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Sistema de Inteligência da Concorrência: Uganda

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 07/05/2009

17 MIN DE LEITURA

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Uganda é reconhecido como o país mais fértil da África, com boa pluviosidade, de 1.500 a 2.300 milímetros por ano, e excelentes solos de formação vulcânica. A maior parte do país situa-se sobre um grande planalto com altitudes de 1.000 a 1.300 metros de altitude, originalmente coberto por savanas. Nas regiões oeste, sudoeste e leste há cadeias de montanhas, cobertas por florestas, aonde a altitude chega a ultrapassar 5.000 metros.

O país é cortado transversalmente pelo Equador. Uganda não tem litoral, mas por outro lado, conta com três grandes lagos. O principal deles é o Lago Vitória, um dos maiores do mundo, cuja posse Uganda divide com a Tanzânia e o Quênia. Dos lagos Alberto e Vitória deriva o Rio Nilo Branco que a jusante se une ao Nilo Azul, que nasce na Etiópia.

Política

O processo de união dos territórios que dariam origem a Uganda se desenrolou de 1500 até próximo de 1890, quando um acordo com a Alemanha passou para os britânicos o direito sobre a colônia, que foi um protetorado do Reino Unido até 1962, ano da declaração de sua independência. Dentre os líderes do movimento de liberação do país, já se destacava Milton Obote, primeiro-ministro que, em 1966, se auto-declarou presidente vitalício e governava com mão de ferro.

Figura 1. Mapa político de Uganda


Fonte: CIC

Obote foi deposto em 1971 pelo general Idi Amin Dada, conhecido pelas atitudes excêntricas e também como um dos ditadores mais sanguinários da história. Amim era acusado de torturas e até de canibalismo, expulsou estrangeiros - principalmente indianos - que tinham importante papel na economia do país, apoiou o seqüestro de um avião israelense pelos palestinos, envolveu o país em conflitos fronteiriços com Tanzânia e Quênia e, segundo estimativa da Anistia Internacional, massacrou 300 mil ugandenses.

A invasão da Tanzânia em 1978 foi o estopim para a unificação de várias correntes anti-Amin na Frente de Liberação de Uganda, que, apoiada pelo país vizinho e tendo Obote como um de seus líderes, invadiu o país e obrigou Idi Amim a fugir para a Líbia. Após sua expulsão da Líbia, Amin conseguiu asilo na Arábia Saudita onde viveu até seu falecimento em 2003.

Após dois presidentes depostos por golpes de estado, Obote retornou ao poder em 1980 por meio de eleições, governando até 1986, quando foi deposto, com a instalação de Yoweri Museveni na presidência do país. Museveni iniciou, a partir de 1993, o processo de restauração das instituições ugandenses, inclusive voltando a reconhecer os antigos monarcas regionais do país (sem outorgar-lhes poder político), e foi confirmado no cargo por meio de eleições em 1996. O presidente foi re-eleito em 2001, numa eleição sem partidos políticos, e novamente em 2006, já sob sistema multipartidário, após eliminar no parlamento a restrição à duração de seu mandato.

Nos anos 90 e na década atual, Uganda continuou a se envolver em conflitos e intervenções militares nos vizinhos Ruanda e República Democrática do Congo. Enfrenta também, no norte do país, os rebeldes do Exército de Resistência de Deus (LRA, na sigla em inglês) que visam governar o país com base nos Dez Mandamentos, porém já perpetraram ações militares extremamente violentas, a ponto de alguns de seus líderes terem sido condenados na Corte Internacional de Haia. Foi assinado um acordo de paz com o LRA, mas há suspeitas quanto ao cumprimento do mesmo, pois, como ocorreu noutras oportunidades, seus líderes alegam dificuldades para desmobilizar os comandantes regionais.

Economia

Além do solo fértil, Uganda tem recursos naturais substanciais, depósitos minerais relativamente grandes de cobre e cobalto e foi recentemente descoberto em seu território um campo de petróleo com potencial para produção de até mais de um bilhão de barris. A agricultura continua a ser o setor mais importante da economia, empregando mais de 80% da força de trabalho. E o café é principal produto de exportação do país, contribuindo com 20 a 30% de suas receitas externas.

O PIB de Uganda, de 14,6 bilhões de dólares, e sua renda per capita, de 458 dólares, posicionam o país entre os mais pobres do mundo. Sua população de quase 31 milhões de habitantes apresenta taxa de fertilidade de mais de 6,7 filhos por mulher, expectativa de vida de 51 anos e mortalidade infantil de 13,4% até cinco anos de idade. A prevalência da AIDS na população entre 15 e 49 anos era de 5,4% em 2007, tendo sido reduzida dos quase 30% a que chegou, na década de 1990, graças a um vigoroso programa de controle reconhecido mundialmente. O IDH de Uganda é de 0,493, o que dá ao país a 156a posição dentre os 179 países para os quais o índice é aferido pela ONU.

