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O visível déficit mundial de café

POR MARCO ANTONIO JACOB

ESPAÇO ABERTO

EM 08/10/2014

6 MIN DE LEITURA

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Estamos dia 8 de outubro, são 279 dias transcorridos do ano de 2014, e já estamos na safra cafeeira brasileira de 2015/2016. Podemos tentar prever o que ocorrerá na produção brasileira de café para a safra de 2015/2016?

Como não temos bola de cristal para tentar enxergar o invisível vamos usar o raciocínio lógico, fazendo alguns exercícios matemáticos, mas para isto, devemos retornar um pouco no passado para refrescar nossa memória.

Em dezembro de 2013, sendo conservadores e otimistas, a safra de 2014/2015 seria uma safra de ciclo cheio, dado a bienalidade. Então, tínhamos uma previsão de colheita de 54 milhões de sacas, sendo 37 milhões de arábicas e 17 milhões de conilon. Vejamos abaixo as notícias publicadas em janeiro de 2014.

Volcafé
Jan. 6 - “We have found evidence in the field that encourages us to settle on a 51 mio bag crop estimate for the 2014/15 season, with around 35 mio bags of arabica and 16 mio bags of conillon.”

Citigroup
Jan.6 (Bloomberg)—Output in Brazil, the world’s top grower, may reach 52.6m to 53.2m bags in 2014 vs a previous estimate of 58.5m bags, Sterling Smith, a futures specialist at Citigroup Inc., said today in a telephone interview.

Terra Forte
Jan.8 - Therefore our final number stands at 53.7 Mio, however with a strong negative bias.

A 52 / 54 range sounds safer at the moment. Arabicas 36.250.000 and Conilon 17.440.000.

Neste mesmo dezembro de 2013, as perspectivas de produção para a safra de 2015/2016 seriam de uma safra menor, pois além do ciclo ser ciclo de safra baixa, houve um grande desinvestimento na produção cafeeira brasileira devido aos baixos preços praticados pelo mercado, pois o café vinha sendo comercializado abaixo do custo de produção.

Então as projeções para 2015/2016 seriam de uma produção 20% menor para os cafés arábicas, assim um potencial de 30 milhões de sacas, e, para os conilons, também devido também a uma pequena bienalidade, um leve declínio, com a produção estimada de 16 milhões de sacas, projetando assim um potencial produtivo total brasileiro para 2015/2016 de 46 milhões de sacas de café.

No período de janeiro a abril, os cafeeiros brasileiros se encontram com os frutos pendentes em fase de crescimento e enchimento do grão, e, a árvore também esta em fase de crescimento vegetativo, assim o cafeeiro precisa de muita água e energia para atender as necessidades de ambos.

Porém, em janeiro de 2014 ocorreu uma extrema anomalia climática, com uma longuíssima estiagem aliada a altíssimas temperaturas, intensa radiação solar e menor umidade relativa do ar sobre quase a totalidade do parque brasileiro de cafés arábicas, uma anomalia jamais imaginada e nunca experimentada.

Como nesta época os cafeeiros necessitavam de alto consumo de água e energia, iniciou-se uma competição entre frutos pendentes e o crescimento vegetativo, nenhum se saiu vencedor, com perdas para ambos; nos frutos pendentes muitas lojas não se completaram e houve um menor crescimento dos endospermas (sementes), e, também um menor crescimento vegetativo, tanto ortotropico (tronco) como das ramas plagiotropicas (laterias) .

Em março, já se podia constatar os danos causados, pois notava-se o menor crescimento vegetativo com varias necroses nas folhas e de ramas vegetativas devido a escaldadura. Com uma análise mais profunda, notava-se também danos no endosperma dos frutos pendentes, mas quantifica-los era ainda difícil.

Porém houve um agravante, pois dado a impossibilidade pelas condições climáticas, quase todos os parques cafeeiros deixaram de receber tratamentos fitossanitários e nutricionais.

Partindo destes fatos ocorridos, agora no inicio de outubro, findado a colheita, podemos quantificar a real dimensão na produtividade de 2014/2015 devido a esta extrema anomalia climática ocorrida entre JANEIRO e MARÇO de 2014.

Nos cafeeiros arábicos, foi constatado perdas de 5% a 80%, dependendo de várias condições especificas. Cafeeiros de primeira safra (com raízes superficiais), em zonas mais quentes, com solos arenosos, houve perda de produção de até 80%.

Cafeeiros adultos, em solos mais argilosos, regiões mais frescas, contra face do sol e irrigados, houve perdas de produção de 5%.

De acordo com dados de pesquisadores, cooperativas e empresas privadas, a perda de produção para a safra de 2014/2015 nos cafés arábicas atingiu um montante de aproximadamente 7/8 milhões de sacas, apontando para uma colheita de cafés arábicas entre 29/30 milhões de sacas, portando a perda foi de aproximadamente 20% dos 37 milhões originalmente previstos, esta projeção é em linha entre as empresas privadas e órgãos de pesquisa oficiais.

