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Café lento em reagir ao dólar fraco

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 14/09/2009

4 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - 7 a 11 de setembro de 2009.

Mais uma semana de alta para o mercado acionário que nos Estados Unidos teve nos últimos seis meses o maior rally em sete décadas. A manutenção das taxas de juros no menor nível da história nas maiores economias do planeta, juntamente com pacotes de estímulos dos governos, ajudaram o mundo a sair da crise sistêmica marcada pela quebra do banco americano Lehman Brothers no dia 14 de setembro de 2008.

A crise deflagrou diversas fragilidades que expõem o mundo que vão desde uma regulamentação extremamente leniente até a limitação tecnológica que permitiu (permite) que instituições financeiras criassem e mantivessem carteiras de investimentos alavancadas à níveis jamais imaginados, e que "surtaram" com uma ocorrência estatisticamente não bem mensurada, ou melhor, com uma chance de acontecimento pequena (a tal da estória do Cisne Negro do Nassim Taleb).

Após um ano, o pior parece ter passado e a complacência dos investidores em buscar oportunidades de ganhos tem colaborado para a recuperação dos mercados - instinto de sobrevivência do ser humano.

As taxas de empréstimo no mercado interbancário caíram para níveis recordes com o fim das férias no hemisfério norte, e o dólar americano neste cenário tem ganhado espaço no famoso "carry-trade", onde investidores tomam dinheiro emprestado de países com um baixo custo do dinheiro e aplicam os recursos em países com taxas mais altas ou mesmo em ativos de risco como ações e commodities.

Em função disto e também do crescente "deficit-gêmeo" ianque (orçamento e balança comercial) a moeda americana enfraqueceu ainda mais esta semana, e uma nova rodada de receio de inflação do país volta a assombrar os agentes.

Os índices das commodities, de carona, subiram durante a semana, com o ouro voltando pra cima de US$ 1000, já que o metal é percebido como uma garantia de valor em um quadro de desvalorização de moedas.

A semana curta levou o café para cima também, com Nova Iorque subindo US$ 3.24 / saca, Londres US$ 2.40 e São Paulo US$ 2.20, dando continuidade para a recuperação iniciada na sexta, dia 4 de setembro. É verdade entretanto que o mercado titubeou em dar sequência aos ganhos até quinta-feira, apesar do enfraquecimento do dólar que mencionamos acima. Porém, ainda que de forma retardada, o café conseguiu reagir.

A retração do interesse de venda dos países produtores e fundos cobrindo parte de suas posições vendidas contribuíram para a alta. No que se refere à ausência de venda os motivos continuam sendo os mesmos: falta de disponibilidade de café suave - o que deve permanecer intacto até meados de outubro, quando a safra nova que está sendo colhida pela América Central e Colômbia começar a fluir - e resistência dos produtores brasileiros em aceitarem preços mais baixos, já que o governo toda semana tem renovado os votos de esperança de que vai retirar mais café do mercado e renovar débitos.

Outro fator que desestimula a venda no Brasil é o constante "conservadorismo" nos números de produção de café que são divulgados pelos órgãos oficiais. Estes dados são os que tem mais alcance entre fazendeiros e, claro, impactam o psicológico do homem do campo que baseado nestes números traçam suas estratégias de vendas. Infelizmente o números da CONAB não são consistentes com a realidade, como o respeitável Flávio, da Flavour Coffee, destacou: "se pegarmos a produção estimada pelo órgão nos últimos dois anos que diz ter sido de 85 milhões de sacas, e compararmos com o consumo e exportação de 95 milhões de sacas", veremos que faltou café, o que tão pouco se consegue justificar com os estoques que são oficialmente divulgados. Outro ponto que podemos levantar é como o governo conseguirá retirar 10 milhões de sacas do mercado se a produção for apenas de 39 milhões como o órgão divulgou, já que o Brasil consome 18 milhões e deve exportar pelo menos entre 25 e 27 milhões? Não quero criar polêmica aqui, mas apenas incitar que haja uma interligação e uma lógica nos dados oficiais que são fornecidos ao mercado para que as informações ganhem credibilidade entre os agentes nacionais e internacionais.

No mercado físico não vimos muita movimentação. Os preços internos no Brasil se mantiveram praticamente nos mesmos patamares, provocando um leve enfraquecimento dos diferenciais, embora a reposição permaneça estreita e mais cara do que os níveis oferecidos no FOB. No mercado spot (à vista) dos países consumidores há cafés brasileiros mais baratos para o curto prazo, fazendo com que o interesse pelo FOB fique mais concentrado nas posições a partir de dezembro.

Para os suaves, os diferenciais cederam nominalmente 1 ou 2 centavos, forçando a indústria a manter a estratégia de comprar da mão para a boca até começar a aparecer mais café.

O café robusta em Londres, que serviu como alavanca para tirar Nova Iorque de próximo de 120.00 centavos, está começando a patinar e caso não consiga voltar a subir e se manter acima de US$ 1500 / tonelada, pode pressionar a ICE para baixo. Tecnicamente o "C" precisa dar sequência aos ganhos e buscar o 130.00 centavos logo, ou sofre o risco de perder o momento de alta e estimular os especuladores a vender.

Eu não acho que vamos ver nenhuma mudança drástica nos preços - ou seja o mercado oscilando entre 120 e 130 centavos - até que os fundos voltem sua atenção para o café novamente. Neste momento eles estão mais interessados em mercados como o açúcar, petróleo, cacau, que têm sido muito mais voláteis. Por outro lado, não custa lembrar que quanto mais o mercado demorar em subir mais se acumulará vendedores que tem protelado para fazer fixações da safra que estão colhendo.

Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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