O El Niño desperta diversos questionamentos quanto a seus impactos climáticos no Brasil. O fenômeno resulta no Pacífico Equatorial mais quente do que a média, e consequentemente, um clima mais quente em nossas regiões produtoras de café. No entanto, nas últimas semanas cafeicultores reportaram problemas na secagem dos grãos em consequência de dias subsequentes com chuvas.
Algumas regiões apresentaram dificuldades já no mês de maio deste ano, como foi o caso do produtor do Paraná, Marcelo Teixeira. Do município de Carlópolis, ele alertava sobre os problemas com o clima para os trabalhos da lavoura. “Não e fácil fazer café de qualidade sempre temos chuva na colheita!”, comentou, registrando seu terreiro na ocasião.
Para entender melhor quais os efeitos que o fenômeno tem causado em diferentes estados brasileiros, o CaféPoint conversou nesta quinta-feira (23/7) com o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo.
Umidade e chuva
A umidade registrada nos últimos dias em regiões como Sul de Minas e Cerrado Mineiro, em Minas Gerais, e Mogiana, em São Paulo, foi uma das preocupações dos produtores que precisam avançar nos trabalhos da colheita. “A umidade não necessariamente foi causada pelo El Niño, mas tivemos sim uma subida de instabilidade que possibilitou bastante chuva”, explica Nascimento.
Embora a instabilidade prossiga durante esta semana, com um pouco de paciência, para estes produtores há uma boa notícia. “Essa tendência não vai continuar. Em agosto e em setembro deve chover muito pouco”. De acordo com o especialista, a partir do próximo domingo (26/7), o clima já deve abrir espaço para temperaturas mais elevadas – de 3°C a 4°C acima dos últimas medições – e dias mais firmes.
São Paulo
Confira a previsão em Franca.
Minas Gerais
Confira a previsão em Monte Carmelo.
Paraná
Já para o cafeicultor do Paraná, onde as chuvas estiveram presentes na colheita e secagem dos grãos, a previsão também é de tempo mais firme. “O El Niño provoca bastante chuva no Sul, mas o problema não deve chegar ao Norte do Paraná, onde se concentram algumas das produções de café”, tranquiliza o meteorologista.
Confira a previsão em Carlópolis.
Bahia
A previsão é de que no estado da Bahia, as temperaturas fiquem mais altas do que o normal. Outra tendência é de chuvas abaixo da normalidade para as próximas semanas.
Confira a previsão em Barra do Choça.
Espírito Santo
No estado que mais produz café conilon - o robusta - do País, a previsão é de que o fenômeno continue causando problemas com água. “A tendência de irregularidade de chuvas deve continuar para os capixabas”, explica Alexandre, que completa que, neste caso, onde a estiagem vem castigando por mais tempo, o vilão é, de fato, o El Niño.
Confira a previsão em São Gabriel da Palha.
El Niño e La Niña
O El Niño teve início em meados de maio e junho – quando provocou mais calor – e deve se estender até o final do próximo verão, em março de 2016. Suas principais consequências são a elevação das temperaturas e a ocorrência de chuvas no Sul do país. Já o fenômeno chamado de La Niña, que ocorreu nos anos de 2010, 2011 e 2013, ocasiona muitas massas polares avançando pelo centro-sul do Brasil.