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A única certeza é a incerteza

RODRIGO CORREA DA COSTA

EM 03/11/2009

5 MIN DE LEITURA

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Comentário Semanal - 26 a 30 de outubro de 2009

Como justificar racionalmente a movimentação que vimos das bolsas de ações nesta semana? A queda da segunda, terça e quarta teve uma mistura de tomada de lucro, números negativos referentes ao mercado imobiliário e reação à confiança do consumidor americano, sendo que o último caiu bastante apesar do índice normalmente andar junto com a performance do mercado acionário, que diga-se de passagem subiu quase 40% este ano. Como o desemprego continua elevado e os débitos ainda inchados, o cidadão americano perdeu um pouco da confiança - pelo menos por enquanto.

Pois bem, depois de uma queda de 3,42% até quarta-feira, na quinta-feira o mercado subiu 2,2% em função do PIB americano ter crescido no terceiro trimestre - pela primeira vez depois de mais de um ano de queda. Porém, na sexta o mercado desmoronou 2,89%, já que o crescimento divulgado no dia anterior teve uma contribuição de 50% vinda do programa (já extinto) em que o governo deu até 5 mil dólares de subsídio para os consumidores trocarem de carro, e também uma boa parte veio dos 8 mil dólares que a viúva tem dado aos compradores de imóveis que estão comprando casas pela primeira vez.

Simples não é? Impossível de se operar! De carona no zigue-zague dos preços das ações, as commodities tiveram um comportamento parecido, assim como o dólar americano. A semana se encerrou com o Euro 1.99% mais fraco, com queda de 2.56% do Real, e com o café caindo US$ 2.18 por saca em Nova Iorque, subindo US$ 1.32 em Londres e US$ 2.65 em São Paulo.

Como podemos notar, as arbitragens entre Nova Iorque e os seus dois mercados co-irmãos estreitaram, e o motivo é que no caso do robusta (ou conilon) o preço ficou tão mais baixo comparado com o arábica que os torradores resolveram aproveitar para comprá-lo, enquanto esperam pacientemente que o segundo "barateie". Já a BM&F subiu em função da falta de cafés finos no mercado brasileiro. O quadro de disponibilidade no curto prazo se agrava pois os produtores estão separando seus melhores cafés para entregar ao governo, no vencimento da primeira tranche do plano de opções que pagará mais de R$ 300.00 a saca, bem acima dos preços praticados no momento.

Ao mesmo tempo os produtores brasileiros aproveitam para pré-negociar a safra 2010/11, que continua sendo debatida quanto ao potencial. Uma prova clara da estratégia adotada pelos fazendeiros de aproveitar a puxada dos preços para vender o que colherão o ano que vem é a curva, ou spread na BM&F. Vejam por exemplo a diferença entre o contrato de dezembro 2009 contra o setembro de 2010. Há dois meses a diferença estava em mais de US$ 10.00 e na sexta-feira fechou em US$ 3.30 apenas. Isso sem falar que a qualidade do contrato de café na negociado na bolsa de São Paulo mudará a partir do contrato de maio de 2010, para o tipo 4 ao invés do atual tipo 6 aceito. Ou seja, o que o mercado está nos dizendo é que haverá um bom volume de café no ano que vem.

Com relação ao debate do quanto de fato poderá ser produzido na próxima safra brasileira, o que vemos é uma falta de consenso, e estimativas que variam significativamente. Uma corrente de pensamento diz que o potencial produtivo foi reduzido acentuadamente em função do excesso de chuvas. Outros dizem que o melhor fertilizante que tem é água, e portanto calculam uma safra recorde.

Enquanto a "disputa" continua, creio ser importante salientar que mesmo que o volume da produção seja confirmado em ser um recorde, a quantidade acima do normal de floradas provocará um deterioramento da qualidade da safra, já que o produtor esperará o amadurecimento da maior parte dos frutos no pé. O efeito de uma colheita tardia aumentará a quantidade de cafés chuvados, fermentados e de chão, em detrimento de café melhores. Isto porque a colheita é o que mais contribuiu na planilha de custo para o café. Ou seja, a safra pode até ser grande, mas podemos ver uma dificuldade em se originar cafés finos.

Os agentes de mercado também tem discutido a safra colombiana, que tem sido estimada em mais de 11 milhões de sacas pela Federação Nacional dos Cafeteros - um pouco inchada. É bom lembrar que a safra 2008/09 foi menor de 9 milhões de sacas, e uma recuperação de 30% está bem aquém do que acontece no país. A safra que está sendo colhida deve ficar ao redor de 10 milhões de sacas, e olhe lá.

Curiosamente os importadores Europeus não se preocupam tanto com isso, pois muito substituíram o produto do nosso vizinho e têm acessos a outras origens que também produzem café de qualidade, como África. Os Estados Unidos são o que demonstram mais ansiedade, mas mesmo assim muitos buscam outras alternativas.

Com isso o que podemos viver nas próximas semanas é um travamento na comercialização de físico caso a bolsa continue caindo, o que parece o mais provável. Segundo o último relatório de posicionamento dos participantes (COT) divulgado na sexta-feira, os fundos venderam apenas 1,911 contratos entre o período de 20 a 27 de outubro, quando o mercado caiu 5.45 centavos de dólar por libra-peso. Em outras palavras os fundos venderam muito pouco para o quanto o mercado caiu. Imagina se eles resolverem vender 10 mil lotes de suas posições...

As torrefadoras devem começar a comprar o mercado ao redor de US$ 130.00 centavos, porém não devemos esperar que elas sozinhas consigam sustentar o mercado em Nova Iorque. Por sinal vale lembrar que começaram a acontecer a rolagem das posições do contrato de dezembro para março, e mal os fundos iniciaram a rolagem de sua massiva posição comprada e o spread já abriu para 3.05 centavos. Tudo indica que este spread deverá alargar para mais de 3.50, outro fator que pode pressionar as cotações.

Em Londres começa na segunda a entrega do contrato de novembro, e o início da notificação se dá com o novembro estando com 50 dólares de desconto contra o janeiro, com o Vietnã a beira de colher uma safra grande - nada muito positivo também.

O mercado acionário deve começar a semana pressionado com a notícia da concordata de um dos maiores bancos financiadores do setor comercial americano o CIT (não é o Citibank) - instituição de 101 anos de existência. Será que as commodities aguentarão o tranco?

Uma recente pesquisa feita pela Bloomberg indicou que os investidores apostam que as commodities vão dar o melhor retorno no ano de 2010. O receio que estas pesquisas causam é que os investidores provavelmente já estão posicionados para uma alta, e o incremento do número de contratos em aberto que vimos recentemente ajuda a provar isto. Claro que o sujeito que colocou seu dinheiro nas commodities não vai falar que os preços vão cair.

Fundamentalmente o mercado deveria se segurar pelo menos até o final do ano, porém uma chuva de vendas pode momentaneamente deixar o fundamento de lado. As volatilidades ainda estão baratas para comprar proteção de preço, aproveitem!

Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.

RODRIGO CORREA DA COSTA

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