Hoje em dia, no Brasil, estão à disposição do consumidor produtos orgânicos que foram produzidos de maneira ecologicamente correta, respeitando regras de preservação da natureza e boas práticas agrícolas. Algumas marcas do chamado comércio justo também estão presentes no mercado, além de outros certificados que confirmam a maneira legal de produção de móveis, cosméticos e alimentos.

O livro "Como Consumir sem Descuidar do Meio Ambiente", de Siân Berry, dá exemplos das certificações de origem dos produtos para quem tem a boa intenção de colocar em prática algumas ações ecologicamente corretas. "Pode ser difícil descobrir a origem, por exemplo, das roupas compradas nas lojas: a maioria das etiquetas não diz muito. "Made in" refere-se apenas ao local onde os toques finais foram dados, e não às áreas onde as matérias-primas foram cultivadas", afirma Berry.

Veja abaixo os principais selos de produtos sustentáveis encontrados no Brasil:

Certificado IBD/FOAM Accredited

Certificado de produtos orgânicos, como alimentos e cosméticos. Garante que foram cultivados ou produzidos de formas sustentáveis, respeitando o meio ambiente e o trabalhador, e que os produtos estão livres de contaminação química.

De acordo com José Pedro Santiago, diretor do Instituto Biodinâmico (IBD), uma das entidades responsáveis pela certificação de produtos orgânicos no Brasil, cerca de 4 mil produtores, a maioria familiares, são certificados no Brasil. "São mais de 100 tipos de produtos, de grandes plantações de grãos a industrializados, como café, açúcar, laticínios, cosméticos e vinhos", diz. Segundo Santiago, as vendas de orgânicos crescem a taxas de 25% ao ano.

Fair Trade Brasil

O selo "Fair Trade" (comércio justo) significa que se levou em conta o bem-estar de trabalhadores e produtores rurais no cultivo do produto. Fazendeiros e cooperativas terão recebido um preço justo por sua produção e trabalhadores tiveram uma remuneração satisfatória pelo processamento ou colheita dos produtos, assim como condições de trabalho decentes.

A Transfair, organização não-governamental norte-americana, realizou no ano passado, com o apoio do Sebrae/MG e da empresa Café Bom Dia, o I Concurso Internacional de Cafés do Comércio Justo, que premiou o produtor Luiz Adalto De Oliveira, cooperado da Coopfam - Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo/MG.

Selo FSC

Este selo garante que produtos como papel, madeira e castanhas tenham vindo de áreas de reflorestamento ou de mata nativa com manejo controlado. "As ONGs demoraram a perceber que a agricultura também traz impacto ao meio ambiente, mas isso já está ocorrendo. A certificação agrícola é a tendência mais forte no momento", afirmou Luiz Fernando Guedes Pinto, secretário executivo do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), ONG responsável pelas certificações FSC e Rainforest Alliance no Brasil.

Rainforest Alliance

Financiados pela ONU (Organização das Nações Unidas), os projetos agrícolas certificados pela Rainforest Alliance atestam que o produto foi cultivado respeitando as práticas sócio-ambientais, garantindo uma maior renda ao produtor, uma vez que os compradores pagam um prêmio pelo produto ambientalmente correto.

Bastante disseminadas no Brasil, as certificações de café estão em estágio avançado de expansão. O país conta com uma área de 64 mil hectares certificados, sobretudo nas regiões produtora da Mogiana Paulista, Cerrado mineiro, Sul de Minas e oeste baiano. Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Trevisan Gonçalves, responsável pela área de projetos e mercados agrícolas do Imaflora, a meta é certificar 5% da área total do Brasil com café até 2013.

"Temos 40 fazendas certificadas", afirmou Gonçalves. Segundo ele, grupos estrangeiros estão dando prioridade aos cafés com boas práticas socioambientais. "O café chega a valer até 20% a mais", afirmou. Empresas como Kraft Foods, Café Bom Dia, Mitsubishi e Tibo já compram com selo do Imaflora. A organização não-governamental não atesta, contudo, a qualidade do café. "Nosso trabalho está focado na adoção das práticas socioambientais nas fazendas."

UTZ Certified

A certificação UTZ Certified assegura a qualidade em todos os elos da cadeia produtiva. Seu código de conduta compreende requisitos de segurança alimentar, preservação ambiental, social e econômica. Na maioria dos casos, a certificação não exige grandes investimentos e ainda traz economia ao produtor, uma vez que ele é obrigado a se organizar. Com isso, ele acaba percebendo que estava gastando mais do que deveria com a aplicação de defensivos agrícolas, por exemplo.

Para obtenção do selo, as fazendas devem tomar iniciativas para se adaptarem às normas da certificação, o que envolve, entre outras necessidades, a construção de banheiros externos e cômodos para guardar os agrotóxicos separadamente, utilização correta de EPIs (equipamentos de proteção individual), cálculo das quantidades corretas de adubo e agrotóxico a serem utilizadas, etc.

Comércio ético sem fronteiras

A Ethical Trading Initiative (algo como "Iniciativa do Comércio Ético") é uma associação de empresas, organizações não-governamentais e sindicatos. Sua função é criar e implementar códigos de práticas corporativas que sirvam de parâmetro para as condições de trabalho nas empresas que constituem seus fornecedores. Não existem garantias de que todas as mercadorias de uma empresa afiliada à iniciativa sejam produzidas por trabalhadores em condições adequadas de trabalho, mas ao menos elas estão discutindo o problema e buscando melhoras para o futuro.

As informações são da Folha de São Paulo, adaptadas pela Equipe CaféPoint.