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Café: o que estamos bebendo?

POR ARMANDO MATIELLI

ESPAÇO ABERTO

EM 12/02/2010

4 MIN DE LEITURA

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O consumo de café no Brasil vem crescendo substancialmente nos últimos anos segundo a ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café) e está previsto um consumo de 19 milhões de sacas para o presente ano. Estamos praticamente igualando ao consumo norte americano.

Esta grande evolução vem contribuindo em muito com a cafeicultura nacional, mas infelizmente o café que estamos consumindo não demonstra a qualidade preconizada pelo setor industrial. Esta afirmativa podemos demonstrar através dos números da produção, consumo e exportação, vejamos:

Tabela de produção, consumo e exportação


Fonte: CONAB, MAPA, MDIC



Considerando que de 2004 a 2008 produzimos 196,8 milhões de sacas (fonte: MAPA/Conab), exportamos 137 milhões de sacas (fonte: MDIC/DECEX) e, consumimos 81,5 milhões de sacas (fonte - ABIC) temos uma média de 16,3 milhões de sacas/ano. Portanto nesses cálculos, faltam 22,4 milhões de sacas que seria provavelmente o estoque em 31/12/2003.

Segundo o MAPA/Conab o Brasil produziu 47,7 milhões de sacas de robusta/conilon e exportamos nesse período 6,5 milhões de sacas (fonte - MAPA), em forma de café verde e, como desconhecemos a realidade da composição do solúvel onde alegam segredo industrial imaginamos que fica de bom tamanho o fifty-fifty (50% de arábica e 50% de robusta ).

Com isso teremos no período de 2004 a 2008 uma produção industrial de solúvel exportado, equivalente a 15,7 milhões de sacas (fonte - MAPA); sendo assim aproximadamente 8,0 milhões de sacas como robusta. Pelos cálculos subtraímos do total produzido de robusta 6,5 milhões de sacas em forma de verde exportado e, 8,0 milhões de sacas na composição do solúvel sobrando portanto 33 milhões de sacas consumidas internamente de robusta, onde temos uma média de 6,6 milhões sacas/ano.

Sabemos que aproximadamente 10% da produção refere-se ao PVA (Preto, Verde e Ardido) que no período somam 19,6 milhões de sacas, que é consumido no mercado interno, pois, não conseguimos exportar resíduo e isso dá uma média aproximada de 4 milhões de sacas/ano.

Senhores cafeicultores e consumidores entre robusta/conilon e PVA, estamos consumindo uma média de 10,6 milhões de saca/ano sobrando tão somente 5,7 milhões de sacas/ano de arábica para o nosso consumo, ou seja, estamos bebendo tão somente 35% do café que dá a palatabilidade, aroma e outras propriedades organolépticas que caracterizam o café de qualidade. Não estamos fazendo apologia contra o conilon que é produzido por cafeicultores sofridos e honrados, mas alertamos que essa quantidade desproporcional de conilon no consumo interno poderá trazer sérios reflexos no desenvolvimento normal do mercado. Isso se, já não está impactando, pois, pelo aumento do poder aquisitivo e da renda per capita das classes sociais brasileiras, o aumento de consumo preconizado pela ABIC está muito aquém do ideal. O povo brasileiro é aguerrido ao café e, prova disso que em qualquer recanto desse nosso país, quando chegamos numa residência a primeira ação de sociabilidade é oferecer um cafezinho mesmo antes d água. Graças a Deus o povo brasileiro que tem esse excelente glamour com o café, mas, por outro lado esse mesmo consumidor é maltratado pela indústria nacional que empurra "guela abaixo" um café misturado até com resíduos que deveria ser descartado como matéria orgânica para estercar nossos cafezais ou servir como fonte de biodiesel já ventilado pela UFV (Universidade Federal de Viçosa)

A SINCAL, como legítima representante dos cafeicultores, toma a liberdade de aconselhar a ABIC a segmentar e diferenciar, enfaticamente como se faz o bom marketing em praticamente todos os segmentos da economia desde as bebidas, indústria alimentícia, até as indústrias mais pesadas como de carros e aviões.

O café como o vinho oferece nuances muito particulares que proporciona uma segmentação com agregação de valor numa escala extraordinária. Para os mais velhos, basta lembrar da infância, dos vinhos importados em tonéis oriundos do velho continente ou mesmo dos garrafões do vinho nacional. Acabou-se toda essa lambança comercial com a cadeia do vinho, trazendo vastíssima e rica segmentação, sendo um dos maiores exemplos de agregação de valor. Senhores industriais e representantes da ABIC, precisamos melhorar o nosso café, valorizar este precioso produto, tirando o PVA, o excesso de robusta e atender as riquíssimas nuances de palatabilidade.

Outro ponto é a rotulagem do café, defendido veementemente pela APAC (Associação dos Produtores de Café do Paraná) mais especificamente pelo Dr. Ricardo Strenger. É uma medida justa, racional, inteligente e salutar. O consumidor tem o direito de saber o que está bebendo e, num marketing verdadeiro, aberto e claro, teremos que segmentar e agregar e lá não escapa a citação de todas as características mostrando ao consumidor o seu direito de escolha com conhecimento e diferenciação. A partir do momento que a indústria nacional e multinacional, que atuam no Brasil, nos ramos industrial e comercial do café partirem para o marketing da qualidade, teremos uma explosão de consumo e servirá como exemplo de sucesso para as melhores teses. "O respeito ao consumidor pela qualidade de um produto é o grande sucesso do negócio".

Precisamos incentivar o povo brasileiro a beber café de qualidade. Vamos abolir esse PVA o qual já definimos, vamos rotular e claro, vamos ganhar dinheiro, pois esse mercado é riquíssimo e está padecendo de inovações, de quebras de paradigmas e, assim estaremos contribuindo com a cadeia do agronegócio café, apoiando esses esquecidos 320.000 cafeicultores por esses rincões brasileiros.

Vamos esquecer o drawback. Precisamos vender e não comprar. O Brasil possui a maior gama de tipos e qualidade de café do mundo. Produzimos cafés nos mais diferentes tipos de solo, altitude, latitude, longitude numa extensão territorial quase que continental dando a maior diversidade do mundo e não justifica importar café. Por quê? Pelo preço? Não é verdade, somos vendedores amadores no mercado mundial de café.

Vendemos sempre muito barato detonando com os preços do mercado mundial. Chega de commodity, vamos segmentar, diferenciar, agregar e valorizar o nosso precioso CAFÉ como é feito pelos mercados desenvolvidos.

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WILLEM GUILHERME DE ARAÚJO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/02/2010

O Sr. Armando MAtielli resumiu a politica que deve ser adotada pelo Governo e a industria em relação ao café consumido no Brasil. Se houver uma maior fiscalização maior nas industrias permitindo um percentual máximo de inclusão do conilon na produção de cafés torrados e moidos no país (acho que 25% seria de bom tamanho) e retirar do mercado aquelas marcas que utlizam cafés Tipo 7 para baixo, não resolveria 100% dos problemas da cafeicultura nacional, mas pelo menos o consumidor vai beber um café de melhor qualidade e teríamos um mercado mais enxuto, já que õs cafés de pessima qualidade não poderiam ser comercializados.

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