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Atraso na estação chuvosa pode reduzir a produtividade da próxima safra de café

ESPAÇO ABERTO

EM 16/09/2022

6 MIN DE LEITURA

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Por Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro* 

Nos últimos 30 dias, o tempo seco dominou o estado de Minas Gerais. As poucas chuvas isoladas que ocorreram mais na parte Sul do estado, associadas a frentes frias, não trouxeram chuva efetiva para a região cafeeira. Nas próximas duas semanas, as condições de tempo seco devem permanecer no estado, comprometendo ainda mais as atuais reservas hídricas dos solos.

O clima de primavera

No próximo dia 22 de setembro, às 22h04, o Sol estará no equinócio, que é quando nenhum dos hemisférios da Terra está inclinado em relação ao Sol. É o momento em que o Sol incide seus raios direta e uniformemente sobre a Linha do Equador, ocorrendo a partir de então o início da estação Primavera do Hemisfério Sul. As principais características dessa estação são as temperaturas mais moderadas, marcando o período de transição do inverno para o verão, nos meses de outubro, novembro e dezembro. 

No equinócio da primavera, os dias começam a durar mais e as noites ficam mais curtas, aumentando o tempo no dia para a realização de mais atividades. Principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, o aumento gradativo da luz solar, umidade e solo mais aquecido, favorecem a volta do crescimento de às plantas e árvores, aumentando o verde. Tal condição proporciona às plantas um dossel mais denso para suportar o calor durante o verão. Algumas, depois de ficarem adormecidas durante o inverno e economizar energia no subsolo, voltam a brotar na primavera, isso é mais comum para alguns tipos de frutas e legumes. As flores, que também economizaram energia no inverno, florescem colorindo a primavera, sinalizando para as abelhas que elas estão prontas para a polinização.

O fenômeno ENOS

As principais variáveis oceânicas e atmosféricas, consistentes com as condições de La Niña, se fortaleceram um pouco nas últimas semanas. Na seção espaço temporal (meses-longitude) da camada dos primeiros 300 metros de profundidade do oceano na região da linha do equador (Figura 1) é possível observar o desvio negativo da temperatura das águas a partir de julho, entre as latitudes de 160W até 80 W. Tal condição prevalecente assegura a permanência desse fenômeno climático ao longo de todo a primavera e do próximo verão, que terá início no dia 21 de dezembro de 2022 às 18h48m, podendo o La Niña seguir até fevereiro de 2023, quando a maior parte dos modelos climáticos apontam a probabilidade de uma condição ENOS-neutra.


 

Figura 1 - Variação, longitudinal e temporal, das anomalias (em relação as temperaturas médias calculadas no período de 1991 a 2020) que ocorrem nas temperaturas dos primeiros 300 metros de profundidade dos oceanos ao longo do equador. Realizada em 10 de setembro de 2022 - Fonte: Centro de Previsão Climática do NOAA https://www.cpc.ncep.noaa.gov

As chuvas nos próximos meses

Em outubro, é esperado que as chuvas ocorram, principalmente, numa faixa que tem início na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e passa por Unai, Paracatu, Pirapora até Curvelo (MG). Nas demais regiões de Minas Gerais, podem ocorrer eventos de chuvas isoladas. Em novembro, deve chover em todo o estado, porém, nos municípios de Teófilo Otoni e Araçuaí, a probabilidade de chuvas ainda será muito pequena. 

O mês deve ser chuvoso no Rio de Janeiro, Espírito Santo e nas partes Sul e Centro Sul da Bahia, em todo o Rio Grande do Sul as chuvas devem ocorrer bem abaixo da média. Em dezembro, apesar do aumento no volume, padrão típico do mês, essas chuvas poderão se concentrar mais na mesorregião de Manhuaçú, Norte de Minas, nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, sendo que nas demais regiões o volume poderá ser bem abaixo da média do período, principalmente no Triângulo Mineiro e na Zona da Mata Mineira. 

O estado de Goiás, o Distrito Federal, a parte Oriental do Tocantins, o Sul maranhense e a porção Sudoeste do Piauí, poderão experimentar um mês mais seco, com chuvas abaixo da média.

