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Carlos Melles fala sobre Funcafé e política agrícola

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 15/07/2010

7 MIN DE LEITURA

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O deputado federal e presidente da Frente Parlamentar do Café, Carlos Melles, concedeu entrevista ao jornalista e apresentador João Batista Olivi, do programa Mercado e Companhia - Canal Rural, a respeito da política agrícola brasileira e os recursos do Funcafé que ainda não chegaram aos produtores. Confira a entrevista na íntegra.

João Batista Olivi_Canal Rural: O dinheiro do Funcafé precisava chegar agora para o produtor segurar a comercialização. O senhor disse que entre 1964 e 1967 o Brasil queimou cafeeiros. No Paraná por exemplo, queimou-se café na tentativa absurda de segurar os preços. Isso não segurou o preço e trouxe uma outra consequência negativa para a sociedade urbana. Qual foi deputado?

Carlos Melles: A favelização, sobretudo, no Rio, São Paulo e Belo Horizonte. O Brasil vem cheio de erros na política agrícola. É tão errado, que hoje o país fica atrás de acesso ao mercado, que quer dizer vender mais. Nós cansamos de vender mais: nós produzimos 40 milhões de toneladas e vendemos; produzimos 80 e vendemos, produzimos 140 e vendemos, então não é acesso ao mercado. O problema no Brasil é que não existe política agrícola. O que existe é um crédito que não tem como pagar e eles prorrogam, vem um crédito novo, ou seja, um capital de giro e que a cada dia afunda mais o produtor. E as políticas erradas nas décadas de 60 para 70, o Brasil pagou para erradicar café, erradicou a Zona da Mata inteirinha, favelizou o Rio, Belo Horizonte e São Paulo, a idade média dos habitantes da Zona da Mata ficou em 50 anos. Agora se errasse no passado e acertasse no presente, nós estávamos bem, mas nós ainda continuamos a errando no presente.

João Batista Olivi_Canal Rural: A favelização de que Melles diz que o São Paulo e o Rio foram vítimas, é que a população que vivia da cafeicultura nessa época queimaram os cafés, não tinham mais o que fazer, foram para as grandes cidades. Se nós tivéssemos mantido os produtores no campo naquela época, nós teríamos uma situação em nosso país muito mais equilibrada, não é mesmo Carlos Melles?

Carlos Melles: Até hoje, as culturas que empregam mão de obra em todos os países, elas procuram manter no campo. E é aquilo que nós falamos, aqui na cidade nós temos financiamentos a 8% a 9% ao ano para você reformar casa, comprar apartamento, já no meio rural você paga um absurdo e deteriora e não tem nenhuma garantia. Quer dizer, o meio rural está esquecido no Brasil, e este aspecto é o seguinte: errou lá atrás, pagou para arrancar café e depois pagou para plantar café. E hoje não tem o mínimo de sustentação, você não tem uma política de preço de garantia condizente de custeio, de comercialização. Os produtores estão desesperados porque é a 2º ou a 1º safra de café do Brasil. O dinheiro do Funcafé não chega, é uma burocracia formidável, os bancos repassadores não repassam, o produtor não é mais um bom cliente para pegar, põe em cheque as lideranças, as verdades, e aí fica um desespero. Parece que o governo quer que isso realmente aconteça.

João Batista Olivi_Canal Rural: Ontem (13) o Breno Mesquita (CNA) disse que iria ao governo, mais uma vez ao Ministério da Agricultura para tentar ver se agilizava a liberação do Funcafé, mas não aconteceu nada.

Carlos Melles: Não acontece sabe por quê? Não existe força política para fazer isso. Nós estamos tentando agora voltar as origens do Funcafé, do Conselho Deliberativo da Política de Café, ou indicamos uma lista tríplice e o presidente da República indica um gestor para o Funcafé. Olha o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, tem feito como o ministro Reinhold fez o maior dos esforços, o Departamento Nacional do Café faz força, a Secretaria de Agroenergia faz força, mas entre isso acontecer e o dinheiro chegar, acho que o dinheiro da colheita o produtor deve esquecer. Porque é uma insensatez.

João Batista Olivi_Canal Rural: Não vai chegar? É isso que você está querendo dizer?

Carlos Melles: Primeiro porque R$ 400 milhões, quando precisava de R$ 5 bilhões para a colheita, é uma vergonha. O que salva agora é que 30% da safra já foi colhido, mas ela já está vendida acima de 30%, não só no físico como no mercado futuro. E aí vem dizer que o preço não terá sustentação, não tem porque que na mesma hora em que é para comprar café diz que não vai comprar café. Estoque regulador zero e os fundos nadam de braçada, ficam ao bel prazer do movimento financeiro. Ou seja, enquanto não tiver uma política consistente para café, nós não vamos ter resultados, e o produtor pagando o preço como sempre.

