A Starbucks anunciou na semana passada que 99% de seu café agora é obtido eticamente. A marca é a maior rede varejista de café do mundo, mas, o que exatamente a rede que dizer com “obtenção ética de café”?

Em 2004, a Starbucks se uniu com a organização sem fins lucrativos, Conservation International, para criar as Coffee And Farmer Equity Practices, que formam a sigla CAFE. As Práticas CAFE são um programa verificado por terceiros para produtores garantirem que certos direitos humanos e padrões ambientais são cumpridos. Agora, 99% do café comprado pela Starbucks são certificados ou pela CAFE Practices ou pela Fairtrade.

O conselheiro estratégico sênior do Centro para Liderança Ambiental em Negócios da Conservation International, Bambi Semroc, disse que as CAFE Practices são designadas a ser um programa de “melhora contínua”, com menores barreiras à entrada do que o Fairtrade. O programa ajuda os produtores participantes a melhorar sua sustentabilidade durante o tempo, usando um sistema baseado em classificação. Os produtores participantes no programa são encontrados em 22 países e em quatro continentes.

Um ganho das CAFE Practices é que elas em grande medida evitam perdas de cobertura florestal, à medida que 99% das fazendas participantes não converteram florestas em produção de café desde 2004. A prevenção da perda de florestas tropicais é uma forma importante de combater a mudança climática, porque elas são importantes sumidouros de carbono.

Garantir condições justas de trabalho também tem sido um sucesso dentro das CAFE Practices. De acordo com dados de campo da Conservation Internacional, mais de 440.000 trabalhadores das fazendas de café ganharam melhor do que o salário mínimo local, 89% dos trabalhadores receberam licença médica durante o ano analisado e todas as crianças vivendo nos estados produtores de café tiveram acesso à escola.

No entanto, existem outros aspectos da produção sustentável de café. De acordo com o Conselho de Defesa de Recursos Naturais, o café produzido na sombra tem benefícios ambientais em termos de preservação do habitat, preservação da qualidade do solo e redução do uso de pesticidas. Então, embora as CAFE Practices encorajem e recompensem a produção de café na sombra, isso não é exigido. “Reconhecemos que existem alguns locais no mundo onde o crescimento na sombra não é um sistema de produção dominante e é improvável que se tornem”.

Com relação aos insumos químicos, as CAFE Practices proíbem o uso de pesticidas classificados como “extremamente perigoso” ou “altamente perigoso” pela Organização Mundial de Saúde, mas não há tantos requerimentos como para a produção de orgânicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Além disso, as CAFE Practices têm como meta global treinamentos, de forma que a participação no programa significa que os produtores podem aprender e implementar as melhores práticas no futuro para melhorar sua produção e sua sustentabilidade. Em alguns casos, permite-se que os produtores de café ganhem certificações adicionais de sustentabilidade.

“Descobrimos que as CAFE Practices estão agindo como um trampolim para outros mercados de sustentabilidade, como Rainforest Alliance, Fairtrade ou orgânico”, disse Semroc.

A Conservation International espera que os aprendizados com as CAFE Practices possam ser aplicados a outros bens, como obtenção de soja e outros produtos sustentáveis.

A reportagem é do https://www.treehugger.com; Tradução por Juliana Santin