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BM&F é o café mais barato do momento

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 24/08/2009

5 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - de 17 a 21 de agosto de 2009.

Novas altas para as bolsas ao redor do mundo foram vistas durante a semana. Do lado europeu o impulso veio da produção de manufaturados acima do esperado na Alemanha e na França. Deste lado do Atlântico além dos manufaturados terem vindo melhores, o número de vendas de imóveis usados subiu para níveis que não se via há 2 anos, renovando o ânimo dos altistas.

As bolsas de ações reagiram também à declaração do FMI, que disse que a recuperação global das economias começou. As palavras foram reforçadas pelo presidente do Banco Central americano, Ben Bernanke, que cautelosamente disse que de fato as economias estão emergindo. A China, que começou a semana tomando um tombo, aproveitou a oportunidade da boa maré ao redor do mundo e se levantou recuperando grande parte das perdas recentes.

Com a nova dissipação do medo, o dólar americano voltou a cair e fechou a semana 1.28% mais fraco comparado com uma cesta de moedas - o chamado "índice do dólar". As commodities, que normalmente vinham todas se valorizando com uma melhora do quadro global e das escorregadas da moeda americana, tiveram performances mistas e apenas o mercado de energia (petróleo, gasolina e óleo de aquecimento), o cacau e o cobre subiram, enquanto que todas as demais encerraram a semana no vermelho. Esta desgarrada, porém, parece ser pontual, relacionada com regulamentações mais vigorosas por parte do CFTC, órgão regulador dos mercados futuros americanos.

Na quarta-feira última, o regulador suspendeu as isenções aos limites de posições de dois fundos ETFs que gozavam do direito de terem quantos contratos quisessem de futuros de soja, milho e trigo. A medida soou como um alarme pois este benefício para os fundos de índices e de ETFs existe para praticamente todos os outros mercados. Desde que o CFTC sentou para estudar o caso da participação dos fundos nos mercados de energia e de outras commodities de produções finitas, os agentes desconfiavam que outros mercados poderiam entrar na escrutinação, e a confirmação veio agora.

O desconforto é grande para os participantes do mercado. Veja o caso do café por exemplo: a posição comprada dos fundos de índices de de ETFs está hoje em 42,502 contratos, aproximadamente 12 milhões de sacas de café de 60 kg. Quanto disto está na mão dos últimos não se sabe, porém novas categorias criadas pelo CFTC identificará o que se chama de "negociadores de swaps" que são justamente os fundos ETFs. Até lá porém a dúvida do tamanho da posição e de uma eventual redução forçada pelo regulador deixará os altistas ("bulls" em inglês) dormindo um sono mais agitado.

Os efeitos negativos puderam ser notados nesta semana com a queda dos mercados agrícolas que descolaram dos demais. O café em Nova Iorque perdeu US$ 9.66 por saca rompendo os níveis de 128.00 centavos e (por enquanto) respeitando o 125.00 para o contrato de dezembro de 2009. Londres caiu menos, US$ 3.30 /saca, mas também encerrou com uma "cara" feia sugerindo mais baixas a partir de amanhã (segunda-feira).

O contrato de café na BM&F não conseguiu, obviamente, ficar imune à queda, mas perdeu "apenas" US$ 5.30 / saca, provocando um estreitamento na arbitragem contra NY para 15.40 centavos, níveis que não víamos desde novembro de 2008. O reflexo vem do mercado interno brasileiro que negociou café com diferenciais de um dígito, uma reposição extremamente cara principalmente se compararmos com os diferenciais praticados até a semana retrasada no FOB.

Em outras palavras o café negociado na bolsa de São Paulo, que é um café mais preparado e de bebida boa, neste momento é o café mais barato que se pode encontrar pelos exportadores. Não é por acaso que o spread entre o contrato de setembro e dezembro estreitou para US$ 2.50 por saca depois de ter negociado a mais de US$ 5.00 de desconto recentemente. A firmeza do mercado interno com os produtores relutantes em aceitarem preços mais baixos apesar da queda forte de Nova Iorque acaba espremendo os exportadores e o custo de reposição, firmando os diferenciais brasileiros em uma época do ano em que o Brasil é basicamente o único fornecedor do mercado mundial. O "barateamento" do café se dá também em dólares americanos, já que o Euro e o Real firmam.

Resta saber se estes fatores vão aguçar mais o apetite dos torradores para estenderem a cobertura necessária nos mercados futuros. O mercado mostrou nesta semana que a indústria acordou e começou a comprar o mercado abaixo de 128.00 e colocar mais volume de compra abaixo de 125.00, aproveitando a onda de liquidação de fundos que estamos vivendo.

É bom lembrar que os torradores estão com uma cobertura em futuros bastante pequena e que não tem mais espaço para prorrogar suas fixações, ou seja vamos notá-los daqui para baixo. Por outro lado o relatório que informa a partipação dos agentes no mercado, o COT (commitment-of-traders), assustou ao mostrar que apesar do mercado ter caído fortemente, os fundos pouco liquidaram de seus comprados, deixando a impressão de que eles ainda podem fazer um estrago maior no mercado.

O mercado está perigoso, e só agora estamos percebendo um interesse maior por parte daqueles que precisam comprar. O desinteresse visto até antes desta semana fez com que as volatilidades implícitas caíssem mais ainda e que o número de contratos em aberto caísse para 96 mil lotes pela primeira vez desde março de 2006.

Com o Brasil retraindo as vendas no mercado, a indústria voltando a comprar futuros, e o dólar cedendo e barateando o preço do café, creio que NY está próximo de encontrar um suporte, parar de cair e voltar a trabalhar mais para cima. O problema é que estes indicadores podem não ser suficientes para segurar uma nova enxurrada de vendas por parte dos fundos e principalmente aqueles que têm posições grandes e que podem sofrer com imposições para reduzi-las como o CFTC fez nesta semana com outros fundos.

Torradores, aproveitem a baixa para comprar. Produtores não fiquem apenas olhando, embora o cenário demonstre que o mercado pode estar perto de encontrar um chão. Aproveitem a volatilidade barata e comprem um "seguro" para terem noites melhores de sono caso haja venda de especuladores.

Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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