João Batista Olivi_Canal Rural: Ontem (13) você em contrapartida propôs uma solução para a agricultura de forma geral, por favor nos explique isso.

Carlos Melles: Ontem nós fizemos um negócio que foi unanimidade, todos os deputados estão iniciando a discussão de um projeto de subvenção para o agronegócio brasileiro, é uma política de renda. Na verdade é o seguinte, eu aproveitei a brincadeira, porque vai que tem um congresso sobre a Abag, então o Roberto Rodrigues disse que vai fazer uma palestra sobre Copa do Mundo e Agricultura. Quando eu fui Ministro do Esporte e Turismo, nós fizemos o Panamericano, a Copa do Mundo que vai ter agora e as Olimpíadas. E nesse espírito é o seguinte, competitivo, quem é competitivo? É aquele que em 100 metros, corre no tempo mais curto ou nada no tempo mais curto, ou seja, faz o que precisa em um menor tempo. O agricultor brasileiro é o campeão olímpico do mundo, ele tem a melhor produtividade e qualidade do mundo, mas é penalizado porque não tem política agrícola. Nós apresentamos um projeto que se dê um subsídio equivalente a um salário mínimo por hectare plantado ao ano, até que as condições do mundo sejam iguais às nossas, ou até que as nossas sejam iguais às deles. Porque que lá subsidia e aqui não pode? Aí eu fico esperando a Rodada da Doha, a Rodada do Uruguai, fico atrás de acesso a mercado e o produtor passando para outro inclusive as suas propriedades. O Brasil precisa levar a sério política agrícola. Tem agência reguladora para a água, para o petróleo, para energia, para tudo, mas não tem para o agronegócio, o maior negócio do Brasil não tem regulação, não tem normas, não tem regras. Tem crédito, daí solta R$ 100 bilhões para crédito rural numa safra, e é aplicado 20% a 30% disso, porque o produtor não tem como pegar o recurso. Quer dizer, é preciso levar a sério, ainda mais numa época de eleição, é preciso discutir isso bem com os candidatos.

João Batista Olivi_Canal Rural: Você está propondo um salário mínimo por hectare?

Carlos Melles: Isso, de subvenção e enquanto o subsídio lá fora persistir. Para dar a mesma condição de competir para o produtor brasileiro, é com o produtor da comunidade europeia, com o produtor do Japão, com o produtor dos países escandinavos, com o americano, com o canadense. Ou seja, eu dou a mesma regra e vou ver quem é o melhor, agora com regras diferentes não é possível produzir.

João Batista Olivi_Canal Rural: Claro que isso vai bater na OMC e vai ser um pandemônio, mas enfim temos que defender os nossos produtores.

Carlos Melles: Não, nós levamos para debater o Elísio Contini que viveu na Europa, pesquisador da Embrapa, da Fundação Getúlio Vargas; a CNA e a OCB. A OMC tem faixas que estruturam o que é subsídio e o que não é, porque que lá tem uma regra e aqui tem outra regra. Nós podemos adotar a mesma regra de lá, isso não é danpping, isso é política. Nesse caso, a Colômbia vem subsidiando o produtor de café, o México fez subsidiando os produtores de café e outros países fizeram, e fazem em todo o mundo. É preciso que a gente dê as condições para o produtor brasileiro, competir em igualdade com os outros produtores do mundo, feito isso, nós somos eficientes.

João Batista Olivi_Canal Rural: Melles nós estamos vendo a proposta da revisão do Código Florestal, que na minha visão deveria ser Ambiental. O que ficou acertado na defesa da produção de café? Por que tinha aquele problema que não podia botar café na montanha.

Carlos Melles: Todo mundo já sabe, o Código Florestal de 1965 estava absolutamente anacrônico. Você não podia ter café mais no Espírito Santo, na Zona da Mata, no Sul de Minas, e hoje nós anulamos. O deputado Aldo Rebelo fez uma peça formidável, os deputados escolhidos para a Comissão foram os mais qualificados dos partidos. E como você disse, não deveria ser Código Florestal deveria ser Código Ambiental no Brasil. A sociedade urbana polui mais do que a rural, é importante que se tenha essa discussão, se os rios estão sujos não é pelo meio rural, e assim é uma discussão ampla. Mas democratizou-se, a sociedade participou e hoje o café está livre como outras culturas, como a maçã em Santa Catarina, ou seja, podemos continuar produzindo. E é isso que é importante, ele foi votado na Comissão, vai para o Plenário, por isso eu acho que a discussão vai ser cada vez mais aberta com a sociedade brasileira e quem vai ganhar é o povo, o consumidor brasileiro.

As informações são do Coffee Break, adaptadas pela Equipe CaféPoint.