Nos anos de 2005 a 2007, o PIB de Uganda cresceu, respectivamente, 6,7; 5,1 e 6,5%. Em tal período, o governo do país conseguiu manter a taxa de inflação anual em um dígito, mesmo tendo subido desde 2005, após ter sido de apenas 3,6% em 2000. De 2005 até 2007, a inflação acumulada foi de 26,8%. Houve forte elevação, principalmente nos preços dos alimentos, em 2008 e, mesmo com certa desaceleração no segundo semestre, a taxa anual fechou em 14,2%.

Do início de 2005 até 31 de julho do ano passado, o xelim de Uganda acumulou valorização de 6,41% frente ao dólar. De lá para cá, houve desvalorização nominal de 24,54% do xelim, mas, por conta da inflação de 44,8% acumulada desde 2005, a moeda ugandense ainda acumula valorização real de mais de 16% frente ao dólar.

A sobrevalorização, mesmo nominal, da taxa de câmbio, de 2005 até julho de 2008, limitou os benefícios da alta das cotações internacionais do café que ocorreram em tal período. De lá para cá, a desvalorização ocorrida junto com o acirramento da crise financeira mundial sequer corrigiu a sobrevalorização acumulada do xelim e, como as cotações do café na Bolsa de Nova Iorque caíram mais de 15% desde agosto, a rentabilidade da cafeicultura do país ainda encontra-se sob pressão. Entre setembro de 2008 e março de 2009, o preço médio pago ao produtor pelo café robusta em coco caiu 17% e o preço do arábica bica corrida caiu mais de 16%, em moeda local.

Por ter um sistema financeiro pouco integrado globalmente, Uganda apresenta baixa exposição direta aos fatores desencadeadores da crise financeira internacional. No entanto, os primeiros efeitos sobre o crescimento do PIB já foram sentidos em 2008 e o próprio Banco de Uganda (banco central do país) reduziu sua estimativa de 8 para 5 a 6%.

A cadeia produtiva do café no país

Uganda produz tanto café arábica como, principalmente, café robusta. O robusta é cultivado em áreas de altitude menos elevada para os padrões do país, 1.000 até 1.200 metros acima do nível do mar. A espécie é nativa da região do entorno do lago Vitória. Já o arábica foi trazido da Etiópia, sendo cultivado nas encostas do Monte Elgon, em áreas 1.500 a 2.300 metros acima do nível do mar, e no oeste do país na divisa com a República Democrática do Congo (antigo Zaire).

Figura 2. Mapa cafeeiro de Uganda


Fonte: CIC, modificado pelo autor

O café robusta é predominantemente preparado por via seca e comercializado na forma de café verde, com a maior boa parte dele sendo descascado em cooperativas. Também há comércio de café em coco (conhecido como kiboko) para intermediários que fazem o descasque e o revendem para os exportadores. Os lotes de café chegam cada vez mais úmidos às exportadoras, com umidade de 20% a 22%, o que as obriga a ter equipamentos de secagem. Há algumas instalações de benefício úmido sendo utilizadas para café robusta, principalmente em fazendas de grupos empresariais que têm obtido prêmios expressivos na venda de seu produto. E em alguns casos, mesmo o robusta ugandense natural é vendido com prêmio no mercado, por conta de suas características de bebida.

Desde 1993 a cafeicultura de robusta enfrenta a traqueomicose, ou coffee wilt disease (CWD) como é conhecida em inglês. A doença vascular interrompe o fluxo no xilema, causa o amarelecimento e murcha do cafeeiro (daí o nome, doença da murcha do café), levando-o à morte. Chegou ao país pela fronteira com a República Democrática do Congo e se espalhou para todas as regiões produtoras de robusta, com algumas fontes falando em contaminação até de 50% das plantas. A doença até o momento não afetou as lavouras de arábica.

A produção de robusta, que aumentava progressivamente desde 1991 (vide Coffee Marketing Board, abaixo) e em 1995/96 estava próxima a 4 milhões de sacas, passou a cair gradativamente por conta da CWD até ficar na casa de 1,6-1,7 milhões de sacas, em 2005/06, quando também houve efeito de uma severa seca. De lá para cá, as medidas de sensibilização dos fazendeiros e líderes regionais; corte e queima de plantas doentes in situ; restrição de transito de café não beneficiado e, principalmente, replantio com mudas clonais resistentes começaram a surtir efeito. Também porque o replantio substituiu lavouras velhas e pouco produtivas, a produção de robusta vem se recuperando nos últimos anos, já estando na casa de 2,8-2,9 milhões de sacas.

