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Café cola no macro e sobe

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 13/10/2009

5 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - 5 a 9 de outubro de 2009

As bolsas ao redor do mundo subiram mais de 4%, com algumas subindo 8% em dólares. O ouro bateu sucessivas altas históricas durante a semana, e tudo isto começou com um artigo que saiu em um jornal britânico mencionando que os principais países produtores e consumidores de petróleo estariam discutindo a substituição do dólar americano como moeda de referência para a negociação do produto. O efeito foi imediato com o dólar escorregando quase 1% em uma só sessão, apesar de declarações contrárias ao rumor por parte da Arábia Saudita, Kwait e outros parceiros.

O dolár também depreciou em função do incremento da taxa de juros australiana - o primeiro país que compõe o G20 a fazer tal movimento desde o começo da recessão - e do anúncio do presidente do banco central europeu, Jean Claude Trichet, de que a economia do bloco está emergindo de um período de queda-livre.

Com o dólar depreciando e com o lucro melhor do que o esperado da Alcoa no 3º trimestre - iniciando a temporada da divulgação dos resultados das empresas nos Estados Unidos - os investidores correram para vender a moeda ianque e comprar ativos-reais, incluindo commodities. Nesta onda o Brasil viu o Real valorizar para níveis que negociava antes da quebra do Lehman Brothers e o índice Bovespa subiu no nível mais alto desde 2 de julho de 2008.

O café não decepcionou, e colado na maré de compras dos fundos, subiu fortemente, guardando ganhos de US$ 7.87 por saca em Nova Iorque, US$ 4.60 em São Paulo e US$ 4.68 em Londres. Na semana passada questionei neste espaço se o café ia continuar subindo caso as bolsas continuassem caindo, descolando do macro. Imaginei que as bolsas pudessem ficar pressionadas, mas o que se mostrou foi o contrário e com a firmeza das bolsas a continuação da correlação de entrada de dinheiro em ativos de risco em detrimento da venda do dólar.

A "janela" de quase-ausência de venda de origens tornou mais fácil a alta de Nova Iorque, já que os países produtores da América Central e a Colômbia estão no começo da colheita, e o Brasil ainda não teve a florada que indicará o potencial de produção da próxima safra. Soma-se também o suposto começo da compra de cafés pelo governo federal e a primeira entrega de parte dos 3 milhões de sacas do plano de opções, que encoraja os fazendeiros a esperarem por preços mais altos para negociarem seus cafés de melhor qualidade. Por sinal, a dificuldade dos exportadores em achar cafés bons fez com que o diferencial de reposição não mudasse muito, apesar da alta da bolsa.

Destacamos as conversas que circulam no mercado sobre as contínuas chuvas no Brasil que fazem deste ano um dos anos mais "molhados" de que se tem em registro, e que gera opiniões diferentes sobre os efeitos no cafezal do país. Enquanto uns alarmam que a chuva ininterrupta que tem atrasado a principal florada deverá diminuir o potencial produtivo para o próximo ano (para não falar em eventualmente estragar a qualidade, dada a falta de uniformidade que provoca na produção do fruto na árvore), outros dizem que não poderia haver "fertilizante" melhor para os cafezais.

Os altistas defendem que a produção do próximo ano não deve ser recorde como os baixistas indicam, mas mesmo que seja enorme, o argumento é que não dá para torrar o café que ainda nem está na árvore, e portanto até lá o aperto da oferta não deixará o mercado cair, principalmente em um cenário de compras de commodities generalizadas que estamos vivendo novamente (por quanto tempo?).

Os baixistas contestam que não há falta de café e que os estoques existentes são mais do que suficientes para passar este período de suposta escassez, que só acabará com a ainda longínqua safra brasileira de 2010/2011. Dizem ainda que os sinais de firmeza de diferenciais de reposição no Brasil não estão sendo sentidos pelos torradores internacionais, que têm em seus livros compras a diferenciais (FOB) baratos, e portanto não se preocupam em dar suporte ao mercado.

Eu creio que temos que tomar muito cuidado com o cenário global. A fraqueza do dólar pode continuar estimulando compra de commodities, porém não creio que veremos a mesma frenesi que já vimos nos anos anteriores, pois os investidores que compraram o mercado futuro de commodities já perceberam que é muito difícil ganhar dinheiro quando a maior parte dos mercados tem uma estrutura de "carry" - onde o mês presente é mais barato do que os meses futuros.

Todas as vezes que os fundos têm que vender o mês presente para comprar o próximo mês à um nível mais alto, eles deixam na mesa o custo do carrego, e em poucos meses este custo devora os ganhos da carteira - salvo uma explosão do preço da commodity comprada, como vimos no açúcar. Mas mesmo no caso do açúcar o efeito não é duradouro, vide a queda de 11% desta semana e os mais de 5% que pagaram para rolar a posição de outubro para março - por exemplo.

Outro indicador de que os tempos não são os mesmos é o número de contrato em abertos (em inglês: open interest), que apesar de ter voltado para cima de 100 mil contratos, está bem longe dos mais de 200 mil lotes que vimos no começo de 2008 (considerando apenas os futuros). Para crer em muito mais compras de fundos temos que apostar que os investidores vão esquecer do efeito do carry e vão se aventurar em ficar com um bom pedaço dos contratos em aberto, percentualmente falando.

O fechamento da semana não foi próximo dos 140.00 como os altistas queriam, mas ao mesmo tempo não foi abaixo dos 135.00 desejados pelos baixistas. Embora o fundamento dê espaço para o mercado subir mais no curto-prazo, notou-se bom interesse de vários países produtores de café em vender NY próximo dos 140.00.

Enquanto fundos continuarem comprando, e o dólar afundando, mais altas são possíveis, porém tão logo o apetite deles seja satisfeito tomem cuidado que a queda não será pequena. Origens aproveitem para comprar proteção de preço para baixo. Tecnicamente a bolsa mostra que pode voltar a cair fortemente caso o contrato de dezembro quebre a linha de suporte de 133.20 e principalmente os 130.00 centavos. Para cima, o principal ponto de resistência é o nível de 140.00 centavos por libra-peso.

Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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