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4C apresenta novo conceito de comercialização de café

POR CIBELE AGUIAR

ESPAÇO ABERTO

EM 10/11/2006

5 MIN DE LEITURA

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Lideranças do agronegócio café, representando os setores da produção, exportação e indústria, estiveram reunidos em São Paulo (31/10 e 01/11), na sede do Sindicato das Indústrias de Café do Estado (Sindicafé), para o seminário de encerramento do projeto sobre Código Comum para a Comunidade Cafeeira, iniciativa alemã conhecida pela sigla "4C". O projeto visa ampliar a oferta de café verde no mercado comum produzidos com critérios de sustentabilidade. Vive-se o momento histórico da criação de um novo conceito de comercialização de café no mundo: o café 4C.


Mellanie Rutten, Nathan Herszkowicz e Bernardo van Raij


A Embrapa Café, que administra o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento de Café (CBP&D/Café), participa, juntamente com o Ministério da Agricultura (MAPA), Conselho Nacional do Café (CNC), Associação Brasileira de Indústrias de Café (ABIC), Associação Brasileira de Indústrias de Café Solúvel (ABICS) e Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), do debate sobre a viabilidade da participação brasileira na "4 C Association", organização voluntária que será constituída em 1º de dezembro, com sede na Suíça.

Para entender a iniciativa

De acordo com o diretor executivo da ABIC, Nathan Herszkowicz, o 4C representa a visão do mercado de café interpretada pelos grandes traders e industriais que importam e comercializam café verde no mundo. A iniciativa de criação de um código de conduta com ênfase na sustentabilidade visa excluir práticas inaceitáveis e propiciar uma melhora contínua de boas práticas agrícolas. Do ponto de vista estratégico, visa também garantir a oferta do produto e o atendimento da demanda por produtos com este enfoque e melhorar a imagem das empresas preocupadas com os fatores sócio-ambientais do processo produtivo.

Desde que foi idealizado em 2003, o projeto 4C recebeu investimentos da ordem de 3,5 milhões de euros, o equivalente a 9,5 milhões de reais, advindos principalmente de organizações e empresas como Nestlé, Kraft, Sara Lee, Tchibo, Neumann Group, entre outros. Herszkowicz acredita que o 4C se tornará, em médio e longo prazo, importante parâmetro de acesso a mercados, justificando a articulação da cadeia produtiva brasileira para analisar a questão em termos comerciais.

Vale lembrar que o programa está estruturado de modo a não depender da participação do Brasil, embora sua liderança na produção e exportação é vista como estratégica para o sucesso da iniciativa. Os demais países produtores, responsáveis por 70% do café comercializado no mundo, têm recebido forte investimento na divulgação e incentivo à adesão ao Código. Colômbia e Vietnã participam do projeto desde o início, sinalizando rápida adaptação de seus produtores.

Como participar

Segundo explicação da gerente do 4C, Mellanie Rutten, a 4C Association será uma organização voluntária e de adesão por contribuição anual, proporcional ao tamanho da atividade e ao setor, distinguindo-se produtores, compradores intermediários e industriais. A maior parte dos custos será pago pelas indústrias (cerca de 70%), facilitando o acesso de produtores ao programa. Um produtor de até 100 sacas de café pagaria três euros, ou seja, menos de R$ 10,00 para adesão ao programa, assim como para produtores de até 1000 sacas este valor sobe para 30 euros, e, gradativamente, produtores de 10 mil sacas pagariam 300 euros.

O processo de adesão dos produtores, organizados em "Unidades 4C", passa por uma auto-avaliação, seguida por verificações por amostragem conduzidas por organizações ou empresas externas e independentes ao processo produtivo, sem custo adicional ao produtor. O Código dispõe de um sistema prático de análise através de sinalização de cores (vermelho inaceitável, amarelo em desenvolvimento e verde ideal).

O 4C terá uma plataforma de apoio para ajudar os produtores a caminharem para sustentabilidade, estando a Embrapa Café inserida neste contexto, com o aporte das instituições do CBP&D/Café. O apoio aos produtores prevê a realização de treinamentos, palestras, material educativo, manual de procedimentos e qualidade, entre outros meios custeados pela Associação.

