Aqui no Espírito Santo, começamos o ano apreensivos devido aos acontecimentos da safra de 2010, na qual tivemos uma redução média de 40% de produção devido as interferências climáticas. Seca, excesso de calor são outros fatores que reduziram a safra e a rentabilidade do cafeicultor capixaba.

Os preços até o início da safra não eram tão convidativos, apesar de uma ligeira tendência de alta no mercado externo devido aos baixos estoques dos países consumidores e do aumento da demanda por café. Ao longo do ano, várias conjunturas auxiliaram para uma valorização do produto. A Colômbia, grande produtora de cafés de qualidade teve uma safra reduzida, o que afetou o suprimento americano de cafés de qualidade, com isso, os americanos vieram ao Brasil para repor seus estoques e "garimpar" bons cafés. Encontraram. Resta saber se teremos condições de reter esses compradores para nossos cafés e se , ao mesmo tempo, não inundaremos o mercado internacional de cafés de baixa qualidade como aconteceu em um outro período da história. Outro grande acontecimento foi a safra de Conilon do Vietnã menor e o não cumprimento dos contratos no mercado internacional. Esse fato teve reflexo imediato aqui no Espírito Santo, onde tivemos um recorde de embarque de cafés verdes (Conilon) pelo porto de Vitória.

Com a alta demanda do mercado e a baixa oferta de produtos de qualidade, abriu-se então uma oportunidade de mercado para o café Conilon de alta qualidade, em países que não compravam esse café, para inserí-lo ou aumentar sua proporção nos "blends" de cafés especiais.

A grande dificuldade foi definir o que é um café robusta de qualidade e qual seria o padrão que o mercado de cafés especiais exigia para o nosso Conilon. Diante disso, foi introduzido no Brasil um protocolo de degustação de Robusta/Conilon Finos, usado mundialmente, o que facilita a negociação de cafés Robusta e aumenta a fonte de fornecimento desses cafés de forma estruturada e transparente.

Qualidade foi o tema mais discutido em eventos de café Conilon esse ano no Estado do Espírito Santo. Isso é muito motivador, temos que olhar esse tema , não só como forma de fazer política , contudo como maneira de melhorarmos a qualidade de vida e seguirmos nessa atividade.

Parabéns aos atores da cadeia, Governo, órgãos públicos, institutos, sindicatos, empresários e produtores, pelo excelente trabalho realizado no ano de 2011. Porém é necessário uniformizar o discurso. Temos que trabalhar com a premissa de qualidade percebida. Não podemos considerar que qualidade é simplesmente o que achamos sobre qualidade. Qualidade percebida é o que nosso consumidor espera do nosso produto. A partir disso, temos que impressioná-lo com esse novo conceito de qualidade, para que um produto que por muito tempo foi subjugado no mercado, seja apreciado nas melhores casas de café do mundo.

Estamos no presente momento, no meio do próximo ano safra, é normal fazermos uma retrospectiva. Com isso, pensamos no que fizemos e no que podemos fazer de melhor no próximo ano. Você já pensou no que pode melhorar para a próxima safra?

Acredita-se em uma safra com uma produção total entre 45 e 50 milhões de sacas. Para o Conilon brasileiro, espera-se algo em torno de 17 milhões de sacas. E apesar das estimativas estarem muito altas, o mercado interno tende a se manter nos patamares em que estão, tendo uma pequena queda no meio da safra, nos meses de maio , junho e julho, porém depois acredita-se em uma volta do mercado a patamares superiores de preços.

Essa tendência é baseada na existência de uma demanda maior por cafés Conilon de qualidade superior reconhecida e uma disparidade de preços entre café commodities e especiais. Temos condições climáticas e tecnológicas de melhorarmos o café verde que produzimos e conquistar esse mercado que hoje não representa muita coisa no nosso contexto. Temos vantagens competitivas em relação aos nossos concorrentes e vantagens comparativas em relação ao nosso principal rival no mercado, que é o Vietnã. É preciso capitalizar esses diferenciais.

Sem dúvida 2011 foi um ano especial, de muitas conquistas para o setor cafeeiro, porém acreditamos muito que esse ano foi principalmente um marco de abertura de uma nova fase para o café Conilon. Os próximos anos são promissores e devemos observar os sinais do mercado para capturar as oportunidades que certamente aparecerão.

Cheio de esperanças de um ano de 2012 muito promissor para todos, finalizo desejando que você esteja próximo de seus familiares nesse dia de Natal e que o Ano Novo seja repleto de realizações. Feliz 2012!

Arthur Fiorott
Diretor de Marketing e Qualidade - Conilon Brasil