Figura 3. Planta com sintomas de traqueomicose


Foto: thinkquest.org

No caso do arábica, predomina o processamento por via úmida, com secagem nas fazendas e a comercialização de pergaminho seco. O descasque do pergaminho é feito por cooperativas ou empresas exportadoras. Os arábicas lavados de Uganda entram na classificação outros suaves e se posicionam no mercado como alternativas mais baratas aos lavados quenianos. Apesar do país ser cortado pelo Equador, a colheita do café arábica concentra-se entre setembro e janeiro e há bienalidade na produção.

A UCDA classifica o café robusta de acordo com a peneira e com o número de defeitos. Já para o arábica, há classificação, de acordo com a região produtora, em Bugishu, referente ao café lavado produzido na região do Monte Elgon; Wugar, Washed Uganda Arabica, que designa o arábica lavado do restante do leste do país e fronteira com o Quênia; e Drugar, Dry Uganda Arabica, ou arábica natural de Uganda, produzido no noroeste do país. Para todos os arábicas também há subtipos determinados por tamanho de peneira e presença ou não de defeitos.

Em Uganda, o café é cultivado principalmente em consórcio com culturas alimentares, como banana e feijão, utilizados na alimentação das famílias dos produtores. O cultivo é sombreado, muitas vezes por árvores nativas, possibilitando ao país a busca de caracterizar sua produção como sustentável.

Além do sombreamento, outra característica que se enquadra nos preceitos corriqueiramente relacionados à sustentabilidade, principalmente ambiental, vem do fato da maior parte da cafeicultura ugandense utilizar baixíssimo nível de aplicação de insumos. Por outro lado, há os problemas de lixiviação dos solos e envelhecimento dos plantios nas áreas de ocupação mais antiga e o fato de que as baixas produtividades alcançadas, de 8,3 sacas/ha no robusta e 10 sacas/ha no arábica, dificultam a manutenção da sustentabilidade econômica, mesmo num país pobre com poucas alternativas à cafeicultura. Um produtor de arábica com 2,5 ha de área cultivada, mesmo com o preço mais alto desse café e sua maior produtividade em relação ao robusta em Uganda, fatura brutos menos de 4 mil dólares por ano.

Até 1991, a exportação de café era feita pelo Estado através do Coffee Marketing Board, CMB. Naquele ano, foi liberado o estabelecimento de exportadores privados e o governo assumiu então o papel de regulador e fomentador. Foi criado um órgão governamental especificamente voltado para o café, a Autoridade de Desenvolvimento do Café de Uganda (UCDA, na sigla em inglês). A UCDA é responsável pelos registros dos agentes da cadeia, estrutura as estatísticas sobre o agronegócio café, busca harmonizar a atuação das entidades representativas do setor com a política estratégica para a cadeia, promove pesquisa e extensão rural e é responsável pelo marketing do café tanto no mercado interno quanto para exportação. Com a liberalização do setor, após a extinção do CMB, toda a cadeia produtiva entrou numa fase positiva e a produção de café cresceu até sofrer os reveses causados pela coffee wilt disease, citados acima.

A produção de café em escala empresarial está apenas emergindo em Uganda. A cafeicultura do país baseia-se fortemente na pequena produção. São cerca de 500.000 produtores, 90 % dos quais com área variando de menos de 0,5 a 2,5 hectares. Há mais de 3,5 milhões de famílias direta ou indiretamente envolvidas com a cadeia do café.

Há um bom número de pequenas cooperativas de cafeicultores em Uganda. As que trabalham com café robusta são responsáveis pelo descasque e comercialização da maior parte do café em coco (kiboko). Já as que trabalham com arábica tendem a focar no mercado de café fairtrade e/ou orgânico, o que é favorecido pelas características da produção ugandense de baixo uso de insumos, produção sombreada e grande número de pequenos produtores. Algumas delas formam centrais regionais, como é o exemplo da Gumutindo Coffee Co-operative, que congrega mais de 3.000 produtores, na base do Monte Elgon, os quais juntos ocupam uma área total de apenas 842 ha.

O setor exportador de café é bem estruturado em Uganda. Há grandes usinas de rebenefício com equipamentos mecânicos e eletrônicos modernos, instalados após a extinção da CMB que até então centralizava tais operações.