Os cafeeiros conilons mantiveram a projeção inicial de 17 milhões de sacas, pois são produzidos em regiões onde não houve problemas climáticos, entretanto há uma discrepância do “trade” brasileiro e as entre as projeções da CONAB/INCAPER (órgão capixaba de pesquisas cafeeiras), que afirma que a produção brasileira de conilons em 13 milhões de sacas.

Assim sendo, podemos apontar que a safra brasileira de 2014/2015 será maximamente próxima de 46/47 milhões de sacas.

Para a safra de 2015/2016, dado ao menor crescimento vegetativo registrado até o momento, devido a perversa anomalia climática no primeiro trimestre de 2014, na fase mais importante de vegetação (janeiro e março), juntamente aos menores tratos culturais devido a questões econômicas e a impossibilidade de fazê-los durante o período da estiagem como citado anteriormente, e, com o agravante de uma quantidade de cafeeiros sendo reformados (podados) atualmente, uma perda de 30% no potencial produtivo original de cafés arábicas é perfeitamente dentro da realidade, assim outros 9,6 milhões de sacas devem ser eliminados do potencial produtivo.

Ressalto que atualmente temos uma expressiva reforma das lavouras, com esqueletamento, decotes, recepas e arranquios de cafezais adultos, pois como mencionado o crescimento vegetativo foi pífio em muitíssimas lavouras.

Inclusive, as lavouras jovens (cafeeiros com até cinco anos), o crescimento vegetativo foi pequeno, assim este contingente de lavouras não terão potencial produtivo satisfatórios.

Não haverá nenhuma mágica ou milagre que fará reverter este quadro, pois a arte de produzir café é a arte de produzir ramas vegetativas no cafeeiro. Então, se deduzirmos 9,6 milhões de sacas do potencial produtivo de cafés arábicas que seriam originalmente 32 milhões de sacas de café estimados em dezembro de 2013, encontramos como potencial produtivo para 2015/2016 o montante de apenas 22,4 milhões de sacas.

Para o café conilon, devemos manter os mesmos 16 milhões de sacas de café, pois nenhum problema climático foi relatado. Então, o potencial produtivo brasileiro para 2015/2016 , totalizam 38,40 milhões de sacas.

Abaixo apresento dois dados publicados pela Cooxupé, para que entendam a gravidade da anomalia climática ocorrida até o presente momento.

 
Média de chuvas no período de janeiro a setembro de 2014 foi apenas a metade do mesmo período de 2013


A literatura brasileira indica que regiões onde o déficit hídrico é maior que 150 mm, são inaptas para cafeicultura convencional (não irrigada)


O condão deste artigo não é estatístico, e nem tampouco uma precisão de acertos numéricos, é apenas uma reflexão matemática.

Então, visível é o déficit no suprimento de cafés para o mercado consumidor mundial, pois a produção brasileira nas safras 2014/2015 e 2015/2016 serão próximos a 85 milhões de sacas, e, os outros países produtores não terão a capacidade de suprir o déficit brasileiro, assim sendo, será necessário o uso dos estoques mundiais para atender a demanda global no período.

Oxalá, não tenhamos nenhum outro problema climático nos países produtores de cafés, pois necessitamos que as condições climáticas mundiais sejam extremamente favoráveis, pois os estoques podem não ser suficientes para atender a demanda mundial. 

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MARCO ANTONIO JACOB

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 10/10/2014

Carlos Alberto ,



em nenhum momento quis desqualificar o INCAPER , inclusive aponto a divergência de numeros entre o INCAPER x Empresas Privadas . Oa maiores interessados em saber a verdade sobre o total de produção de conilon são os produtores . Vocês deveriam criar um debate público e aberto , convidando ambos os lados para discutirem as metodologias e chegarem a um denominador comum. Isto seria salutar para toda o agronegocio do café.
CARLOS ALBERTO DE CARVALHO COSTA

MUQUI - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/10/2014

Ótima explanação Sr. Marco Antonio Jacob, concordo com quase tudo, só discordo da previsão e estimativa de safra para o conilon em 2014 e 2015 pois a Incaper capixaba é um orgão que dificilmente erra suas previsões e o responsável pelas previsões e também pelos estudos e lançamentos de novos clones altamente produtíveis em nosso estado, é o Dr. Romário Gava Ferrão um dos maiores entendidos em café conilon no mundo e ainda conta com uma equipe altamente gabaritada que vão nas propriedades na época dos levantamentos.
WELINGTON GERALDO ROSA

ALPINÓPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2014

Parabéns Marco Antônio, pela brilhante explanação sobre a realidade do momento que a cafeicultura brasileira está atravessando.

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