Umidade no solo em Minas Gerais

Em Minas Gerais, as atuais condições de umidade do solo se encontram ainda adequadas somente na parte central da mesorregião de Paracatu, nos municípios de João Pinheiro, Presidente Olegário e Lagoa Grande; assim como na mesorregião de Pouso Alegre, nos municípios de Itapeva, Munhoz, Senador Amaral, Cambuí e Córrego Bom Jesus. Nas mesorregiões do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, Metropolitana de Belo Horizonte e Central Mineira, a umidade do solo é considerada insuficiente, sendo que nas demais regiões do estado a umidade já se encontra bastante limitada para grande parte dos cultivo.

As temperaturas no próximo trimestre

Em outubro é esperado que a temperatura ocorra dentro da média para todo o estado de Minas Gerais. Em novembro, as temperaturas poderão ocorrer pouco abaixo da média na parte Sul das mesorregiões de Paracatu, no Noroeste de Minas; de Pirapora, Bocaiuva e Grão Mogol, no Norte do estado; de Diamantina e Capelinha, no Vale do Jequitinhonha; de Patos e Patrocínio, no Triângulo Mineiro; de Pouso Alegre e Poços de Caldas, no Sul de Minas; nas mesorregiões da Zona da Mata, Metropolitana de Belo Horizonte, Central Mineira e Vale do Rio Doce. Nas demais meso e microrregiões do estado, a temperatura poderá ficar dentro da média do mês. 

Em dezembro é esperado que as temperaturas ocorram dentro da média para quase todo o Brasil, sendo que no Amapá e no Mato Grosso do Sul; nas mesorregiões de Assis e Presidente Prudente, em São Paulo; no Oeste, Noroeste, Norte e Norte Pioneiro do Paraná e na mesorregião Sudoeste do Rio Grande do Sul, a expectativa é que as temperaturas ocorram pouco acima da média do mês.

Café

É no início da primavera que normalmente ocorrem as primeiras precipitações, anunciando a chegada da estação chuvosa e, comumente, ocorrem as primeiras floradas nas lavouras da maioria das regiões produtoras de café em Minas Gerais. A possibilidade do baixo volume de chuvas no início da primavera, associada ao atraso do início da estação chuvosa, pode provocar perda no vingamento da primeira florada, bem como a mortalidade nas raízes das plantas mais novas, comprometendo, assim, a produtividade da próxima safra.

Além da regularidade das chuvas, é também necessário o correto controle fitossanitário e o manejo nutricional de modo a assegurar o bom desenvolvimento vegetativo das lavouras, afinal plantas sadias, bem hidratadas e com bom enfolhamento garantem o pegamento das floradas e, consequentemente, dos chumbinhos.

Considerando o presente prognóstico climático para a primavera, os cafeicultores que dispõem de sistema de irrigação devem se preparar para a necessidade do uso dessa técnica que além de contribuir para o pegamento das floradas e dos chumbinhos, também favorece o enchimento dos frutos, assegurando a boa produtividade e a qualidade da próxima safra.

Outro aspecto a ser observado é a boa conservação dos solos, tal fato contribui para o maior percentual de matéria orgânica, o qual associado às boas condições nutricionais das plantas e ao correto manejo das plantas espontâneas, contribui para o melhor enfrentamento dos períodos mais secos, nos quais é muito comum as plantas passarem por déficit hídrico.

Prognóstico

As análises e os prognósticos climáticos aqui apresentados foram elaborados com base nas estatísticas e nos históricos da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Considerou-se, também, as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; pelo Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; pelo Met Office Hadley Centre; pelo Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (Divmet) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET. (5º Disme) / CPTEC-Inpe.

O prognóstico climático faz referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas. Desta forma, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano ou prejuízo que o leitor possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas no texto. Portanto, é de total responsabilidade do leitor o uso das informações aqui disponibilizadas.

*Williams Ferreira é pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais e cafeicultura. - williams.ferreira@embrapa.br .

*Marcelo Ribeiro é pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. mribeiro@epamig.br.

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