Estimativas de produção

Uganda é o 11o maior produtor mundial de café e 2o maior produtor da África, com previsão de produção na casa de 3,5 milhões de sacas em 2008/09, sendo 2,9 milhões de robusta e 600 mil sacas de arábica, com aumento de 6 a 7% em relação a 2007/08. Considerando-se apenas o café robusta, o país é 5o maior produtor mundial, atrás de Brasil, Vietnã, Indonésia e Índia.

Figura 4. Produção de café em Uganda desde 2000 (milhões de sacas)


Fonte: USDA

Apesar da melhora no quadro da coffee wilt disease, a produção de café robusta ainda se recupera da queda que levou ao piso de menos de 1,7 milhões de sacas produzidas em 2005/06. Não foi atingida sequer a produção de 2,9 milhões de sacas obtida em 2000. A produção total do país, esta sim, voltou ao nível de 2000/01, por conta do aumento na participação do café arábica. A produção de arábica de Uganda cresceu mais de 25% entre 2000/01 e 2008/09, mas, em termos absolutos, o incremento foi de apenas 121 mil sacas.

A cafeicultura de Uganda tem baixo custo marginal, pois os produtores investem pouco em estrutura e mecanização. Nos momentos de queda na rentabilidade, os tratos culturais são limitados, voltando a ser intensificados quando há recuperação dos preços, momento em que também aumenta a procura por mudas de café, já que o custo de implantação das lavouras resume-se quase que à aquisição das mudas e à mão-de-obra de plantio. Segundo a UCDA, a demanda por mudas tem crescido desde 2005.

Disponibilidade de café

O consumo interno ainda é muito baixo em Uganda, na casa de 200 gramas per capita, que retiram do mercado somente 140 mil sacas, cerca de 3 a 5% da produção total anual. Os esforços para a promoção do café no mercado interno são insuficientes para combater a tradicional desconfiança existente em relação aos efeitos do consumo de café. Os torrefadores não conseguem enfrentar a concorrência dos exportadores pelos melhores cafés, que acabam destinados ao mercado externo, e, num ciclo vicioso, trabalham com matéria-prima mais barata e de pior qualidade, além de instalações industriais e embalagens adequadas ainda serem exceção à regra.

No momento, existem apenas 12 torrefadores registrados em Uganda. Três deles estão localizadas na região de Bugisu, no entorno do monte Elgon e processam café arábica. Duas empresas ugandenses processam seu produto na única fábrica de café solúvel do leste da África - a Tanganyika Instant Coffee, localizada em Bukoba, na Tanzânia - re-embalando o pó em Campala antes de distribuir aos mercados locais e regionais. Por outro lado, há o movimento de criação de cafeterias voltadas para as classes média e alta em Campala, as quais têm conseguido atrair uma boa clientela.

De acordo com a UCDA, no total do ano safra 2007/08 foram exportadas 3,2 milhões de sacas, divididas em 2,7 milhões de robusta e 0,5 milhão de arábica, gerando 388,5 milhões de dólares. Uganda exporta mais de 95% da sua produção, principalmente para a União Européia, destino de 78,9 % das vendas em 2007/08, seguido pelo Sudão, com 13,7 % e da Índia, com 2,1%, sendo que o país asiático sequer figurava entre os dez principais destinos até dezembro de 2007. Dentre os países da União Européia destaca-se a Espanha, onde o café robusta de Uganda tem muito boa receptividade.

O setor exportador de café de Uganda é bastante concentrado com as dez maiores empresas respondendo por mais de 90% das vendas. Também há concentração na ponta importadora com os cinco maiores empresas respondendo por 50% das aquisições de café ugandense.

O principal porto exportador do café ugandense é o de Mombaça no Quênia, por onde são feitos 90% dos embarques e para onde o café é transportado por via ferroviária e rodoviária. Os 10% restantes são exportados via Dar es Salaam, na Tanzânia, sendo que, neste caso, o produto cruza a fronteira através do Lago Vitória.

Os estoques de passagem costumavam ficar na casa dos 10% da produção, mas já apresentaram queda no início da safra 2007/08 e foram apenas residuais, de menos de 1%, no início do ano safra 2008/09. Neste de ano 2009, o arábica de Uganda está se beneficiando do quadro de falta de cafés suaves desencadeado pelas quebras nas safras colombiana e de países da América Central. A maior procura pelo arábica de Uganda ajuda a explicar os pequenos estoques.

Ameaças à cadeia produtiva brasileira

Crescimento da produção de arábica

Quase dez anos depois, a produção de café em Uganda volta aos níveis de 2000/01. O arábica apresentou um crescimento mais vigoroso, de 25%, desde aquele ano. No entanto, isto representa apenas 120 mil sacas, pois o volume total de sua produção é pouco expressivo. Pode aumentar caso se passe a plantar principalmente catimor nas regiões onde hoje é cultivado apenas robusta, mas isto dificilmente afetará a participação do arábica brasileiro no mercado mundial a curto-médio prazo.

