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Florada e colheita à vista

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 08/09/2009

5 MIN DE LEITURA

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As bolsas de ações caíram um pouco nos últimos 5 dias em uma semana volátil, principalmente no mercado Chinês, que começou a semana perdendo quase 7%, para subir quase 5% na quinta-feira. Na Europa, o banco central (ECB) manteve as taxas de juros em 1% e o seu presidente voltou a declarar que a recessão provavelmente acabou, revisando positivamente o crescimento da economia do bloco de -0.3% para +0.2% em 2010.

Nos Estados Unidos na sexta-feira vimos a taxa de desemprego atingir 9.7%, o maior nível desde junho de 1983, porém o mercado acionário subiu em função da perda de postos ter sido menor do que estimada, e um número bem mais baixo se comparado com o revisado do mês de julho.

O destaque da semana fica para as notícias que circularam, apontando um calote autorizado pelo governo chinês das empresas estatais que incorreram ou estão incorrendo em perdas provenientes de negociações de contratos derivativos de commodities. É mais ou menos assim, se ganhamos, performamos, se perdemos, o problema é seu. Triste mas não muito diferente das práticas mercadológicas que vez ou outra ocorrem com aqueles que negociam com os chineses. Basta lembrar de alguns embarques de soja que "não conferiram" ao chegarem em portos chineses há cerca de 3 ou 4 anos atrás, justamente depois dos preços internacionais do produto terem despencado (e os chineses terem comprado próximo do pico). Práticas como estas prejudicam a imagem do país, já que o direito à lei, essencial para que um país receba investidores de longo prazo e se torne um líder mundial, não funciona muito bem.

Os mercados de commodities tiveram uma semana agitada e os índices de commodities cederam em função da queda da maior parte dos produtos, principalmente energia e grãos. O café encerrou o período com ganhos de US$ 2.38/saca na ICE, US$ 1.75/saca na BM&F e US$ 2.22/saca na LIFFE. O movimento foi positivo haja vista que até quarta-feira os preços estavam tentando romper o patamar de US$ 120.00 cts/lb em Nova Iorque. Entretanto a continuação da liquidação de parte da posição comprada dos fundos não foi maior do que o interesse de compra de torradores e trading-houses que "sentavam" abaixo de 120.00, e o mercado voltou a subir para próximo de 125.00, respeitando o novo intervalo de 120 - 125 que tem negociado nas últimas nove sessões.

Na verdade, o rallye só aconteceu na sexta-feira, depois de uma nova rodada de divulgação de que o governo brasileiro lançará quatro medidas para ajudar os cafeicultores. Entre duas novas linhas (100 milhões cada) para renegociação de dívidas, compra direta de café e aceitação de pagamento de débitos com a entrega física do café, diz-se que mais 7 milhões de sacas podem ser retiradas do mercado em 2010. O mercado já tem ouvido de maiores retiradas de café pelo governo há algum tempo, normalmente quando os preços futuros caem, e obviamente muitos operadores internacionais se tornaram céticos.

A firmeza da arbitragem, porém, nos diz que, de fato, os produtores estão apostando nisto. O dezembro / dezembro (NY/SP) estreitou para quase 13 abaixo durante a semana, voltando para 15 abaixo na sexta, 04. Faz algum tempo que não víamos a arbitragem neste nível. Caso a bolsa de café americana não consiga sustentar os ganhos da semana e volte a testar e finalmente quebrar o nível mais baixo do recente intervalo, nos parece que arbitragem deve apertar mais eventualmente, tocando um dígito.

No FOB não tem saído tantos negócios já que os compradores estão pelo menos uns 2 centavos distantes do interesse de venda dos exportadores brasileiros. Se comparado com o custo de reposição, as ideias de preço dos torradores/dealers estão ainda mais largas, próximo dos 5 centavos de dólar por libra peso. Isto se dá em função da indústria ter uma cobertura razoável para o café brasileiro, e também por causa das ofertas mais atrativas no mercado "spot" (à vista) americano e europeu. Intermediários carregando café brasileiro nas duas regiões oferecem preços mais interessantes do que o FOB.

Nos países produtores da América Central e Colômbia a colheita está começando. Ainda não há café novo disponível mas tudo indica que em 2 ou 3 semanas os primeiros lotes estarão aparecendo. A Colômbia parece que produzirá 11.5 milhões de sacas de 60 kg, entre a safra principal que começa agora e a mitaca (safrinha) do começo do ano. Os diferenciais dos cafés suaves para embarque a partir de 2010 estão mais baixos com a perspectiva de recuperação na produção do principal produtor deste tipo de café.

No Brasil a florada já começou na região do Cerrado e nesta semana as flores devem abrir no Sul de Minas. Isto para o arábica, pois o conilon já teve florada há algumas semanas. Resta saber qual será a reação do mercado internacional tão logo comece a circular e-mails contendo fotos dos cafezais tingidos de branco (caso a florada venha bonita). É importante atentarmos que as chuvas precisam voltar a cair após as flores explodirem para garantir um baixo nível de aborto e uma promissora próxima safra.

Como salientei na semana passada, muitos participantes não estão mais considerando que seja possível uma safra de 60 milhões de sacas, e mesmo que este seja o caso, os 3 milhões que serão potencialmente comprados pelo governo já serão suficientes para deixar o quadro equilibrado no que se refere a oferta e demanda mundial.

Por outro lado o comportamento dos produtores quando virem a florada e novos cafés chegando da América Central será essencial para determinar se o mercado encontrará força para subir mais ou não.

Outro fator importante é o dólar que nesta semana negociou entre 1.8361 e 1.9213. Para finalizar, notamos que o CFTC (órgão regulador dos mercados futuros estado-unidenses) começou a divulgar um novo formato do COT (posicionamento dos participantes). Foi extinto o relatório que continha os "index traders" e agora os relatórios de futuros-apenas e o combinado com opções tem o que se chama de "swap-dealers", que são os bancos e corretoras que se protegem de posições de futuros oferecidas via pacotes de balcão (OTC) para seus clientes.

O relatório confirmou o que tenho comentado neste espaço: a posição comprada dos torradores está pequena, com "apenas" 4.3 milhões de sacas de cobertura. O número representa um mês das necessidades deles, o que justifica o apetite da compra que impediu o mercado de cair mais nesta semana.

Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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MAURÍCIO JOSÉ ALMEIDA DAS NEVES

FEIRA DE SANTANA - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/09/2009

Observo um futuro negro para a cafeicultura brasileira! No ano de safra baixa (2009), as cotações do produto estão muito ruins. O que será do café no ano de 2010, quando a safra for de 60 milhões da sacas? (Observo que café é um dos poucos produtos que consegue contrariar a lei natural do mercado "oferta e procura").
É um mercado muito manipulado!

Conversando com um tradicional produtor de café de minha região, ele me fez a seguinte afirmação: "se você quiser começar a mentir, comece a falar do mercado de café".

Gostaria, se possível, de obter um panorama futuro do mercado de café.

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