4C X iniciativas brasileiras

É fato que o Brasil tem iniciativas rumo à cafeicultura sustentável nas principais regiões produtoras, comprovada pela comercialização de 1,8 milhões de sacas de café certificadas, em cerca de três mil propriedades. A diferença básica da iniciativa 4 C é que não exigirá um processo convencional de certificação, destinado basicamente a nichos específicos de mercado. A idéia é justamente elevar o nível de sustentabilidade para o mercado comum de café, em todos os países participantes.

A Produção Integrada de Café (PIC), iniciativa do CBP&D/Café/MAPA e construída sob o mesmos princípios sustentáveis, prevê, além do código de normas, uma certificação nacional aos seguidores do programa. Produtores adeptos da PIC poderão ter seus processos convalidados pela 4C Association, representando a abertura de novos mercados aos cafés sustentáveis brasileiros, sem que haja duplicidade de esforços de verificação.

De acordo com o representante 4C no Brasil e um dos articuladores da PIC, Bernardo van Raij, os produtores brasileiros não terão dificuldades em atender aos princípios tratados no 4C. Van Raji acredita que os benefícios desta adesão virão na melhoria da gestão da propriedade, com redução de custos e melhor imagem do produto no mercado.

Dimensão econômica

O que deve ficar claro ao produtor é que o investimento necessário para adaptação ao 4C não significa necessariamente em prêmio no preço da saca comercializada. O que existe é o compromisso das indústrias de comprar, e da rede varejista de comercializar, de forma gradativa e ao longo do tempo, volumes crescentes de cafés com padrão 4C. A previsão é que seja comercializada, já em 2007, 4,2 milhões de sacas de café 4C no mundo, evoluindo para meta de 25% do mercado mundial em 2011. Iniciativas já sinalizam demanda e comercialização de café com padrão 4C no mercado interno.

Do ponto de vista da exportação, o diretor do CECAFÉ, Guilherme Braga Abreu Pires Filho, acrescenta que as ações de sustentabilidade são hoje requisito para comercialização de café e não é possível ignorar este tipo de demanda. "A adesão ao 4C pode criar um diferencial positivo para o café brasileiro, já que a maioria dos princípios já é praticada pelo setor de produção", destaca. Para Agnaldo Lima, superintendente executivo do Centro de Inteligência do Café (CIC), no futuro, produtores alheios ao segmento de práticas sustentáveis tenderão a comercializar o café em mercados marginais.

O diretor da ABICS, Mauro Moutinho Malta externou a preocupação de que o 4C se configure em barreira não tarifária, opinião concordada pela maioria das lideranças presente no seminário. Alberto Duque Portugal, diretor executivo do CNC, acrescenta outra preocupação no sentido de não existir discriminação ou vantagens a determinados países produtores, com acordos preferenciais no âmbito da Associação.

Para o gerente técnico da Embrapa Café, Roberto Passarinho, o 4C serve de orientação para a sustentabilidade do agronegócio café, almejada pelo país e também descrita na norma nacional para a Produção Integrada de Café (PIC). Em sua visão pessoal, Passarinho enfatiza a necessidade do Brasil em investir na exportação de café industrializado, com agregação de valor real ao produto brasileiro. Do ponto de vista econômico ele destaca "Deveria haver também uma preocupação de agregação de preço, para se evitar a continuidade da distribuição inadequada de renda. O nosso produtor recebe a menor parcela, enquanto os países importadores serão ainda mais favorecidos com a agregação de valor ao nosso produto".

Outras informações podem ser obtidas no site da 4C .

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MARA FREITAS

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 10/11/2006

Gosto da visão romântica impressa no texto. Se os cenários delineados no relatório do Banco Mundial voltado às questões dos impactos climáticos no planeta se confirmarem, o 4C facilitará demais a aquisição de café da Argentina.

Acredito que para a indústria de café brasileira isso é muito bom, pois por tabela, chancela o drawback no médio prazo.

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