Crescimento da produção de robusta

A cafeicultura de robusta de Uganda luta contra a traqueomicose, ou coffee wilt disease, e parece estar vencendo pelo menos as batalhas atuais. Mas ainda é uma incógnita sua real capacidade de crescimento, também por conta das outras limitações de estrutura e logística do país. Caso se confirme, pode ser um competidor importante no mercado internacional caso aumentem as exportações brasileiras de conilon.

Hoje, o mercado interno absorve praticamente toda a produção brasileira de conilon a preços semelhantes às cotações da bolsa de Londres, LIFFE, sem que haja o custo de colocação na Europa. Para que a exportação passe a ter um papel mais determinante no preço do conilon brasileiro, seria necessário que houvesse sobra no mercado interno e as cotações internacionais ainda fossem remuneradoras para os produtores. Um crescimento vigoroso da produção ugandense de robusta poderia ajudar a comprimir as cotações internacionais, mas tal possibilidade não é muito provável no momento.

Oportunidades para a cadeia produtiva brasileira

Robusta de qualidade

O café conilon brasileiro ainda carece do estabelecimento de uma cultura de processamento pós-colheita mais criterioso, voltado para a preservação de suas características. Como não há classificação por bebida e na prática não tem havido penalização por cheiro de fumaça no café, o padrão de secagem do conilon pode ser caracterizado pelo uso de altíssimas temperaturas em fornalhas de fogo direto. E, de uma forma ou de outra, o produto está sendo, e bem, absorvido pelo mercado, a ponto de garantir, também por conta da alta produtividade da variedade, remuneração bastante atraente para os produtores.

Em qualquer cadeia produtiva, as bonificações ou penalizações no preço são as principais formas de comunicação dos anseios da indústria por diferenciais de qualidade. Despontam os primeiros casos de valorização de conilons bem preparados como os CDs (cerejas descascados) que chegam a ser incluídos na base de 20% do blend da principal marca de espresso de uma torrefadora do Espírito Santo. Mas, em geral, tem sido muito mais confortável para os produtores manter o processamento sem maiores critérios, sabendo que os preços são remuneradores e seu produto não será rejeitado.

Os exemplos dos robustas lavados de Uganda, que chegam a entrar nos blends da Nespresso, mostram que há caminho a ser percorrido pelo conilon brasileiro, mesmo com a ressalva de que há diferenças de bebida entre as duas cultivares. O Coffea canephora, espécie da qual fazem parte robustas e conilon, é de fecundação cruzada, portanto dotada de grande variabilidade genética. A seleção de clones também por bebida é uma ação que já está sendo desenvolvida pelo INCAPER com apoio da própria Nestlé

Robusta em São Paulo

Como o grosso das torrefadoras brasileiras situa-se em São Paulo, aventa-se e se começa a estudar a possibilidade de plantio de C. canephora no estado. Uma das dúvidas que se tem é sobre qual será o comportamento das variedades clonais desenvolvidas no Espírito Santo quando cultivadas em altitudes acima de 700 metros, já que naquele estado o conilon é cultivado abaixo de 400 metros e perto do litoral. As variedades de robusta ugandenses podem ser uma alternativa a esta questão, pois são nativas de regiões de mais de 1000 metros de altitude. Resta estudar a evolução de sua produtividade quando expostas a níveis de tratos culturais bem mais intensos que os praticados em Uganda.

As informações são do Centro de Inteligência do Café, CIC.

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RENATO H. FERNANDES

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 12/07/2012

Caro Daniel,





Agradeco pelo seu comentario.





Gostaria de chamar sua atencao para o fato de que o relatorio do CIC sobre Uganda foi publicado em maio de 2009, portanto eh anterior aa iniciativa da Conilon Brasil e do CQI.





Tall iniciativa eh bastante louvavel, mas nao tem carater oficial. Portanto, infelizmente, o Brasil ainda carece de uma classificacao oficial para bebida de conilon.





Fico a sua disposicao.





Forte abraco,





Renato
DANIEL LEITE TEIXEIRA

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 09/07/2012

Houve uma citação no texto que fala que no Brasil não existe ainda um método de classificação por bebida no café conilon,venho dizer que há 2 anos e meio iniciou um projeto do CQI Coffee Quality Institute com parceria da Conilon Brasil,o protocolo de classificação de robustas finos ,que visa avaliar através de degustação a qualidades sensoriais do café conilon.

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