Segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a forte estiagem deste ano deve motivar preços melhores para as variedades arábica e robusta em 2015. O Cepea avalia que a seca reduziu consideravelmente a produção da atual temporada (2014/2015): em torno de 10%.
Para a safra 2015/2016, produtores estimam nova baixa da oferta de arábica, com as lavouras ainda sob os efeitos da seca. Diferentemente, a produção de robusta tem contado com condições climáticas favoráveis e deve aumentar. Mesmo assim, os estoques nacionais e mundiais de café devem diminuir ainda mais no final do ciclo 2015/2016. Enquanto isso, espera-se avanço da demanda motivada pela recuperação econômica dos principais países consumidores de café. Com base nestes fatores, o Cepea afirma que “A perspectiva para 2015 é de preços firmes para as duas variedades, com alguma elevação frente a 2014 – bem distantes dos preços baixos de 2013”.
Estimativas do Cepea apontam que, no próximo ano, o agronegócio pode crescer 2,8%. Para 2014, a entidade revisou para baixou a expectativa de crescimento; pesquisadores esperam, no muito, 2,6%, a serem obtidos com colaboração expressiva do “dentro da porteira”. Ainda de acordo com o Cepea, em 2015, o Agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho da economia nacional. Representando 23% do PIB brasileiro, ele pode ser o único setor com crescimento mais expressivo, dado que muitos segmentos da indústria não conseguem avançar e os serviços estão em processo de exaustão.
Perspectiva para o mercado agro
Na avaliação da equipe Cepea, dentro do País, o setor vai encontrar em 2015 um mercado interno estagnado ou em fraca expansão na melhor das hipóteses, resultado do provável aumento do desemprego e de desaceleração dos salários. No front externo, perspectivas de menor liquidez e maiores juros internacionais indicam dólar mais valorizado e preços de commodities menores. Para o professor da Esalq/USP Geraldo Barros, coordenador do Cepea, uma característica dominante nos mercados em geral será a elevada volatilidade, decorrente das questões climáticas e também de fatores macroeconômicos.
O câmbio no mercado interno ainda é uma incógnita diante das indefinições quanto à atuação do Banco Central. Uma desvalorização do Real ajudaria o agronegócio, ao mesmo tempo em que dificultaria o controle da inflação. Já a tendência de queda dos preços do petróleo, além de contribuir para uma taxa menor de inflação, pode favorecer o agronegócio, já que o óleo diesel e outros agroquímicos produzidos a partir do petróleo tenderão a se tornar mais baratos. Contudo, seria prejudicada a perspectiva da produção nacional de petróleo, contextualizam os pesquisadores.
Clima
Ao tratar da produção, a equipe Cepea destaca o impacto, cada vez mais frequente, dos eventos climáticos extremos no Brasil e em outros grandes produtores agropecuários – com impactos inter-relacionados. Diante disso, os pesquisadores destacam a importância de se reforçar a política agrícola voltada para o financiamento e o seguro da renda agrícola.