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O ano termina; os desafios, não

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 27/12/2013

3 MIN DE LEITURA

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O ano de 2013 termina com a luz de alerta acesa para os médios produtores rurais ligados à cafeicultura. Afinal, o preço não ajuda e os custos tampouco. Infelizmente, a tendência é que a luz de alerta siga acesa em 2014, 2015, 2016... Embora um alívio momentâneo seja possível no futuro – as forças do mercado se encarregarão disso – a tendência de médio prazo é preocupante. A razão: a natureza do negócio levado a cabo por esse grupo de produtores carrega uma série de características que, no cenário atual, constituem verdadeiras desvantagens. Em grande medida, não podemos falar que tenham culpa de algo: apenas estão insistindo em um modelo que, aos poucos, está perdendo sentido econômico. Caberá a cada agente encontrar a melhor forma de adaptar-se aos novos tempos.

Mais especificamente, o médio produtor vive um dilema. Por um lado, está impossibilitado de adotar uma estratégia semelhante àquela escolhida pela maioria dos agricultores familiares. Contratar mão de obra é necessário, e aí reside grande parte do problema. Por outro lado, competir com a presença crescente de fazendas de dimensões colossais no Brasil será tarefa quase impossível. O avanço tecnológico, que facilita o controle da produção e, portanto, expande a agropecuária a um horizonte cada vez mais amplo, está ao alcance dos bolsos de poucos. Espremido entre uma agricultura familiar que luta para sobreviver – e, residualmente, sobreviverá – e o avanço dos grandes grupos, o médio produtor passará por momentos difíceis nos próximos anos.

Diante do desafio, ao menos três opções existem: i) lutar por uma transformação na relação com o poder público, capaz de garantir recursos financeiros ou proteção regulatória; ii) buscar a configuração de novas dinâmicas no setor, com o estabelecimento de ações coletivas ofensivas nos setores de produção e comercialização; iii) um “desaparecimento digno”, com a venda da propriedade ou a migração para outras atividades econômicas. Um pouco de cada deverá ocorrer nos próximos anos. O peso relativo desses caminhos no resultado final dependerá da capacidade de organização do setor e o sentido dado para tal movimento.

Nesse sentido, perguntas relevantes incluem: em seu diálogo com o governo, buscará o setor uma saída que possibilite mudanças estruturais ou a manutenção da atual situação? Será a cafeicultura capaz de impulsionar a transformação de muitas de suas cooperativas, cujo modelo atual é insuficiente para garantir aos produtores um lugar ao Sol em um mercado cada vez mais complexo? Qual a resposta do governo brasileiro para as queixas constantes relacionadas ao chamado custo Brasil? Quais atributos encontrados em tais propriedades oferecem a exploração de novas oportunidades econômicas, capazes de garantir um alívio?

Deixo as perguntas acima, assim como o desafio, para que você, prezado(a) leitor(a) pense. Sabemos que o fim de ano é uma época propícia para a reflexão. Assim, nada melhor do que fazê-lo na companhia de outras pessoas interessadas nos mesmos temas. Fica, ademais, uma proposta adicional: diante das dúvidas ou das conclusões, evitemos finalizar o raciocínio com ideias que usem a palavra “preço”. É evidente que a situação seria melhor se as cotações fossem mais alinhadas com os anseios dos produtores. A natureza cíclica do capitalismo, entretanto, nos obriga a ir além das cotações, até porque estas resultam da ação descentralizada de incontáveis agentes. Sonhemos com preços melhores, mas trabalhemos por uma organização mais eficiente do setor em seus diversos níveis.

Finalmente, desejo um excelente 2014 a todos os leitores. Para o próximo ano, espero que juntos sejamos capazes de entender melhor os desafios que tornam a agricultura um setor tão interessante. Trata-se de uma tarefa hercúlea, é verdade, mas infinitamente mais agradável quando feita coletivamente. Daí a importância de espaços como os sítios que compõem a rede AgriPoint.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do CaféPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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CARLOS ALBERTO DE CARVALHO COSTA

MUQUI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/12/2013

Apesar de discordar um pouco da primeira opção, pois isso é um processo apenas paliativo, pois mais cedo ou mais tarde o produtor terá que pagar suas dívidas, Dr. Bruno Varella Miranda, acho que em curto espaço de tempo o próprio mercado se regularizará com os maus tratos nas lavouras, podas drásticas, trocas de culturas e clima hostil  como o do Espirito Santo e Paraná. Em 2014 mesmo sendo ano de safra alta, acho que ela não superará muito a de 2013 e a safra de 2015, podem se assustar, não será muito maior do que 40 milhões de sacas, nos outros países produtores o preço do café tb está baixo e os custos de produção tb muito alto.

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