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"Gramado esburacado": a infraestrutura no Brasil

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 05/06/2013

3 MIN DE LEITURA

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Ao entrarem no campo do Maracanã no último domingo, as seleções do Brasil e da Inglaterra pareciam trazer um pouco de normalidade para uma semana recheada de polêmica. Uma liminar concedida dias antes da partida adicionara suspense ao enredo; por momentos, chegou-se a questionar se o amistoso seria realizado ou não. O motivo: atrasos nas obras que poderiam comprometer a segurança dos torcedores. No final, prevaleceu um desfecho que, se não nos envergonha no curto prazo, serve de alerta – mais um! – para um problema amplo.

O eventual cancelamento do amistoso no Maracanã teria sido um duro golpe para a reputação do Brasil às vésperas da organização dos dois principais eventos esportivos do planeta. Superado o “susto”, é preciso olhar em volta e ver se, deixada de lado esta história, a regra contradiria uma eventual exceção. Infelizmente, as evidências mostram que a dificuldade brasileira para planejar e implementar grandes projetos é endêmica. Nem mesmo a realização da partida esconde o óbvio: mesmo que o Maracanã estivesse pronto para a Copa das Confederações, quem vê os problemas estruturais no Engenhão apenas cinco anos após a realização dos Jogos Panamericanos tem motivo suficiente para desconfiar tanto do inacabado quanto do finalizado.

Bom seria se as dificuldades se limitassem aos eventos esportivos. Estes, porém, diferem de outros casos apenas porque, por lidarem com prazos específicos, são um convite a “sustos” como o que se seguiu à decisão cancelando a partida. No geral, o que ocorre é algo diferente: vamos sofrendo as consequências da incompetência diariamente, por décadas, em doses quase homeopáticas. Embora sem maiores sustos, tal cotidiano é também desprovido de qualquer esperança de melhora no curto prazo. Em consequência, acabamos forçados a nos adaptar a uma realidade longe da ideal, que nos impede de aproveitar todo o potencial existente e, quem sabe, condena setores econômicos a definharem.

Exemplos concretos ajudam a explicar o raciocínio do parágrafo anterior. O agricultor que depende da estrada cheia de buracos ou do porto com capacidade saturada para escoar a sua produção vive essa realidade diariamente. O indivíduo que depende do transporte coletivo para ir ao trabalho em uma grande cidade, também. E o que tem carro, idem. Respondendo a tais incentivos perversos, os agentes econômicos não raramente acabam contribuindo, sem querer, para o aprofundamento dos problemas. Na ausência da ferrovia, a carga excessiva que piora ainda mais a situação das estradas; na falta do metrô, surge o carro a mais que já não cabe nas ruas dos centros urbanos brasileiros.

O triste, aqui, é que, ao contrário da Copa do Mundo, cujo êxito ou fracasso será medido em cerca de um mês, os problemas na infraestrutura brasileira nos acompanharão pelas próximas décadas. E, convenhamos, não faz muito sentido falar de eficiência da “porteira para dentro” se as conexões com o mundo exterior são tão precárias. Ou, melhor dizendo, faz total sentido se levamos em conta que há muito produtor que, para sobreviver economicamente, apaga pagando indiretamente parte dos custos derivados da ineficiência alheia com a própria competitividade.

O irônico dessa história é que a incompetência do governo pode levar a um papel ainda maior do Estado na organização do caos. Afinal, espera-se que todo aquele setor que se veja impedido de competir devido à infraestrutura precária passe a pressionar o poder público para que este lhe ofereça ao menos algum tipo de compensação. Subsídios, barreiras comerciais, entre outros, constituem um remédio rápido para problemas antigos. Trata-se de um mecanismo perverso, em que a incompetência encontra um subterfúgio para seguir existindo. Privilégios típicos do Estado, que, ao contrário da empresa que precisa convencer o consumidor para ter receita, impõe a sua carga tributária independentemente da capacidade de entregar o prometido.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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