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Podridão do toco e seca de hastes no cafeeiro conilon

POR EQUIPE CAFÉPOINT

ESPAÇO ABERTO

EM 14/03/2018

5 MIN DE LEITURA

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Por Laércio Zambolim, Maurício Fernandes Faria, Anderson Bof Gatti - Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa

Seca de ramos, ‘die-back’, morte descendente e seca de ponteiros em cafeeiro é de natureza complexa, podendo estar envolvidos fatores bióticos de causa parasitária e ou abióticos de causa não parasitária. A seca de ramos de causa parasitária é causada por patógenos, que causam a queda das folhas (ferrugem, mancha de Phoma e Ascochyta, mancha de olho pardo). Os insetos pragas também causam a queda de folhas e consequentemente a seca de ramos, destacando-se o bicho mineiro e ácaros.

Dentre os fatores abióticos, destacam-se a predisposição genética do clone, supercarga de frutos nas plantas, excesso de insolação, deficiências nutricionais, estrutura deficiente do sistema radicular, déficit hídrico, altas temperaturas, chuvas constantes, camada compactada do solo e até raio. Portanto, tudo o que leva a queda de folhas prematuras dos ramos, provoca sua seca. Nas condições brasileiras, a cultivar Caturra e certas linhagens de cafeeiros resistentes a ferrugem, podem apresentar também seca de ramos.

Entretanto, o que está ocorrendo com o café conilon, em regiões do extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo, não se trata de seca de ramos, causados por fatores bióticos. Tem sido observado, há mais de dez anos, na fazenda Conjunto Bom Jardim (região de Itabela – BA), na Café Norte (região de Itamaraju – BA) e nas lavouras de toda região que, linhagens de conilon depois da primeira poda das hastes principais carregados de frutos, cerca de 4 a 5 anos após o plantio, tem apresentado podridão do toco e seca das hastes, que crescem ao redor dos tocos podados (observar imagens 1 e 2).

Nos anos seguintes, os sintomas de seca das hastes se repetem quando for feita a poda de outras hastes produtivas. Os sintomas de seca das hastes que se formam nos tocos podados ocorre cerca de seis a oito meses após a poda. Como consequência, a planta que deveria ter quatro hastes produtivas após a primeira poda, passaria a ter somente três hastes produtivas, com redução de 25% da produção.

Como as podas dos ramos produtivos continuam nos anos subsequentes, os sintomas de seca das hastes continuam causando redução da produção em 50% (duas hastes por planta), 75% (três hastes por planta) e até a morte completa da planta. Como o conilon deve ter 12 mil hastes por há, com a morte de uma haste, passaria contar com 8 mil hastes por há; se houver morte de duas hastes por planta, a população seria somente de 6 mil hastes por há. Portanto, acreditamos que esse é um problema que vem acontecendo em quase todas as lavouras do conilon, na Bahia e Espírito Santo, sem que os produtores pudessem notar a redução na produção de suas lavouras.

Estudos realizados no Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa, durante três anos, não se encontrou agentes fitopatogênicos responsáveis por tais sintomas. Tais sintomas também não coincidem com a tracheomicose ou murcha vascular (coffee wilt disease - CWD), que é causada por um fungo denominado de Gibberella xylarioides (anamórfico Fusarium xylarioides) que habita o solo. Diversas espécies de fungos tem sido obtidas dos tocos apodrecidos, mas nenhuma espécie isolada dos tecidos foi patogênica ao cafeeiro conilon. Por outro lado, foram encontrados espécies de fungos pertencentes a classe Basidiomycetos em hastes de conilon apodrecendo na superfície do solo.  Portanto, os fungos isolados até o presente, inclusive espécies de Fusarium, não foram capazes de apodrecer as hastes produtivas podadas em testes de patogenicidade.

Não se trata também de um organismo que é transmitido por ferramentas mecânicas de uma planta a outra, pois tais organismos (fungos) estão presentes no solo e em hastes de café em fase de apodrecimento. Como ocorre então a seca das hastes produtivas podadas? Logo após a poda das hastes produtivas, os tecidos do toco ficam expostos, a ação da umidade que vem do solo e da microaspersão e é então invadido por fungos oportunistas. Inicia-se assim o apodrecimento da superfície do toco, no sentido descendente, três a quatro meses após a poda.

O início do apodrecimento pode ser constatado procedendo-se um corte com uma ferramenta na casca da haste podada. O apodrecimento da haste evolui para a base do toco e atinge a região de onde parte a nova haste produtiva. O apodrecimento pode evoluir até atingir a base da haste podada e raízes. Corte no sentido horizontal dos tocos podados, pode-se notar manchas escuras causadas por fungos apodrecedores (observar imagem 3).

A nova haste produtiva inicia a seca devido ao apodrecimento do toco onde está inserida. Irrigação das plantas, seja por gotejamento ou por micro-aspersão, favorecem o aumento da umidade do solo e consequentemente a podridão do toco e das hastes novas. Deve-se evitar, portanto, o excesso de irrigação. A seca das novas hastes, dessa maneira, é o resultado do apodrecimento da haste principal que foi podada. Lavouras que não são irrigadas praticamente não apresentam seca das hastes, demonstrando, portanto, o papel da alta umidade, promovida pela irrigação das plantas aumentado a umidade do solo. Lavouras formadas em solos arenosos apresentam menor percentagem de podridão do toco e seca das hastes. Há também diferenças entre os clones de conilon. Clones 6V da variedade Vitória e o NV (designação regional do sul da Bahia) são mais tolerantes. Também notou-se que, dentro de uma mesma empresa, há áreas com alta e baixa incidência de plantas com tais sintomas.

Outro ponto que se torna extremamente importante para o surgimento da podridão do toco e seca das hastes, é o fato da nova haste ser formada muito próxima do corte da haste principal. Se as novas hastes forem formadas próximas a região de poda, a chance de surgir a seca das hastes será mais rápida. Ao passo que, se as novas hastes forem formadas cerca de 15 a 20 cm abaixo da área podada, dificilmente a podridão irá atingir a base da nova haste (observar imagem 4).

As pesquisas conduzidas na Fazenda Conjunto Bom Jardim demonstraram que a medida de controle mais eficiente, além das citadas acima, é a seguinte: efetuar a poda da haste principal em bisel e imediatamente pincelar a parte exposta com a mistura de óleo queimado mais hidróxido de cobre, na proporção de (4:1), respectivamente (imagem 4). Pode-se optar também por esguicho com a mistura do óleo mais hidróxido de cobre com atomizador costa manual na parte podada. Essa aplicação deve ser feita no momento da poda ou no mais tardar no mesmo dia. Os produtos vão prevenir a entrada de fungos apodrecedores do toco podado. Essa medida vem sendo empregada com muito sucesso nos plantios de conilon no sul da Bahia há mais de dois anos. Em conclusão, os sintomas de podridão do toco e seca das hastes não estão associados com sintomas da tracheomicose causada por Fusarium xylarioides.

Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa, 36.570-000, Viçosa, MG. Email: zambolim@ufv.br

Fazenda Conjunto Bom Jardim, Itabela, Bahia.

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