NY iniciou as operações em campo positivo, atingindo máxima de +205 pontos na posição maio, porém perdeu forças e passou a operar em baixa, segundo a corretora Mellão Martini, com mínima de -955 pontos, influenciada por especulações sobre a safra brasileira e pela expiração das opções de abril.

Além disso, segundo o Escritório Carvalhaes, a atual crise americana traz consigo muita insegurança e consequentemente muita volatilidade ao preço das commodities, inclusive ao do café.

Os contratos para maio/08 fecharam em 152,20 cents/lb (R$ 341,04/sc), queda de 565 pontos (-3,58%). Com igual recuo, set/08 fechou em 156,80 cents/lb (R$ 351,35/sc).

Segundo relatório de traders divulgado pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC), referente ao dia 11 de março de 2008, no mercado de café na ICE Futures US os fundos reduziram o saldo líquido comprado em 13,84% frente ao dia 04/03, último relatório. Os pequenos operadores também reduziram seu saldo líquido comprado em 7,85%. Os comerciais apresentaram recuo de 13,18% no saldo líquido vendido (tabela abaixo).


O U.S. Bureau of the Census divulgou os números das importações de café solúvel dos Estados Unidos ao longo de dezembro de 2007. De acordo com a Mellão Martini, no período, as aquisições do produto por parte dos norte-americanos somaram 2.564 toneladas, volume 28,89% superior ao verificado no último mês de 2006, quando foram importados 1.989 toneladas, e 10,16% maior do que o montante adquirido em novembro do ano passado (2.327 ton). Por outro lado, as aquisições de solúvel por parte dos Estados Unidos, no acumulado dos 12 meses de 2007, apresentaram uma leve queda de 0,06%, saindo de 31.575.658 kg (importados de janeiro a dezembro/06) para os atuais 31.555.168 kg.

No Brasil, as exportações de café verde, no acumulado do mês, somam 829.403 sacas de café, valor 13,06% inferior ao alcançado no mesmo período do mês anterior (954.046 sacas). Foram embarcadas 825.003 sacas de arábica, recuo de 11,79% e 4.400 sacas de conilon, queda de 76,62%, segundo dados do Cecafé.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Dólar

O dólar compra apresentou ligeira queda de 0,14%, cotado em R$ 1,694, enquanto que o dólar comercial encerrou em alta nesta sexta-feira (14) com a volta dos problemas enfrentados por bancos pela falta de liquidez. Dessa vez, foi o Bear Stearns o responsável pela retomada das tensões, segundo notícia do InfoMoney.

O banco admitiu estar com sérios problemas de caixa e vai contar com ajuda do Federal Reserve (Fed) e do JP Morgan. Por meio da janela de redesconto, o Fed de NY irá emprestar ao JP Morgan recursos que serão repassados ao Bear Stearns e estarão disponíveis por 28 dias.

O problema levanta a hipótese de que outras instituições financeiras estejam em condições semelhantes, o que abala a confiança dos investidores e aumenta as dúvidas em relação à extensão da atual crise.

Na opinião de Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK, "não é possível visualizar ainda se o pior da atual crise de crédito já passou. E o pior, o problema fundamental da solvência dos bancos não foi abordado pelo Fed ou pelos demais bancos centrais".

No Brasil, investidores avaliam a possibilidade de alta na taxa Selic, apontada na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária). Caso isto ocorra, a cotação do dólar volta a perder terreno ante o real, pois a arbitragem seguirá forte. A diferença entre os juros praticados no Brasil e no exterior atrai divisas para o mercado doméstico.

O Banco Central realizou leilão de compra de dólares no mercado à vista com taxa de corte em R$ 1,7150. Operadores relataram que pelo menos uma proposta foi aceita. Após a operação, a moeda norte-americana ampliou a valorização em relação ao real.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Mercado do robusta

Em Londres, o mercado futuro do robusta também apresentou queda acentuada. Os contratos para maio/08 recuaram 127 pontos (-4,60%), cotados em US$ 2.631/ton (R$ 267,40/sc). O vencimento set/08 fechou a US$ 2.624/ton (R$ 266,69/sc), variação negativa de 110 pontos (-4,02%).

Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

Na BM&F a desvalorização foi superior a US$ 7,00 em todos os vencimentos. Maio/08, cotado a US$ 176,50/sc (R$ 298,97/sc), registrou recuo de US$ 8,00/sc (R$ 13,55/sc), com 409 contratos negociados e 2.346 em aberto. Set/08 ficou em US$ 183,70/sc (R$ 311,17/sc), queda de US$ 8,25/sc (R$ 13,97/sc), com 2.843 contratos negociados e 27.480 em aberto.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Mercado físico

No mercado físico algumas praças não divulgaram suas cotações nesta sexta-feira. Os negócios foram praticamente inexistentes devido a queda demasiadamente grande nos preços. O indicador Esalq-arábica fechou a R$ 269,56/sc, desvalorizado R$ 11,20/sc. O indicador Esalq-conilon, com recuo de R$ 5,63/sc, foi cotado a R$ 232,46/sc.

Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.

Existe algum fato em sua região que possa afetar o mercado, positiva ou negativamente? Por favor, comente no espaço abaixo para cartas.

Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F


Rodrigo Cascalles, equipe CaféPoint