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FERNANDO DE SOUZA BARROS JR.

SÃO PAULO - SÃO PAULO - TRADER

EM 22/07/2010

Prezados Companheiros
Tudo isto que voces estào assistindo já foi falado,comentado,cobrado dos Políticos,do Governo e justamente agora véspera das eleições é que a onça vai beber água.Queremos parar de vender o máximo pelo mínimo ás custas de aumento de dívida e necessidade de venda sem o menor controle do fluxo da oferta no momento em que os compradores estão dependendo de nossa safra!!
Estamos exportando aumento de nossa dívida e com subsidio embutido(imposto
PIS e COFINS,9,25%) que é dado de desconto ao Importador.Precisamos de quebrar este paradigma de que nosso café é pior e ser doado a R$300,00 a saca
enquanto o Colombiano é vendido a R$500,00. Somos dominados por interesses
externos(pela informação,pois nos baseamos na cotação de N.York de um café
que não é o nosso é do café Colombiano cujos Certificados estão velhos e sem
depreciação) Justamente por isto é que queremos mudar levando a nossa mercadoria para ser negociada na CME(Chicago),e alterar a tributação dos negócios efetuados aqui na BVM&F,para termos transparencia,valorização do nosso produto com um Marketing construtivo.Quanto a dívida que eu saiba ela só poderá ser paga com renda e para isto depende de Gestão e Planejamento o que nunca existiu,e vem piorando a cada ano. Refens do Ibama,Ministério do Trabalho
dos Impostos(crecentes,hoje em torno de 42% do Pib,era 24% há 8 anos atráz),de
Bancos(´so se trabalha para o banco pois está tudo hipotecado e com ecesso de
garantias).Há necessidade urgente de aprender a ser patrão(valorizar o SINDICALISMO),cobrar nas urnas com candidatos que produzam e que vão defender os nossos interesses e não os do Exterior isto é a Democracia e o Patriotismo. Chega de sermos empurrados com a barriga em direção ao mata burro.
Abraço e até mais.
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/07/2010

O que eu fico procurando entender, é que o Funcafé, pertence aos produtores, pois foi formado com confisco do produtor. Mas não é só um salário mínimo, em função dos subsídios, que outros países dão, existe outro diferencial a ser reembolsado, que se trata do pagamento relativo a área de reserva legal e APPs que temos que manter, enquanto outros países não possuem, tornando ainda mais a competitividade desigual. A política agricola é perversa, e nos torna cada vez menos competitivos, e o resultado está aí, descapitalização e quebradeira da cafeicultura tradicional.É preciso que o Congresso Nacional, nos defenda, pois o Executivo, sobretudo a área econômica, não que nem saber, pois quer manter os números custe o que custar, independente do que está causando ao setor.
RONALDO CASADO FIGUEIREDO

ABATIÁ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/07/2010

O que precisamos é que os nossos representantes legais, assim como o Sr. Carlos Melles e demais Deputados, fassam valer a Constituição, o Manoel Bertone é apenas um funcionário, não é possível que não estão vendo que o Banco do Brasil não quer passar o dinheiro para o produtor por causa da inadimplência? Inadimplência essa causada pelos próprios planos governamentais, não precisa nem entrar no mérito da questão, que todo mundo está careca de saber o porquê, Agora o que me preocupa é que o Banco do Brasil é ou não do Brasil,assim como o nome sugere. Ou ele é mais uma instituição financeira atrás de lucros absurdos.Quem é que vai cobrir os nossos prejuísos? Quem é que vai nos indenizar por ficar produzindo café abaixo do custo por ineficiência de políticas erradas? Quem vai assumir esse comprimisso com o produtor?Até quando vamos ficar dependendo de funcionários? E que brincadeira é essa do Banco do Brasil?Onde está nossos direitos legais? Onde está a justiça?Onde estão os Deputados e Senadores pra nos apoiarem?
ELIANE DE ANDRADE C. NOGUEIRA

SÃO SEBASTIÃO DA GRAMA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/07/2010

É uma vergonha o que está acontecendo com o setor cafeeiro.Por absoluta incompetência do ministério da agricultura de do Sr. Manoel Bertone.Esse senhor eu não sei se ele á mal intensionado, incompetente ou dissimulado, pois uma pessoa que vem a público e se compromete em colocar as verbas do funcafé em uma semana e até hoje não apareceu ???O que é isso, estão fazendo os produtores de palhaços, o que eles estão fazendo lá???Uma ferramenta importantíssima para a cafeicultura sendo tratada de qualquer forma!!!!Um absurdo!!!Os cafeicultores tem que se mobilizarem e exigir uma resposta rápida, ou então esse Manoel Bertone assuma que não tem competência e caia fora.Não aguento mais tanta mentira e teapeação.CHEGA!!!!!

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