros integrantes das cadeias; ou quando isto não for possível, torná-los menos vulneráveis à excessiva expropriação dos mencionados elos. Como fazê-lo? Organizando-se com propósitos empresariais de modo que eles mesmos, assumam de forma gradual, a execução de algumas atividades da "etapa rica" do agronegócio.

Aliás é o que já estão fazendo com muito êxito, várias cooperativas especialmente no sul do Brasil; são cooperativas agrícolas que estão se transformando em cooperativas agroindustriais. Inclusive os agricultores que não pertencem a nenhuma cooperativa, poderiam organizar-se em pequenos grupos para produzir, eles mesmos, alguns insumos ou pelo menos adquiri-los de forma grupal.

Estes grupos de agricultores poderiam constituir seus próprios serviços (de vacinação e inseminação artificial, de plantio, pulverização e colheita, de assistência agronômica e veterinária, etc.). Também poderiam realizar em conjunto os investimentos de maior custo, efetuar a pré-industrialização / processamento inicial e comercializar os seus excedentes com menor intermediação, etc. A propósito, sugere-se ler o livro "Desenvolvimento agropecuário: da dependência ao protagonismo do agricultor" que está disponível na nova Página Web https://www.polanlacki.com.br/agrobr (especialmente os capítulos 5 e 11 ). Lá estão descritas várias medidas, de fácil adoção e baixo custo, porém altamente eficazes, para incrementar a renda dos agricultores.

E para concluir:

1. Uma reflexão em forma de pergunta: Por que nenhum fabricante de insumos, comprador de commodities agrícolas, agroindustrial ou intermediário, se dedica à etapa de produção agrícola e pecuária propriamente dita? A resposta é óbvia e elementar: porque é muito mais rentável, mais cômodo e menos arriscado dedicar-se à "etapa rica" do agronegócio; todos os integrantes das cadeias agroalimentares já se convenceram desta verdade, menos os agricultores

2. Uma advertência: Embora seja importante, não é suficiente que os produtores rurais se integrem às cadeias agroalimentares. Eles devem ter como objetivos de curto, médio e/ou longo prazo, o propósito de tornarem-se os "donos" de alguns dos elos das referidas cadeias, como por exemplo: fabricar as suas próprias rações, comprar insumos, comercializar as colheitas em conjunto, incorporar-lhes valor e até exportar em conjunto.

3. Uma sugestão aos produtores rurais que se dedicam apenas à "etapa pobre" do agronegócio e que executam todas as suas atividades em forma individual (comprar insumos, fazer investimentos de alto custo e comercializar os seus excedentes): abram os olhos antes que seja muito tarde.

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ELYDIO REZENDE

CARATINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/09/2007

Sr. Marcos Bettini

Sou cafeicultor em Caratinga/MG e li sua réplica ao Sr. Polan. Concordo com sua opinião e indago as mesmas perguntas mencionadas no terceiro e quarto parágrafos.

Sinto a dificuldade de se encontrar união neste setor de uma maneira geral, mas temos que ter esperança de que algum dia melhore. Lendo a matéria do Sr. Polan me senti derrotado como pequeno produtor.

Quanto ao trabalho desenvolvido pelo Sebrae, Embrapa, Emater, e outros, será que o Sr. Polan o conhece? Não sou político, não sou funcionário público e nem defensor do Estado, nem tão pouco candidato a algum cargo eletivo.

Tenho participado do trabalho do Sebrae direcionado a gestão rural, um trabalho fantástico para quem se dispõe mudar e melhorar, embora poucos produtores interessem em participar.

Dificuldades existem, mas é possível mudar. No meu ponto de vista a colocação do Sr. Polan é pessimista e além do mais demagógica.

Att.

Elydio Rezende

<b>Prezado Sr Elydio</b>

Sugiro que o senhor visite as seções "Quem é Polan Lacki" e "Artigos" do seguinte site: https://www.polanlacki.com.br. Nestas duas seções o senhor encontrará a descrição da minha trajetória profissional e os 29 textos de minha autoria ou co-autoria que fundamentam tecnicamente a minha proposta educativo-emancipadora.

Saudações

Polan Lacki





MARCOS DE OLIVEIRA BETTINI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/09/2007

Vivo de serviços ao agronegócio, a tese apresentada pelo colega tem bastante lógica. Mas,...

Cada papel é importante na cadeia, esta de "chupim" não cola! Nem pobre nem rico! Há gente boa bem sucedida em todas as etapas e vice-versa. O agricultor não é coitado, é empresário e deve saber decidir. O agricultor é capaz de prestar serviço a si mesmo ou não requer qualquer serviço? Deve comprar e vender a si mesmo? Não precisa de insumos? Tem que produzir insumos, industrializar sua produção e ainda comercializá-la ao cliente final? Deve se autofinanciar também?

É um pouco irreal e antiquado pressupor que o agricultor pode e deva verticalizar toda sua atividade. Mais perguntas:

O colega vive de que? É produtor? É consultor? Tem salário do serviço público? Alguma ONG o financia? Se é do ramo agrícola, se considera chupando ou contribuindo? Pratica um discurso "a la PT"? Super crítico e salvador dos pobres e oprimidos em benefício próprio?

Mais:

Grandes grupos citrícolas e de papel e celulose produzem boa parte de sua matéria prima. Muitos frigoríficos estão engordando bois. Pequenas indústrias tem suas áreas próprias de produção também. Ou seja a diversas realidades, nem sempre da maneira que você expõe.

Há diversos casos de cooperativismo furado e de associações de compra e de classes que privilegia seus líderes em nome da maioria. Sem radicalismos e alarmismo meu amigo!

<b>Prezado Sr Marcos Bettini</b>

Em primeiro lugar agradeço pela sua contribuição ao debate desta matéria. Entendo as suas colocações mas esclareço que todos os argumentos / fundamentações do artigo estão baseados no que eu vi e vivenciei durante 45 anos em 20 estados do Brasil e em outros 18 países da América Latina nos quais vivenciei a realidade cotidiana dos agricultores e executei as minhas atividades como extensionista.

Em resposta à sua pergunta "o colega vive de que? sugiro visitar a seção "Quem é Polan Lacki" do site https://www.polanlacki.com.br. Lá o senhor encontrará a resposta à sua indagação.

Os seus comentários serão sempre bem-vindos.

Saudações,

Polan Lacki

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